Josué, o Líder e Estrategista que assumiu o entrar e o apossar-se (Parte III)

Capítulo 2

Uma das ameaças à pureza da nossa fé no evangelho é exatamente perdermos a confiança em seu
poder para mudar as pessoas. Se perdermos essa convicção de que o evangelho pode transformar até mesmo aqueles que nos parecem casos perdidos, então, nós mesmos estaremos a caminho da corrupção e do desvirtuamento da boa-nova de Cristo Jesus.

Ao longo da história da igreja, houve muitas ocasiões em que o povo de Deus parecia estar à beira da morte, em que a igreja parecia encurralada, sem que se enxergasse uma saída para ela. Recentemente, houve o racionalismo (Nietzsche), o gnosticismo, o paganismo na Idade Média, a secularização atual e enquanto o cristianismo diminui de força no hemisfério setentrional, no austral ele aumenta de poder.

Por isso é bom recordar casos como o registrado no capítulo 2 de Josué, em que Deus, em uma situação impossível, foi alcançar uma prostituta pagã no meio da terra de Canaã, dando a ela sua graça e misericórdia, mostrando-nos assim que não há limites para o seu poder e que ele nos surpreende sempre.

Exemplos como o de Raabe nos ajudam a manter essa esperança. Sua história nos ensina que não há limites ao poder de Deus para alcançar e transformar mesmo as pessoas que parecem não ter esperança nenhuma.

Após o capítulo 1 tratar de princípios práticos para enfrentar os problemas da vida, com base na passagem acerca da preparação do povo de Israel para atravessar o Jordão, agora importa falar a respeito da misericórdia de Deus ao alcançar pessoas improváveis. Não há limite para o amor, a graça e a misericórdia de Deus em salvar pecadores.

Josué 2 NVI
Raabe e os Espiões
1 - Então Josué, filho de Num, enviou secretamente de Sitim dois espiões e lhes disse: “Vão examinar a terra, especialmente Jericó”. Eles foram e entraram na casa de uma prostituta chamada Raabe, e ali passaram a noite.
2 - Todavia, o rei de Jericó foi avisado: “Alguns israelitas vieram aqui esta noite para espionar a terra”.
3 - Diante disso, o rei de Jericó enviou esta mensagem a Raabe: “Mande embora os homens que entraram em sua casa, pois vieram espionar a terra toda”.
4 - Mas a mulher que tinha escondido os dois homens respondeu: “É verdade que os homens vieram a mim, mas eu não sabia de onde tinham vindo.
5 - Ao anoitecer, na hora de fechar a porta da cidade, eles partiram. Não sei por onde foram. Corram atrás deles. Talvez os alcancem”.
6 - Ela, porém, os tinha levado para o terraço e os tinha escondido sob os talos de linho que havia arrumado lá.
7 - Os perseguidores partiram atrás deles pelo caminho que vai para o lugar de passagem do Jordão. E, logo que saíram, a porta foi trancada.

Sitim ficava de frente para Jericó, do outro lado do rio Jordão. Josué queria que aqueles dois homens descobrissem os pontos fracos de Jericó, pois esta era a primeira cidade na entrada da terra e o primeiro grande desafio de Josué como general (e do povo como exército).

Jericó era uma das cidades mais antigas daquela região e a mais bem protegida, com um muro muito alto e tão largo que era possível transitar sobre ele com cavalos e carruagens e construir casas. Tratava-se de uma cidade fortificada, como se fosse um pequeno reino. O prefeito da cidade era chamado de rei, pois assim funcionavam as cidades na terra de Canaã naquela época: cada cidade era estruturada como um reino, com rei, corte e exército, e, em geral, essas cidades eram fortificadas, para evitar que fossem tomadas pelos inimigos.

Esse foi, portanto, o primeiro desafio a ser enfrentado pelo povo de Israel: Jericó, a cidade mais fortificada da região, situada bem na entrada da Terra Prometida.

Depois que receberam a ordem de Josué, os dois espias, cujos nomes não sabemos, foram até Jericó. O versículo 2 diz que eles foram parar exatamente na casa de uma prostituta. O fato de o texto informar que pousaram ali sugere que aquela não era somente a casa dela, mas tratava-se de um bordel, um local em que a prostituição podia ser exercida e que oferecia a possibilidade de pouso para o visitante.

Os dois homens israelitas, no entanto, foram até lá não atrás de sexo, mas de informação. O local era estratégico para a espionagem, porque muitos viajantes que passavam por aquela região pousavam na casa de Raabe e, além da prostituição, havia ali muita conversa sobre diversos assuntos entre soldados, viajantes, comerciantes e informantes. Aquele era, portanto, um centro ideal para obter informações.

A prostituição era muito comum naquela terra habitada por pagãos, mas era proibida em Israel, onde se punia a prática com apedrejamento. Tratavase de uma profissão já muito antiga e bem remunerada. Raabe tinha sua própria casa e, ao que parece, como veremos, ela sustentava toda a família, atuando como uma espécie de cafetina, por assim dizer, com outras mulheres a seu serviço.

Essa talvez tenha sido a primeira vez que aqueles espias se viram em frente a uma prostituta. Eles entraram na casa de Raabe e dormiram ali. No entanto, a notícia de que dois israelitas haviam chegado a Jericó começou a correr e a informação chegou ao rei (v. 2,3). Ele desconfiou de que se tratava de espiões e ordenou a Raabe que os entregasse. Àquela altura, era evidente que todas as autoridades de Jericó já tinham a informação de que um exército gigantesco estava do outro lado do Jordão. A cidade inteira já estava preocupada com a presença de Israel do outro lado do rio.

SURPREENDENTEMENTE, COMO HÁ NOS VV. 4-7, RAABE PROTEGE OS ESPIAS. COM UMA MENTIRA.

Na casa de Raabe, como era de costume na época, usava-se o terraço parasecar o trigo e outros cereais. Essa parte da casa se chamava eirado e era uma espécie de andar superior descoberto, onde se colocavam esses grãos até que ficassem secos, para depois serem consumidos como alimentos.

Raabe, sabendo que o rei viria atrás dos dois espias, resolveu salvá-los e os escondeu no terraço, entre os talos de linho que ali haviam sido colocados. Quando os soldados chegaram, ela os mandou para o caminho errado, dizendo que os espias haviam passado por lá, mas já haviam ido embora pelo vau do Jordão (um ponto do rio onde era possível atravessá-lo). Quando os soldados então saíram em perseguição aos espias, fecharam-se as portas da cidade, que estava agora em estado de alerta.

A essa altura, com acerto, alguém poderia questionar a mentira de Raabe. O fato é que uma mentira é sempre uma mentira, e você pode notar que o autor do livro de Josué não faz nenhum julgamento da atitude da mulher. Contudo, ainda que não haja um juízo de valor sobre a mentira dela, o que temos de lembrar é que se tratava de uma cananeia. Ela não seguia um padrão moral como o que havia na nação de Israel, que guardava um mandamento ordenando que não se desse falso testemunho.

Raabe não tinha ainda o pleno conhecimento de Deus, embora àquela altura já tivesse fé nele. Era uma nova convertida que ainda não conhecia os padrões de Deus em relação à verdade e à mentira. Como dissemos, a mentira é sempre mentira e não deveria ser justificada em nenhuma circunstância. Você pode encontrar pessoas que, em determinada situação, optam pelo “mal menor”. No caso de Raabe, o mal menor era proteger os espias com uma mentira, mas isso não deixou de ser um mal. Foi errado? Foi.

O que pode atenuar a atitude de Raabe é somente o fato de que ela não vivia segundo o padrão moral que caracterizava o povo de Deus, a nação de Israel, recebedora da revelação divina. Raabe agiu dentro daquilo que sabia e podia, pelo motivo certo.

NA VIDA, TUDO SE ENCAIXA EM UMA DESSAS QUATRO CATEGORIAS, POR ASSIM DIZER: FAZER A COISA ERRADA PELO MOTIVO ERRADO; FAZER A COISA CERTA PELO MOTIVO CERTO; A COISA ERRADA PELO MOTIVO CERTO; E A COISA CERTA PELO MOTIVO ERRADO.

A ATITUDE DE RAABE, NO CASO, PODERIA SER CLASSIFICADA COMO FAZER A COISA ERRADA PELO MOTIVO CERTO. O MOTIVO CERTO ERA SALVAR AQUELES HOMENS, SÓ QUE O MÉTODO UTILIZADO, A MENTIRA, FOI O ERRADO. SEMPRE DEVEMOS PROCURAR FAZER A COISA CERTA PELO MOTIVO CERTO, MAS, COMO VEREMOS MAIS ADIANTE, DEUS FOI MISERICORDIOSO COM ESSA CANANEIA.

Raabe pode ser considerada, então, o ícone da depravação dos sete povos que moravam naquela terra. Entretanto, ela foi a única em Jericó que chegou ao conhecimento da verdade e foi salva. Deus escolheu para a salvação alguém que simbolizava tudo aquilo que Israel deveria destruir. A soberania de Deus se revela na salvação de Raabe.


Os Dois Espias e Raabe (Parte I)

Josué 2 NVI
8 - Antes de os espiões se deitarem, Raabe subiu ao terraço
9 - e lhes disse: “Sei que o Senhor deu a vocês esta terra. Vocês nos causaram um medo terrível, e todos os habitantes desta terra estão apavorados por causa de vocês.
10 - Pois temos ouvido como o Senhor secou as águas do mar Vermelho perante vocês quando saíram do Egito, e o que vocês fizeram a leste do Jordão com Seom e Ogue, os dois reis amorreus que vocês aniquilaram.
11 - Quando soubemos disso, o povo desanimou-se completamente, e por causa de vocês todos perderam a coragem, pois O SENHOR, O SEU DEUS, É DEUS EM CIMA NOS CÉUS E EMBAIXO NA TERRA.
12 - JUREM-ME PELO SENHOR que, assim como eu fui bondosa com vocês, vocês também serão bondosos com a minha família. Deem-me um sinal seguro
13 - DE QUE POUPARÃO A VIDA DE MEU PAI E DE MINHA MÃE, DE MEUS IRMÃOS E DE MINHAS IRMÃS, E DE TUDO O QUE LHES PERTENCE. LIVREM-NOS DA MORTE”.
14 - “A nossa vida pela de vocês!”, os homens lhe garantiram. “Se você não contar o que estamos fazendo, nós a trataremos com bondade e fidelidade quando o Senhor nos der a terra.”
15 - Então Raabe os ajudou a descer pela janela com uma corda, pois a casa em que morava fazia parte do muro da cidade,
16 - e lhes disse: “Vão para aquela montanha, para que os perseguidores não os encontrem. Escondam-se lá por três dias, até que eles voltem; depois poderão seguir o seu caminho”.
17 - Os homens lhe disseram: “Estaremos livres do juramento que você nos levou a fazer
18 - se, quando entrarmos na terra, você não tiver amarrado este cordão vermelho na janela pela qual nos ajudou a descer e se não tiver trazido para a sua casa o seu pai e a sua mãe, os seus irmãos e toda a sua família.
19 - Qualquer pessoa que sair da casa será responsável por sua própria morte; nós seremos inocentes. Mas seremos responsáveis pela morte de quem estiver na casa com você, caso alguém toque nessa pessoa.
20 - E, se você contar o que estamos fazendo, estaremos livres do juramento que você nos levou a fazer”.
21 - “Seja como vocês disseram”, respondeu Raabe. Assim ela os despediu, e eles partiram. Depois ela amarrou o cordão vermelho na janela.

A PROVIDÊNCIA DE DEUS DIRIGINDO OS ESPIAS PARA A CASA DE RAABE.

Não sabemos como eles passaram o Jordão, mas eles entraram em Jericó, que ficava cerca de 12 quilômetros do rio. Lá, enquanto procuravam um lugar adequado para ficar, foram dirigidos para a casa de Raabe, aqui chamada de prostituta, uma mulher que era conhecida pela má fama. O opróbrio estava ligado ao seu nome, embora ela tivesse se arrependido e tivesse sido restaurada. Simão, o leproso (Mt 26.6), embora limpo de sua lepra, levou o opróbrio dessa doença em seu nome até o fim da vida. O mesmo ocorreu com Raabe, a prostituta. E ela é chamada dessa forma no Novo Testamento, onde tanto a sua fé quanto as suas boas obras foram elogiadas, para nos ensinar:

1. Que A FORÇA DO PECADO NÃO É BARREIRA PARA A MISERICÓRDIA INDULGENTE, SE HOUVER UM ARREPENDIMENTO SINCERO NO TEMPO OPORTUNO. Lemos que publicanos e prostitutas entram no Reino do Messias e são bem-vindos para receber todos os privilégios desse Reino (Mt 21.31).

2. Que há muitas pessoas que antes da sua conversão eram muito perversas e abomináveis, e, contudo, depois são notáveis na fé e na santidade.

3. Mesmo aqueles que, por meio da graça, se arrependeram dos pecados da sua mocidade devem esperar levar o opróbrio desses pecados, e quando ouvirem falar das suas antigas faltas deverão renovar seu arrependimento, e, como evidência disso, deverão suportá-lo com paciência. O Deus de Israel, pelo que sabemos, tinha apenas uma aliada em toda a cidade de Jericó, e essa era a prostituta Raabe. Deus com freqüência cumpriu os seus propósitos e os interesses da sua igreja por meio de homens de moral questionável. Se esses observadores tivessem ido a qualquer outra casa, certamente teriam sido traídos e mortos sem misericórdia. Mas Deus sabia onde teriam uma aliada que seria leal a eles, embora eles não soubessem disso, e os levou para lá. Assim, aquilo que pode nos parecer contingente e acidental é, com freqüência, anulado pela providência divina para servir aos seus grandes objetivos. E aqueles que reconhecem fielmente a Deus em seus caminhos serão guiados com o seu olhar. Veja Jerem ias 36.19,26.

A PIEDADE DE RAABE EM RECEBER E PROTEGER ESSES ISRAELITAS.

Aqueles que possuem casas públicas entretém todas as pessoas que chegam, e se sentem obrigados a ser corteses com os hóspedes. Mas Raabe mostrou a seus hóspedes mais do que uma cortesia comum e cumpriu um princípio incomum naquilo que fez. Foi pela fé que ela recebeu com paz aqueles contra quem seu rei e país tinham declarado guerra (Hb 11.31).

1. Ela lhes deu as boas-vindas em sua casa. Eles se alojaram lá, embora pareça, pelo que disse a eles, que ela sabia de onde vinham e qual era o motivo da sua vinda (v. 9).

2. Percebendo que eles tinham sido vistos quando entravam na cidade, e que houve tumulto por causa disso, ela os escondeu no telhado da sua casa, que era plano e coberto com canas de linho (v. 6), de tal forma que, se os oficiais viessem procurar ali por eles, não os encontrariam. Essas canas de linho, que ela mesma tinha colocado em ordem sobre o telhado para secarem ao sol, para que pudessem ser batidas e preparadas para a roda, mostram que ela evidentemente tinha uma das características da mulher virtuosa, embora possa ter sido deficiente em outras. Ela buscava lã e linho e trabalhava com as suas mãos (Pv 31.13). Desse exemplo do seu esforço honesto, esperaríamos que, independentemente do que tenha sido antes, ela não fosse prostituta agora.

3. Quando ela foi interrogada em relação a esses observadores israelitas, negou que estivessem na sua casa, mandou embora os oficiais que tinham uma autorização para procurá-los com um pretexto, e protegeu a vida deles. Não é de admirar que o rei de Jericó enviasse oficiais para procurá-los (vv. 2,3). Ele tinha razão para temer quando o inimigo estava diante da sua porta, e seu medo o tornou desconfiado de todos os estrangeiros. Ele tinha razão para exigir que Raabe tirasse fora os homens para que fossem tratados como espiões. Mas Raabe não só negou que os conhecesse, ou soubesse onde estavam, mas também cuidou para que deixassem de procurá-los no interior da cidade. Ela disse aos perseguidores que os espiões já haviam saído e provavelmente poderiam ser alcançados (vv. 4,5).

Mas o que É MUITO IMPORTANTE NESTE TRECHO É QUE ELA TRANSMITE A ELES, E POR MEIO DELES A JOSUÉ E A ISRAEL, TODO ENCORAJAMENTO NECESSÁRIO PARA CUMPRIR A INVASÃO PLANEJADA DE CANAÃ. Era para isso que eles tinham chegado. Ela os encontra talvez um pouco angustiados e amedrontados com o perigo que pressentiam com a presença dos oficiais cananeus, mas pode contar a eles aquilo que lhes trará grande satisfação.

1. ELA OS FAZ SABER QUE O RELATO DAS GRANDES COISAS QUE DEUS TINHA FEITO POR ELES TINHA CHEGADO AOS OUVIDOS DO POVO DE JERICÓ (V. 10). ELES TINHAM OUVIDO FALAR DAS ÚLTIMAS VITÓRIAS SOBRE OS AMORREUS, NO PAÍS VIZINHO, DO OUTRO LADO DO RIO. ELES TAMBÉM TINHAM OUVIDO ACERCA DO LIVRAMENTO MILAGROSO DO EGITO E DA PASSAGEM PELO M AR VERMELHO HAVIA 40 ANOS. ESSAS COISAS ESTAVAM SENDO RELEMBRADAS EM JERICÓ PARA O ASSOMBRO DE TODO O MUNDO. ASSIM, ESSE JOSUÉ E SEUS COMPANHEIROS ERAM HOMENS PORTENTOSOS (ZC 3.8). DEUS FEZ LEMBRADAS AS SUAS MARAVILHAS (SI 111.4), E SE FALARÁ DA FORÇA DOS SEUS FEITOS TERRÍVEIS (SI 145.6).

2. Ela lhes conta COMO ESSAS INFORMAÇÕES TINHAM ABALADO OS CANANEUS: o pavor de vós caiu sobre nós (v. 9); desmaiou o nosso coração (v. 11). SE ELA ERA DONA DE UMA CASA PÚBLICA, ISSO LHE DARIA A OPORTUNIDADE DE ENTENDER O SENTIDO DE VÁRIOS HÓSPEDES E VIAJANTES DE OUTRAS PARTES DO PAÍS. POR ISSO, ESSA FOI A MELHOR MANEIRA DE OS ESPIAS OBTEREM ESSA INFORMAÇÃO, QUE SERIA DE GRANDE UTILIDADE PARA JOSUÉ E ISRAEL. MESMO O ISRAELITA MAIS COVARDE SE ENCHERIA DE CORAGEM AO OUVIR COMO SEUS INIMIGOS ESTAVAM ABATIDOS, E ERA FÁCIL CONCLUIR QUE OS QUE AGORA DESFALECIAM DIANTE DELES INFALIVELMENTE CAIRIAM DIANTE DELES, ESPECIALMENTE PORQUE ERA O CUMPRIMENTO DE UMA PROMESSA QUE DEUS TINHA FEITO A ELES: o Senhor, vosso Deus, porá sobre toda a terra que pisardes o vosso terror e o vosso temor (Dt 11.25). Dessa forma, ISSO SERIA UMA GARANTIA DO CUMPRIMENTO DE TODAS AS OUTRAS PROMESSAS QUE DEUS TINHA FEITO A ELES.

QUE O HOMEM VALENTE NÃO SE GLORIE NA SUA CORAGEM, NEM O HOMEM FORTE NA SUA FORÇA. PORQUE DEUS PODE ENFRAQUECER TANTO A MENTE QUANTO O CORPO. QUE O ISRAEL DE DEUS NÃO TENHA MEDO DOS SEUS INIMIGOS MAIS PODEROSOS, PORQUE ESSE DEUS PODE, QUANDO LHE APRAZ, FAZER COM QUE TENHAM MEDO DELES. QUE NINGUÉM PENSE EM ENDURECER SEU CORAÇÃO CONTRA DEUS E PROSPERAR. PORQUE AQUELE QUE FEZ A ALMA DO HOMEM PODE, A QUALQUER MOMENTO, INCUTIR PAVOR NELA.

3. ELA, DEPOIS DISSO, FAZ UMA CONFISSÃO DA SUA FÉ EM DEUS E NA SUA PROMESSA; E TALVEZ NEM AINDA EM ISRAEL TENHO ACHADO TANTA FÉ (consideradas todas as coisas; Lc 7.9) quanto nessa mulher de Canaã. (1) Ela crê no poder e domínio de Deus sobre todo o mundo (v. 11): “JEOVÁ, VOSSO DEUS, A QUEM ADORAIS E CLAMAIS, É TÃO SUPERIOR AOS NOSSOS DEUSES, QUE ELE É O ÚNICO E VERDADEIRO DEUS; PORQUE O SENHOR, VOSSO DEUS, É DEUS EM CIMA NOS CÉUS E EMBAIXO NA TERRA, E É SERVIDO PELAS HOSTES DE AMBOS”. Existe uma vasta distância entre o céu e a terra, e mesmo assim ambos estão igualmente debaixo da inspeção e governo do grande Jeová. O céu não está acima do seu poder, nem a terra abaixo da sua alçada. (2) ELA CRÊ NA PROMESSA DE DEUS PARA O SEU POVO ISRAEL (V. 9): BEM SEI QUE, O SENHOR VOS DEU ESTA TERRA. O rei de Jericó tinha ouvido tanto quanto ela a respeito das grandes coisas que Deus tinha feito por Israel, no entanto ele não pode deduzir disso que o Senhor tem lhes dado essa terra, e resolve resisti-los até o fim. MESMO OS MEIOS MAIS PODEROSOS DE PERSUASÃO NÃO OBTERÃO O SEU FIM SEM A GRAÇA DIVINA, E POR ESSA GRAÇA RAABE, A PROSTITUTA, QUE APENAS TINHA OUVIDO FALAR ACERCA DOS MILAGRES QUE DEUS TINHA REALIZADO, FALA COM MAIS SEGURANÇA A RESPEITO DA VERDADE DA PROMESSA FEITA AOS PAIS DO QUE TODOS OS ANCIÃOS DE ISRAEL QUE TINHAM SIDO TESTEMUNHAS OCULARES DESSES MILAGRES, MUITOS DOS QUAIS PERECERAM POR CAUSA DA FALTA DE FÉ NESSA PROMESSA. BEM-AVENTURADOS OS QUE NÃO VIRAM E CRERAM, COMO FEZ RAABE. Ó mulher, grande é a tua fé.

A QUESTÃO INTRIGANTE NESSA HISTÓRIA É: “COMO DEUS IRIA SALVAR UMA ELEITA PERDIDA LÁ NO MEIO DE CANAÃ?”. DEUS ESCOLHEU RAABE DESDE ANTES DA FUNDAÇÃO DO MUNDO, MAS TAMBÉM DISSE QUE, PARA SER SALVA, UMA PESSOA DEVE CRER, E CRER NA VERDADE; CONTUDO, PARA QUE CREIA NA VERDADE, ALGUÉM TEM DE IR ATÉ ELA PARA PROCLAMÁ-LA. NINGUÉM PODE SER SALVO SEM CONHECER A VERDADE. A RESPOSTA À QUESTÃO ANTERIOR TEM A VER JUSTAMENTE COM A PROFISSÃO QUE RAABE ESCOLHEU.


ELA FEZ COM QUE ELES EMPENHASSEM A SUA PALAVRA quanto à proteção dela e dos seus parentes, para que não perecessem na destruição de Jericó (vv. 12, 13)

1. ISSO ERA UMA EVIDÊNCIA DA SINCERIDADE E FORÇA DA SUA FÉ quanto à revolução que estava se aproximando em seu país. Por esse motivo, ela estava tão apreensiva e interessada em conseguir a ajuda dos israelitas. Ela antevia a conquista de seu país, e na convicção disso tratou em tempo de conseguir o favor dos conquistadores. Desse modo, Noé temeu, e, para salvação da sua família, preparou a arca, pela qual condenou o mundo (Hb 11.7). Aqueles que verdadeiramente creem na revelação divina quanto à destruição dos pecadores e à concessão da terra celestial ao Israel de Deus, buscarão com zelo fugir da ira vindoura, e se agarrar à vida eterna, ao unir-se a Deus e seu povo.

2. A PROVISÃO QUE ELA FEZ PARA A SEGURANÇA DA SUA PARENTELA, BEM COMO PARA A SUA PRÓPRIA, É UM EXEMPLO LOUVÁVEL DO AMOR NATURAL, E UMA SUGESTÃO PARA QUE FAÇAMOS TODO O POSSÍVEL PARA ALCANÇAR A SALVAÇÃO DAS PESSOAS QUE SÃO PRECIOSAS PARA NÓS. Também devemos fazer todo o possível para trazê-las ao vínculo do concerto. Nada nos é informado a respeito de seu marido e filhos, mas somente de seus pais, irmãos e irmãs, por quem, embora ela própria fosse dona do lar, tinha uma preocupação devida.

3. SEU PEDIDO PARA QUE ELES JURASSEM POR JEOVÁ É UM EXEMPLO DA SUA FAMILIARIDADE COM O ÚNICO E VERDADEIRO DEUS, E DA SUA FÉ NELE E DEVOÇÃO A ELE, um ato que significa religiosamente jurar por seu nome.

4. Seu pedido é muito justo e razoável. Uma vez que ela os tinha protegido, eles também deveriam protegê-la. E uma vez que a bondade dela se estendia ao povo deles, em nome de quem eles agora estavam negociando, a bondade deles para com ela deveria incluir todos os da sua casa. Era o mínimo que eles poderiam fazer por alguém que salvou as suas vidas com o risco da sua própria. Note: Aqueles que mostram misericórdia podem esperar encontrar misericórdia. Observe: Ela não exige nenhum tipo de recompensa pela sua bondade, embora eles dependam tanto da misericórdia dela, mas pede que a sua vida seja poupada, o que, em uma destruição geral, seria um favor excepcional. Da mesma maneira, Deus prometeu a Ebede-Meleque, como recompensa pela sua bondade a Jeremias, que nos piores momentos ele deveria ter a sua alma por despojo (Jr 39.18). Contudo, essa Raabe mais tarde se tornou uma princesa em Israel, a esposa de Salomão, e um dos antepassados de Cristo (Mt 1.5). AQUELES QUE SERVEM FIELMENTE A CRISTO E SOFREM POR ELE, NÃO SOMENTE SERÃO PROTEGIDOS, MAS PROMOVIDOS, E ELE FARÁ POR ELES MUITO MAIS ABUNDANTEMENTE ALÉM DAQUILO QUE PEDEM OU PENSAM (Ef 3.20).

Eles solenemente empenharam sua palavra pela preservação dela na destruição futura (v. 14): “A nossa vida responderá pela vossa. Tomaremos cuidado tanto das vossas vidas quanto das nossas próprias, e tão prontamente feriríamos a nós mesmos quanto a qualquer de vós”. Não somente isso, mas eles estão imprecando o julgamento de Deus sobre si mesmos se violarem sua promessa a ela. Ela arriscou sua vida por eles, e agora eles em retribuição arriscam suas vidas pela vida dela. E (como pessoas públicas) eles empenham a fé pública e o crédito da sua nação, porque claramente se interessam por todo o Israel no compromisso dessas palavras: dando-nos o Senhor esta terra.

Sem dúvida, eles se sentiam suficientemente autorizados para tratar com Raabe acerca desse assunto, e estavam seguros de que Josué apoiaria o que estavam fazendo. A lei que dizia que eles não deveriam fazer aliança com os cananeus (Dt 7.2) não os proibia de proteger uma pessoa em particular, que tinha lhes feito verdadeiras benevolências. A LEI DE GRATIDÃO É UMA DAS LEIS DA NATUREZA.

Agora observe aqui: 1. AS PROMESSAS FEITAS A ELA. EM GERAL: “USAREMOS CONTIGO DE BENEFICÊNCIA E DE FIDELIDADE (V. 14). NÃO SEREMOS SOMENTE AMÁVEIS EM PROMETER AGORA, MAS LEAIS EM REALIZAR O QUE PROMETEMOS. NÃO SEREMOS APENAS LEAIS EM REALIZAR AQUILO QUE PROMETEMOS, MAS BONDOSOS EM EXCEDER AS EXIGÊNCIAS E EXPECTATIVAS”. A BONDADE DE DEUS É COM FREQÜÊNCIA EXPRESSA POR MEIO DA SUA BENIGNIDADE E VERDADE (SI 117.2), E NISSO PRECISAMOS SER SEUS SEGUIDORES. 2. As condições e limitações das suas promessas. Embora estivessem com pressa, e talvez um pouco confusos, eles procuraram ser muito cautelosos em estabelecer esse acordo e os termos dele, para não se comprometerem além do que era justo. Observe: ALIANÇAS DEVEM SER FEITAS COM CUIDADO, E DEVEMOS JURAR EM JULGAMENTO, PARA NÃO FICARMOS CONFUSOS E ENREDADOS QUANDO FOR TARDE DEMAIS PARA, DEPOIS DE FEITOS OS VOTOS, ENTÃO, INQUIRIR (Pv 20.25). Aqueles que serão cuidadosos em cumprir suas promessas serão cuidadosos em formulá-las, e talvez incluam condições que outros podem achar desnecessárias. A promessa deles está aqui acompanhada de três condições, e estas eram necessárias (a - Ela am arre um cordão de fio de escarlata na janela de sua casa por onde deverão descer (v. 18). Essa deveria ser uma marca na casa, a qual os espias passariam para o acampamento de Israel, para que nenhum soldado, independentemente do seu zelo e impetuosidade no seu dever militar, agisse com violência com as pessoas dessa casa. b - Que ela tenha todos aqueles que quer ver seguros e salvos dentro da casa dela e os mantenha ali, e que, durante a tomada da cidade, nenhum deles ouse sair da casa (vv. 18,19). Essa era uma condição necessária, porque a família de Raabe não poderia ser distinguida se não estivesse na sua casa. c - Que ela guarde segredo (w. 14,20): se tu denunciares esse nosso negócio, isto é: “Se tu nos traíres depois de partirmos, ou se tornares esse acordo público, fazendo com que outros atem cordões de fios de escarlata nas suas janelas, e assim nos confundam, então estaremos livres do nosso juramento”). AQUELES QUE NÃO SABEM GUARDAR O SEGREDO DO SENHOR SÃO CONSIDERADOS INDIGNOS.

Ela os orienta a não seguir pela estrada principal, e a esconder-se nas montanhas até que os perseguidores tenham voltado, caso contrário não poderão voltar com segurança até o acampamento. DEUS NOS GUARDARÁ, MAS CABE A NÓS NÃO NOS EXPORMOS PROPOSITADAMENTE. DEVEMOS CONFIAR NA PROVIDÊNCIA, MAS NÃO DEVEMOS COLOCÁ-LA À PROVA. CALVINO ACREDITA QUE A INSTRUÇÃO QUE OS ESPIAS DERAM A RAABE PARA MANTER SEGREDO VISAVA À SEGURANÇA DELA, PARA QUE NÃO SE VANGLORIASSE DA SUA SEGURANÇA EM RELAÇÃO À ESPADA DE ISRAEL. Ela poderia, antes de eles virem para protegê-la, cair nas mãos do rei de Jerieó e seria morta por traição; assim, eles a advertem com prudência para a sua segurança, da mesma maneira que ela os havia advertido para a deles. E esse é UM BOM CONSELHO, PELO QUAL DEVERÍAMOS SER GRATOS EM QUALQUER TEMPO, OU SEJA, TOMAR CUIDADO POR NÓS MESMOS.

O PODER DE DEUS NA TRANSFORMAÇÃO DE PESSOAS


Raabe recebeu de Deus a capacidade de crer. Ela era uma idólatra e provavelmente adorava deuses cananeus, como Baal, Aserá, Astarote, Moloque e Renfã. Agora, no entanto, FOI CAPACITADA A ACREDITAR, E NÃO SÓ ISSO, POIS ELA TAMBÉM TEMEU O JUÍZO DE DEUS QUE HAVERIA DE VIR SOBRE AQUELA TERRA. RAABE DESEJOU FAZER PARTE DO POVO DE DEUS E ESTAR COM ELE.

NÃO HESITOU EM ARRISCAR A VIDA POR ESSE POVO E EM RENUNCIAR A SUA ANTIGA MANEIRA DE VIVER EM CANAÃ: os seus deuses, a sua religião e a sua profissão. Só Deus pode trazer uma transformação dessa ao coração de uma pessoa. ISTO É CONVERSÃO: quando uma pessoa se dispõe a largar uma vida pecaminosa para fazer parte do povo de Deus.

Raabe é mencionada duas vezes no Novo Testamento. A primeira vez na passagem de Hebreus já citada. A segunda menção encontra-se em Tiago 2.25: “DE IGUAL MODO, A PROSTITUTA RAABE NÃO FOI TAMBÉM JUSTIFICADA PELAS OBRAS, QUANDO ACOLHEU OS ESPIAS E OS FEZ SAIR POR OUTRO CAMINHO?”.

TIAGO USA O EXEMPLO DE RAABE PARA INDICAR A VERDADEIRA FÉ, QUE É A QUE PRODUZ OBRAS. QUAL OBRA DE RAABE PROVOU QUE ELA TINHA FÉ? ELA ARRISCOU A VIDA PARA PROTEGER OS DOIS ENVIADOS DE ISRAEL, E COM ISSO RENUNCIOU À SUA NAÇÃO E SE TORNOU TRAIDORA DO SEU POVO, POIS ELA JÁ HAVIA ESCOLHIDO A QUAL POVO QUERIA PERTENCER: O POVO DE DEUS. A ATITUDE DELA, DIZ TIAGO, JUSTIFICOU A SUA FÉ VERDADEIRA EM DEUS, E SÓ ELE PODE FAZER ISSO NO CORAÇÃO DE UMA PESSOA, TRANSFORMANDO-A COMPLETAMENTE.

Os Dois Espias e Raabe (parte II)


Josué 2 NVI
22 - Quando partiram, foram para a montanha e ali ficaram três dias, até que os seus perseguidores regressassem. Estes os procuraram ao longo de todo o caminho e não os acharam.
23 - Por fim os dois homens voltaram; desceram a montanha, atravessaram o rio e chegaram a Josué, filho de Num, e lhe contaram tudo o que lhes havia acontecido.
24 - E disseram a Josué: “SEM DÚVIDA O SENHOR ENTREGOU A TERRA TODA EM NOSSAS MÃOS; TODOS ESTÃO APAVORADOS POR NOSSA CAUSA”.

Temos aqui o retorno seguro dos espias que Josué havia enviado, e do grande encorajamento que eles trouxeram para Israel na sua descida a Canaã. Se eles tivessem estado dispostos em seu coração a desanimar o povo, como fizeram os espias maus que Moisés tinha enviado, eles poderiam te r contado o que tinham observado acerca da altura e durabilidade dos muros de Jericó, e da extraordinária vigilância do rei de Jericó, e que quase não escaparam das mãos do rei. Mas eles tinham outro espírito, e, confiando na promessa divina, eles também animaram a Josué.

1. O retorno dos espias em segurança foi um encorajamento para Josué e um bom indício. O fato de que Deus providenciou para eles um a tão boa aliada no país inimigo como Raabe, e de que, apesar da fúria do rei de Jericó e da impetuosidade dos perseguidores, eles tinham voltado em paz, foi um exemplo do grande cuidado de Deus. Isso confirmava o povo em relação à orientação e cuidado de Deus. Ele indubitavelmente lutaria por eles. Aquele que havia protegido seus observadores de maneira tão maravilhosa certam ente preservaria os seus homens de guerra e os protegeria no dia da batalha.

2. O relato que eles trouxeram foi muito mais encorajador (v. 24): “todos os moradores, embora não estejam dispostos a ceder, estão desmaiados diante de nós, e não têm nem sabedoria para se render nem coragem para lutar”. Por isso, eles concluíram: “Certamente o Senhor tem dado toda esta terra nas nossas mãos. Com efeito, NÃO TEMOS NADA A FAZER ALÉM DE TOMAR POSSE”. Os medos dos pecadores são às vezes presságios seguros da sua queda.


SE RESISTIRMOS AOS NOSSOS INIMIGOS ESPIRITUAIS, ELES FUGIRÃO DE NÓS, O QUE NOS ENCORAJARÁ A TERMOS ESPERANÇA DE QUE NO DEVIDO TEMPO SEREMOS MAIS DO QUE CONQUISTADORES.


Capítulo 3

Este terceiro capítulo do livro de Josué é conhecido demais por tratar da travessia efetiva do Jordão pelos israelitas, no momento em que eles entraram primeiro na Terra Prometida[1].

O capítulo é tratado por muitos estudiosos como a expressão de um símbolo da vitória que foi prometida e que podemos encontrar em Deus em meios às nossas próprias dificuldades cotidianas, que como dito em parte anterior deste “estudo”, são os nossos “jordãos” individuais. Todos nós encontramos muitos problemas, barreiras e obstáculos no caminho da nossa Canaã celestial.

No Novo Testamento, a peregrinação do povo de Israel e a entrada na terra de Canaã, bem como sua ocupação, são apresentadas como tipos e ilustrações da nossa peregrinação neste mundo. O Novo Testamento encara aqueles quarenta anos no deserto, a travessia do Jordão e a ocupação da terra como tipos e figuras que trazem lições valiosas para a nossa peregrinação espiritual hoje, milhares de anos depois.

A travessia do Jordão é o primeiro obstáculo a ser vencido pela nação de Israel, quando, depois de quarenta anos no deserto, o povo se aproxima da Terra Prometida. Vejamos a situação em que os israelitas se encontravam, para depois extrair algumas lições dela.

Os israelitas estavam acampados defronte ao rio Jordão e diante de Jericó, depois de Josué ter movido o acampamento deles de Sitim até aquela região. O Jordão era um obstáculo natural, intransponível do ponto de vista humano.

Era época de colheita, e o rio estava transbordando. O rio não dava vau, ou seja, não havia nenhum ponto onde as águas estivessem rasas, e eles não dispunham de barcos, não tinham como fazer pontes e não eram todos os que poderiam nadar. Naquela época do ano, não fazia frio a ponto de congelar a água para que pudessem arriscar a travessia sobre o gelo. Além disso, estavam ali cerca de um milhão de pessoas.

Além de ser um obstáculo natural, o Jordão representava um desafio espiritual para o povo de Israel, porque era a única coisa entre eles e a Terra Prometida; assim, o rio marcava o limite entre o passado — a escravidão, o Egito e os quarenta anos no deserto — e o futuro — a liberdade e o descanso prometidos por Deus. Nesse sentido, o Jordão acaba sendo para nós uma figura das dificuldades e dos obstáculos que encontramos à medida que buscamos progredir e nos apropriar daquilo que Deus prometeu.

A Preparação para a Passagem através do Jordão - Parte I (vv. 1-6)

Josué 3 NVI
A Travessia do Jordão
1 - De manhã bem cedo Josué e todos os israelitas partiram de Sitim e foram para o Jordão, onde acamparam antes de atravessar o rio.
2 - Três dias depois, os oficiais percorreram o acampamento
3 - e deram esta ordem ao povo: “QUANDO VIREM A ARCA DA ALIANÇA DO SENHOR, O SEU DEUS, E OS SACERDOTES LEVITAS CARREGANDO A ARCA, SAIAM DAS SUAS POSIÇÕES E SIGAM-NA.
4 - MAS MANTENHAM A DISTÂNCIA DE CERCA DE NOVECENTOS METROS ENTRE VOCÊS E A ARCA; NÃO SE APROXIMEM! DESSE MODO SABERÃO QUE CAMINHO SEGUIR, POIS VOCÊS NUNCA PASSARAM POR LÁ”.
5 - Josué ordenou ao povo: “SANTIFIQUEM-SE, POIS AMANHÃ O SENHOR FARÁ MARAVILHAS ENTRE VOCÊS”.
6 - E disse aos sacerdotes: “LEVANTEM A ARCA DA ALIANÇA E PASSEM À FRENTE DO POVO”. ELES A LEVANTARAM E FORAM NA FRENTE.

Raabe, ao mencionar aos espias a passagem pelo m ar Vermelho (cap. 2.10), relato que apavorou os cananeus mais do que qualquer outra coisa, anuncia que aqueles que estavam daquele lado da água esperavam que o Jordão, essa grande defesa do país, se abrisse de forma semelhante para eles. Não se sabe se os israelitas tinham qualquer expectativa nesse sentido. Deus com frequência fazia coisas terríveis, que eles não esperavam (Is 64:3 NVI - Pois, quando fizeste coisas tremendas, coisas que não esperávamos, desceste, e os montes tremeram diante de ti.).

O relato da travessia contém cinco partes. A primeira parte, no versículo 1, mostra como Josué muda o acampamento do povo de um lugar chamado Sitim, no vale das Acácias, até as margens do Jordão, em frente a Jericó. O povo estava acampado em Sitim, a alguns quilômetros das margens. De madrugada, então, Josué traz todo o povo para a beira do rio, no local que ficava bem na frente de Jericó.

Embora ainda não soubessem como passariam o rio, e não estivessem preparados para passá-lo da forma habitual, eles continuaram a caminhar pela fé, uma vez que lhes tinha sido dito (cap. 1.11) que deveriam passá-lo.

DEVEMOS CONTINUAR NO CAMINHO DO NOSSO DEVER AINDA QUE POSSAMOS ANTEVER DIFICULDADES, CONFIANDO EM DEUS PARA NOS AJUDAR NO MEIO DELAS. VAMOS PROSSEGUIR O MÁXIMO QUE PUDERMOS E DEPENDER DA SUFICIÊNCIA DIVINA NAQUILO EM QUE NÃO SOMOS SUFICIENTES.

O que chama nossa atenção nessa marcha que Josué liderou é que ele tinha o costume de levantar cedo, como ocorre em outras ocasiões (cap. 6.12; 7.16; 8.10). Isso mostra quão pouco interessado no conforto pessoal ele estava, o quanto amava o seu trabalho, e o cuidado e sofrimento que estava disposto a suportar. Aqueles que desejam realizar grandes coisas precisam levantar cedo.

Não ame o sono, senão você acabará ficando pobre; fique desperto, e terá alimento de sobra. (Pv 20:13 NVI).

Josué aqui serviu de exemplo para os oficiais abaixo dele, e os ensinou a levantar cedo, e a todos os que ocupam postos públicos especialmente, a desempenharem continuamente o dever do seu posto.

A segunda parte do texto trata de três preparativos para a travessia do Jordão que foram ordenados pelos oficiais do povo juntamente com Josué (3:2-4).

Na PRIMEIRA DAS PREPARAÇÕES, o povo é orientado a seguir a Arca da Aliança. A arca era um símbolo não só da presença de Deus, mas também da aliança que Deus tinha com seu povo. Josué disse a todos que seguissem a Arca da Aliança, prestando atenção no momento em que ela fosse levantada e entrasse no rio. O povo deveria manter uma distância de dois mil côvados (pouco menos de um quilômetro), para que ficasse muito clara a presença da Arca à frente deles. Com isso, Josué estava querendo dizer que era Deus quem abriria o rio, indo adiante deles e lhes dando a vitória, e que isso era baseado na aliança que o Senhor tinha com o seu povo.

A PRIMEIRA INSTRUÇÃO APONTA PARA ESTE PRINCÍPIO: A NOSSA VITÓRIA VEM DE DEUS E TEMOS DE SEGUI-LO.

Oficiais foram apontados para passar pelo meio do arraial para dar estas orientações (v. 2), para que cada israelita pudesse saber tanto o que fazer como em quem deveria depositar sua confiança.

QUE ENCORAJAMENTO MAIOR ELES PODERIAM TER DO QUE SABER QUE O SENHOR ERA O SEU DEUS, UM DEUS QUE FIZERA UMA ALIANÇA COM ELES? AQUI ESTAVA A ARCA DO CONCERTO: SE DEUS É POR NÓS, NÃO PRECISAMOS TEMER MAL ALGUM. ELE ESTAVA PERTO DELES, PRESENTE COM ELES, E IA À FRENTE DELES: O QUE PODERIA DAR ERRADO COM AQUELES QUE ERAM GUIADOS E GUARDADOS DESSA FORMA? ANTERIORMENTE, A ARCA ERA LEVADA NO MEIO DO ACAMPAMENTO, MAS AGORA ELA ESTAVA À FRENTE DELES PARA LHES BUSCAR LUGAR DE DESCANSO (NM 10:33), E, NESSE CASO, PARA DAR-LHES POSSE LEGAL DA TERRA PROMETIDA.

O povo deve seguir a arca: PARTI VÓS TAMBÉM DO VOSSO LUGAR E SEGUI-A: (1) Como aqueles que estão decididos a nunca abandoná-la. Onde quer que as ordenanças de Deus estejam, lá devemos estar. Se elas partem, devemos ir atrás delas.  (2) Como aqueles que estão completam ente satisfeitos com o seu guiar, que confiam que ela conduzirá da melhor maneira para o melhor fim. Portanto: MESTRE, AONDE QUER QUE FORES, EU. TE SEGUIREI (Mt 8:19).

Toda a precaução deles era observar os movimentos da arca e segui-la com uma fé irrestrita. Assim, DEVEMOS SEGUIR A ORDEM DA PALAVRA E A DIREÇÃO DO ESPÍRITO EM TUDO, PARA QUE A PAZ ESTEJA SOBRE NÓS, como estava sobre o Israel de Deus.

Como uma SEGUNDA INSTRUÇÃO eles receberam a ordem de santificar-se, para que estivessem preparados para cuidar da arca, e por uma boa razão: porque amanhã fará o Senhor maravilhas no meio de vós (v. 5). Veja quão esplendidamente ele fala das obras de Deus: Ele faz maravilhas, e, portanto, deve ser adorado, admirado e é digno de confiança. Veja quão profundamente familiarizado Josué estava com os conselhos divinos: ele podia contar antecipadamente o que Deus faria e quando o faria. Veja como devemos nos preparar para recebei' as descobertas da glória de Deus e as comunicações da sua graça: devemos santificar-nos. Devemos fazê-lo quando vamos cuidar da arca, e Deus, por meio dela, fará maravilhas em nosso meio. Devemos separar-nos de todas as outras preocupações, devotar-nos a Deus, e limpar-nos, no sentido de nos afastar daquilo a que a “carne” nos impulsiona.

Os israelitas haviam passado quarenta anos no deserto e, tendo saído do Egito, onde haviam adorado outros deuses, a luta constante de Moisés era que parassem de adorar os deuses daquela terra e passassem a adorar somente a Deus. Ali, na beira do rio, ainda havia restos de idolatria; ainda havia quem adorasse aqueles deuses do Egito. Ali estavam os filhos da geração idólatra que tinha vivido na terra do faraó e que perecera no deserto. Os pais morreram, mas muitos de seus filhos continuaram a servir aos deuses pagãos. A idolatria nunca abandonou de fato a nação de Israel até o Cativeiro Babilônico.

O povo de Israel estava agora entrando na terra santa, e, portanto, precisava santificar-se. Deus estava prestes a dar a eles exemplos incomuns do seu favor. Eles precisam, por meio da meditação e da oração, voltar sua mente para uma contemplação muito cuidadosa, para que possam dar toda glória a Deus, e eles próprios sejam confortados, quando ocorrerem essas manifestações.

Na TERCEIRA ORIENTAÇÃO de Josué, os sacerdotes são encarregados de direcionar a caravana.

Os sacerdotes receberam a ordem de levantar a arca e levá-la adiante deste povo (v. 6). Os levitas normalmente levavam a arca (Nm 4:15). Mas nessa grande ocasião os sacerdotes receberam a ordem de fazê-lo. E eles fizeram de acordo com a ordem que receberam, levantaram a arca, e não se julgaram depreciados, foram andando adiante do povo, e não se julgaram desprotegidos.

A arca que carregavam era tanto a sua honra quanto a sua defesa. E agora podemos nos lembrar da oração que Moisés fez quando a arca partia: Levanta-te, Senhor, e dissipados sejam, os teus inimigos (Nm 10:35).

Tudo isso, é claro, apontava para a mediação de Jesus Cristo, o nosso sacerdote que ofereceu um sacrifício completo, verdadeiro, único e suficiente por nós. Por isso não temos mais mediadores hoje.


A Preparação para a Passagem através do Jordão – parte II (vv. 7-13)

Josué 3 NVI
7 - E o Senhor disse a Josué: “HOJE COMEÇAREI A EXALTÁ-LO À VISTA DE TODO O ISRAEL, PARA QUE SAIBAM QUE ESTAREI COM VOCÊ COMO ESTIVE COM MOISÉS.
8 - Portanto, você é quem dará a seguinte ordem aos sacerdotes que carregam a arca da aliança: QUANDO CHEGAREM ÀS MARGENS DAS ÁGUAS DO JORDÃO, PAREM JUNTO AO RIO”.
9 - Então Josué disse aos israelitas: “Venham ouvir as palavras do Senhor, o seu Deus.
10 - Assim SABERÃO QUE O DEUS VIVO ESTÁ NO MEIO DE VOCÊS E QUE CERTAMENTE EXPULSARÁ DE DIANTE DE VOCÊS OS CANANEUS, OS HITITAS, OS HEVEUS, OS FEREZEUS, OS GIRGASEUS, OS AMORREUS E OS JEBUSEUS.
11 - Vejam, A ARCA DA ALIANÇA DO SOBERANO DE TODA A TERRA ATRAVESSARÁ O JORDÃO À FRENTE DE VOCÊS.
12 - Agora, escolham doze israelitas, um de cada tribo.
13 - QUANDO OS SACERDOTES QUE CARREGAM A ARCA DO SENHOR, O SOBERANO DE TODA A TERRA, PUSEREM OS PÉS NO JORDÃO, A CORRENTEZA SERÁ REPRESADA E AS ÁGUAS FORMARÃO UMA MURALHA”.

Na terceira parte da passagem (vv. 7,8), Deus aparece a Josué e o confirma como general dos seus exércitos. Deus aparece a Josué mais uma vez, e mais uma vez o encoraja dizendo que vai engrandecê-lo diante do povo, mostrando que está com ele assim como esteve com Moisés. Era preciso que Deus fizesse isso, pois o povo precisava de uma liderança segura e firme como fora Moisés durante quarenta anos no deserto. Assim como Deus havia sido com Moisés, seria agora com Josué, pois NINGUÉM É INSUBSTITUÍVEL — ASSIM QUE MOISÉS MORREU, DEUS LEVANTOU JOSUÉ; E ASSIM QUE JOSUÉ MORREU, DEUS LEVANTOU OUTROS LÍDERES. NÃO HÁ PESSOAS INSUBSTITUÍVEIS NO POVO DE DEUS; ELE SEMPRE LEVANTA UMA NOVA GERAÇÃO PARA LEVAR AVANTE A SUA OBRA.

Ele age assim PARA QUE NÃO DEPENDAMOS DE HOMENS E NÃO PONHAMOS NELES A NOSSA CONFIANÇA, MAS SOMENTE NELE, QUE É O SENHOR E CRIADOR SOBERANO DE TUDO QUANTO SEMPRE HOUVE, HÁ E HAVERÁ. NO ENTANTO, NAQUELE MOMENTO ERA PRECISO QUE JOSUÉ FOSSE ENGRANDECIDO E TIVESSE A SUA LIDERANÇA CONSOLIDADA, POIS É ASSIM QUE DEUS LEVA ADIANTE A SUA OBRA, LEVANTANDO HOMENS QUE ELE COLOCA PARA LIDERAR SEU POVO. É preciso destacar, PORÉM, QUE O ENGRANDECIMENTO DE JOSUÉ NÃO SIGNIFICAVA O ENGRANDECIMENTO DE SUA PESSOA, MAS DE DEUS ATRAVÉS DE SUA VIDA. Ao usar Josué de maneira extraordinária, Deus estava glorificando a si mesmo, e não a seu servo. O foco sempre foi e sempre será o Deus de Israel, e não os líderes que ele levanta para realizar sua obra neste mundo.

NÓS SOMOS O MÉTODO E AS FERRAMENTAS DE DEUS PARA A REALIZAÇÃO DE SUA VONTADE, PARA A SUA GLÓRIA. ETERNAMENTE!

Então, observamos como JOSUÉ HONRA A DEUS E SE ESFORÇA PARA MOSTRAR A ISRAEL QUE ELE É O SEU DEUS. Assim, AQUELES QUE HONRAM A DEUS SERÃO HONRADOS POR ELE, E AQUELES QUE ELE PROMOVEU DEVERIAM FAZER TODO O POSSÍVEL NOS SEUS POSTOS PARA EXALTÁ-LO. Isso é, na prática, atender ao Chamado de Deus, pois se Ele capacitou e é chegado o Seu Tempo, não devemos temer nada!

1. Foi uma grande honra para Josué quando Deus falou com ele, como havia feito com Moisés do propiciatório, antes que os sacerdotes o removessem com a arca. Isso tornaria Josué grande no meio do povo, pelo fato de Deus se agradar em falar de maneira tão íntima com ele.

2. Deus desejava engrandecê-lo perante os olhos de todo o Israel. Ele tinha lhe dito anteriormente que estaria com ele (cap. 1.5), e isso o confortava, mas agora todo o Israel deveria vê-lo, e isso o exaltaria. Aqueles com quem Deus está e quem Ele coloca no seu serviço são verdadeiramente grandes. DEUS EXALTOU JOSUÉ PORQUE ELE FARIA COM QUE O POVO O EXALTASSE. Magistrados piedosos devem ser grandemente honrados e estimados como bênçãos públicas e, quanto mais vemos Deus neles tanto mais deveríamos honrá-los. QUANDO O MAR VERMELHO SE DIVIDIU, ISRAEL FICOU CONVENCIDO DE QUE DEUS ESTAVA COM MOISÉS PARA TIRÁ-LOS DO EGITO; PORTANTO, ELES FORAM BATIZADOS EM MOISÉS [...] no mar (1 Co 10.2). E NAQUELA OCASIÃO O POVO CREU [...] em Moisés (Êx 14.31). AGORA, NA SEPARAÇÃO DAS ÁGUAS DO JORDÃO, ELES SERÃO PERSUADIDOS DE QUE DEUS ESTÁ COM JOSUÉ DA MESMA MANEIRA PARA LEVÁ-LOS PARA DENTRO DE CANAÃ. DEUS TINHA EXALTADO JOSUÉ ANTERIORMENTE EM DIVERSAS OCASIÕES, MAS AGORA ELE COMEÇOU A EXALTÁ-LO COMO O SUCESSOR DE MOISÉS NO COMANDO.

ALGUNS TÊM OBSERVADO QUE FOI À BEIRA DO JORDÃO QUE DEUS COMEÇOU A EXALTAR JOSUÉ, E NO MESMO LUGAR ELE COMEÇOU A EXALTAR NOSSO SENHOR JESUS COMO MEDIADOR. Nessa ocasião, João estava batizando em Betábara (versão inglesa KJV), a casa de passagem, e FOI LÁ QUE NOSSO SALVADOR FOI BATIZADO E PROCLAMOU-SE ACERCA DELE: ESTE É O MEU FILHO AMADO, EM QUEM ME COMPRAZO.

3. Por meio dele, Deus deu ordens aos sacerdotes, embora fossem seus servos imediatos (v. 8): Tu, pois, ordenarás aos sacerdotes, isto é: “TU TRANSMITIRÁS A ELES A ORDEM DIVINA acerca dessa questão e cuidarás para que lhe obedeçam, para pararem às margens do Jordão enquanto as águas se dividem, na presença do Senhor, na presença do poderoso Deus de Jacó” (SI 114:5-7). Deus poderia ter dividido o rio sem os sacerdotes, mas ELES NÃO PODERIAM TÊ-LO FEITO SEM ELE. OS SACERDOTES DEVEM DAR UM BOM EXEMPLO AO POVO, E ENSINÁ-LOS A FAZER O SEU MELHOR NO SERVIÇO DE DEUS, E A CONFIAR NELE PARA AUXÍLIO EM TEMPOS DE NECESSIDADE.


Josué 3 NVI
9 - Então Josué disse aos israelitas: “Venham ouvir as palavras do Senhor, o seu Deus.
10 - Assim SABERÃO QUE O DEUS VIVO ESTÁ NO MEIO DE VOCÊS E QUE CERTAMENTE EXPULSARÁ DE DIANTE DE VOCÊS OS CANANEUS, OS HITITAS, OS HEVEUS, OS FEREZEUS, OS GIRGASEUS, OS AMORREUS E OS JEBUSEUS.
11 - Vejam, A ARCA DA ALIANÇA DO SOBERANO DE TODA A TERRA ATRAVESSARÁ O JORDÃO À FRENTE DE VOCÊS.
12 - Agora, escolham doze israelitas, um de cada tribo.
13 - QUANDO OS SACERDOTES QUE CARREGAM A ARCA DO SENHOR, O SOBERANO DE TODA A TERRA, PUSEREM OS PÉS NO JORDÃO, A CORRENTEZA SERÁ REPRESADA E AS ÁGUAS FORMARÃO UMA MURALHA”.

Esta QUARTA PARTE DO TEXTO (vv. 9-13) registra o anúncio daquilo que Deus realizará no momento exato da travessia.

Agora coloque-se como um daqueles do povo que estavam ali ouvindo as palavras de Josué. Tente imaginar-se ali na margem de um rio cheio, por atravessar, necessariamente, em razão de uma Promessa, pela fé em Sua realização.

A explicação de Josué, descrevendo esse ritual dos levitas chegando à margem do rio e colocando nele os pés, com o povo os seguindo pela fé, esperando o momento de o rio se abrir, tinha alguns objetivos.

O PRIMEIRO E MAIOR DELES ERA MOSTRAR QUE DEUS ESTAVA NO MEIO DE SEU POVO, como diz o versículo 10. Temos de nos conscientizar de como isso era importante para eles. Israel era um povo nômade, e a maior parte dos israelitas que ali estavam havia nascido no deserto. Eles não possuíam armas, não eram homens de guerra e não tinham sido treinados para a batalha, mas, apesar disso, teriam de lutar contra os cananeus, heteus etc. Tratava-se de povos que já estavam naquela terra havia mais de quinhentos anos, com cidades fortalecidas por muralhas entrincheiradas, exércitos e armamento. Com tantas adversidades, desapossar os povos e tomar aquela terra era uma tarefa sobre-humana.

OUTRO PONTO É O DESTAQUE QUE JOSUÉ DÁ À ARCA DA ALIANÇA. Ele está levando o povo a se lembrar de que Deus tem uma aliança com eles. O Deus de Israel, que chamou Abraão, Isaque e Jacó, os separou dos demais povos, fez-lhes grandes promessas, abençoou-os e prometeu-lhes um descanso para a vinda daquele que seria o salvador do mundo.

A Arca da Aliança não vai no meio do povo por mérito deste, mas por causa do amor de Deus que elegeu Israel e que, pela graça, o escolheu.

1. Ele demanda atenção (v. 9): “Chegai-vos até mim, todos aqueles que puderem me ouvir, e antes que vejam a obra, ouvi as palavras do Senhor, vosso Deus. Dessa forma, podereis comparar a obra e as palavras e verificareis que elas são reais”. Ele tinha lhes ordenado a santificar-se, e, por essa razão, os exorta a ouvir a palavra de Deus, porque esse é o significado comum da santificação (João 17:17 NVI - Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade.).

2. Ele agora lhes conta, em detalhes, por que meio eles deveriam passar o Jordão (v. 13): se separarão as águas do Jordão. Deus poderia te r congelado a superfície subitamente. Dessa forma, todos poderiam te r passado sobre o gelo. Mas, sendo uma coisa que às vezes acontecia nesse país, por meio do poder habitual da natureza (Jó 38:30 NVI - quando as águas se tornam duras como pedra e a superfície do abismo se congela?), não teria sido uma honra tão grande para o Deus de Israel, nem um pavor tão grande para os inimigos de Israel. A obra de Deus, portanto, deveria ser feita de tal forma, que não tivesse precedentes além da separação das águas do mar Vermelho. E esse milagre é aqui repetido, para mostrar que Deus tinha o mesmo poder para concluir a salvação do seu povo que Ele havia começado, porque Ele é o Alfa e o Ômega, e para que a palavra do Senhor (conforme a leitura da versão dos Caldeus, v. 7), a essencial e eterna Palavra, fosse tão verdadeiramente com Josué quanto Ele foi com Moisés. E por meio da divisão das águas e do surgimento da terra seca, Deus os lembrou daquilo que havia revelado a Moisés em relação à obra da criação (Gn 1:6-9 NVI[1]), para que, por meio do que eles agora viam, sua confiança acerca do que eles liam ali pudesse ser ajudada, e eles pudessem saber que o Deus a quem adoravam era o mesmo Deus que fez o mundo, e que o poder para isso era o mesmo que foi empregado para eles.

3. O povo, tendo sido orientado anteriormente para seguir a arca do concerto, ouve aqui que ela deveria passar o Jordão diante deles (v. 11). Observe: (1) A arca do concerto deve ser o guia deles. Durante o comando de Moisés, a nuvem era o guia deles, mas agora, no comando de Josué, seria a arca. Ambos eram sinais visíveis da presença e comando de Deus, mas a graça de Deus debaixo da dispensação de Moisés estava envolvida como em uma nuvem e coberta com um véu, enquanto na dispensação de Cristo, nosso Josué, ela é revelada na arca do concerto descoberta. (2) Ela é chamada de a arca do concerto do Senhor de toda a terra. “Aquele que é o vosso Deus (v. 9), em aliança convosco, o Senhor de toda a terra, tem o direito e o poder de comandar, controlar, usar e dirigir todas as nações e todas as criaturas. Ele é o Senhor de toda a terra, portanto Ele não precisa de vós, nem pode ser beneficiado por vós. Por conseguinte, É VOSSA HONRA E FELICIDADE ESTAR EM ALIANÇA COM ELE: se Ele é vosso, todas as criaturas estão a vosso serviço, se assim lhe agradar”. Quando estamos louvando e adorando a Deus como o Deus de Israel, e nosso por meio de Cristo, devemos nos lembrar de que Ele é o Senhor de toda a terra, e reverenciá-lo e confiar nele. (3) Eles ouvem que a arca deve passar o Jordão diante deles. Deus não os designaria a ir a lugar algum a que Ele mesmo não fosse. Ele iria adiante deles e com eles. E eles poderiam ousar de maneira segura, mesmo para dentro do Jordão, se a arca do concerto os estivesse guiando. QUANDO TORNAMOS OS PRECEITOS DE DEUS NOSSO ESTATUTO, SUAS PROMESSAS, NOSSO ESTEIO, E SUA PROVIDÊNCIA, NOSSO GUIA, NÃO PRECISAMOS TEMER AS MAIORES DIFICULDADES NO NOSSO CAMINHO. ESSA PROMESSA É SEGURA PARA TODAS AS GERAÇÕES (Isaías 43:2): QUANDO PASSARES PELAS ÁGUAS, ESTAREI CONTIGO, E, QUANDO PELOS RIOS, ELES NÃO TE SUBMERGIRÃO.

4. COM BASE NO QUE DEUS ESTAVA PRESTES A FAZER POR ELES, JOSUÉ PRESSUPÕE UMA SEGURANÇA EM RELAÇÃO ÀQUILO QUE O SENHOR FARIA MAIS ADIANTE. Ele menciona esse aspecto primeiro, porque o seu coração está totalmente envolvido nisso, além de trazer-lhe grande satisfação (v. 10): “Nisto conhecereis que o Deus vivo (o verdadeiro Deus, o Deus de poder, não um dos deuses mortos dos pagãos) está no meio de vós, embora não o vejais, nem tenhais qualquer imagem dele. Ele está no meio de vós para dar a lei, assegurar vosso bem-estar, e receber vossa reverência. Ele está no meio de vós nesse grande empreendimento que agora está diante de vós. Portanto, vós devereis, ou melhor, Ele próprio lançará de diante de vós os cananeus”.

Assim, A DIVISÃO DO JORDÃO SIGNIFICAVA PARA ELES: (1) UM SINAL SEGURO DA PRESENÇA DE DEUS COM ELES. Por meio desse milagre, eles podiam saber que Deus estava no meio deles, a menos que a sua incredulidade fosse tão obstinada contra a evidência mais convincente, da mesma forma que tinha ocorrido com os seus pais. Naquela ocasião, depois que Deus dividiu o mar Vermelho diante deles, eles perguntaram de maneira descarada: Está o Senhor no meio de nós, ou não? (Ex 12:7). (2) UMA GARANTIA SEGURA DA CONQUISTA DE CANAÃ. “Se o Deus vivo está no meio de vós, Ele, expulsando, certamente expulsará (assim é a frase hebraica) diante de vós os cananeus”. Ele o fará com certeza e com eficiência. O que poderia impedi-lo? O que poderia ficar no seu caminho, diante de quem os rios são divididos e secados? O fato de as linhas de demarcação serem forçadas era um presságio certo da ruína de todos os seus exércitos: de que maneira eles poderiam defender suas posições quando o próprio Jordão havia sido afastado? Quando não tinham mais coragem para contestar essa passagem, mas tremiam com a aproximação da presença do Deus de Jacó (Salmos 114:7), que tipo de oposição eles poderiam oferecer? Essa garantia que Josué dá a eles era tão bem fundamentada, que seria possível um israelita perseguir mil cananeus, e dois deles colocar 10 mil em fuga. E seria igualmente revigorante lembrar do cântico de Moisés, ditado 40 anos antes, que claramente prenunciava a separação das águas do Jordão e a influência que isso teria na expulsão dos cananeus. Êxodo 15:1-5-17: “derreter-se-ão todos os habitantes de Canaã, e dessa forma serão efetivamente expulsos. Eles permanecerão mudos como uma pedra até que teu povo tenha passado. Então, tu os introduzirás e os plantarás”. Note: As aparições gloriosas de Deus para sua igreja e seu povo devem ser aperfeiçoadas por nós para o alento da nossa fé e esperança para o futuro. Quanto a Deus, sua obra é perfeita (veja Deuteronômio 32:4). Se a correnteza do Jordão não pode mantê-los fora, as forças de Canaã não poderão expulsá-los novamente.

5. Ele os orienta a tomar 12 homens preparados, um de cada tribo, para receber o tipo de ordens que Josué lhes daria mais tarde (v. 12). Não parece que deveriam auxiliar os sacerdotes e caminhar com eles quando carregavam a arca, para que pudessem ser testemunhas imediatas das maravilhas realizadas por ela, como alguns entendem. Mas eles deveriam estar à mão para o serviço que foram chamados a fazer (cap. 4.4ss.).

SEMPRE DEVEMOS SEGUIR A DEUS NOS MOMENTOS DE AFLIÇÃO E DIFICULDADE

Deus tem uma aliança conosco, como já foi dito, em que ele promete nos proteger, nos guardar, nos abençoar e nos dar a vida eterna. A única condição é que creiamos no seu Filho, Jesus Cristo, e vivamos neste mundo para a sua glória.

Deus nos dá dois símbolos dessa aliança, que são o batismo e a ceia do Senhor, e o selo — porque toda aliança tem que ser selada —, que é o sangue de Cristo. Na ceia, o que dizemos quando repetimos as palavras de Jesus? “Isto é o meu sangue, o sangue da aliança derramado em favor de muitos para perdão dos pecados” (Mateus 26:28).

SOMOS O POVO DA ALIANÇA, E ISSO NOS ASSEGURA DAS PROMESSAS DE DEUS. DEUS VAI À NOSSA FRENTE PARA NOS GUIAR E MOSTRAR O CAMINHO, E ESSA É A PRIMEIRA LIÇÃO QUE APRENDEMOS COM ESSA PASSAGEM. DEUS VAI NOS CONDUZIR, E ELE NÃO APENAS NOS DIRIGE, MAS TAMBÉM NOS DARÁ A VITÓRIA SOBRE AS DIFICULDADES QUE ENCONTRAMOS AQUI. MAS A ARCA NÃO ESTÁ MAIS ENTRE NÓS, E ELE NÃO APARECE MAIS EM UMA COLUNA DE FOGO DE NOITE NEM EM UMA NUVEM DURANTE O DIA. COMO SEGUIR A DEUS SEM SABER QUE CAMINHO TOMAR?
DEUS SE REVELA A NÓS PELA SUA PALAVRA E PELO SEU ESPÍRITO, E FALA CONOSCO PELAS CIRCUNSTÂNCIAS. PODEMOS OUVIR A SUA VOZ ENTENDENDO A SUA PALAVRA ESCRITA, HUMILDEMENTE REFLETINDO DIANTE DELE EM ORAÇÃO E NOS SUBMETENDO AO CAMINHO QUE ELE TRAÇOU PARA NÓS.

Muitas vezes, enfrentamos escolhas e nos precipitamos, sem esperar para ouvir a Deus e saber para onde ele está nos guiando. Fazemos o que parece ser a solução mais óbvia ou mais rápida, o que dói menos ou o que custa menos, quando Deus pode querer nos guiar por outro caminho, no qual a glória dele vai ficar mais clara.

Na hora da dificuldade, agimos frequentemente como se nunca tivéssemos um Deus e tomamos decisões baseadas apenas em questões materiais, humanas e circunstanciais, esquecendo esse princípio claro de que Deus guia o seu povo, dando-lhe a direção: “ENTREGA TEU CAMINHO AO SENHOR; CONFIA NELE, E ELE TUDO FARÁ” (Salmos 37:5); “O SENHOR É O MEU PASTOR; NADA ME FALTARÁ. ELE […] GUIA-ME PARA AS ÁGUAS TRANQUILAS” (Salmos 23:1-2).

A Bíblia está cheia de orientações a respeito disso, que esquecemos na hora da crise, da dificuldade e do problema. Sigamos a Deus, portanto; essa é a primeira lição que podemos extrair desse texto maravilhoso.

É NECESSÁRIO NOS SANTIFICARMOS COMO PREPARAÇÃO PARA O AGIR PODEROSO DE DEUS

É isto que Josué está dizendo: “Santificai-vos, porque amanhã o SENHOR fará maravilhas no meio de vós”. O QUE É SANTIFICAR-SE? É SE SEPARAR DE TUDO O QUE É CONTRÁRIO A DEUS, É SE CONSAGRAR E SE DEDICAR A ELE. GERALMENTE É UM PROCESSO, MAS ÀS VEZES, DIANTE DE UMA CRISE, É NECESSÁRIA UMA ATITUDE SÉRIA E RADICAL EM SUA VIDA.

Se desejamos possuir a terra, primeiro é preciso que Deus nos possua. A santificação é necessária, diante da perspectiva da atuação de Deus, para que, quando vier o livramento, fique claro que Deus não abençoa o erro e o pecado.

DEVE FICAR CLARO QUE A GLÓRIA PERTENCE AO SENHOR. POR ISSO ELE TEM DE SER O ÚNICO EM SUA VIDA. VOCÊ QUER VITÓRIA, LIBERTAÇÃO E CAMINHO ABERTO? “SANTIFIQUE-SE, PORQUE AMANHÃ O SENHOR FARÁ MARAVILHAS NO NOSSO MEIO”

PRECISAMOS AGIR E DECIDIR

Deus abriu o rio, mas o povo teve de atravessá-lo. Às vezes há uma inércia espiritual no meio do povo de Deus. Quando as oportunidades estão diante de nós, quando Deus abre o rio, devemos atravessar.

Boa parte dos problemas é resultado de desobediência ou descaso para com a Palavra de Deus. Então, resolva que você vai colocar a sua vida em ordem diante desse Senhor e vai começar a andar com ele pela fé. Santifique-se e viva, então, para a glória de Deus.

A Passagem através do Jordão (vv. 14-17)

Josué 3 NVI
14 - Quando, pois, o povo desmontou o acampamento para atravessar o Jordão, os sacerdotes que carregavam a arca da aliança foram adiante.
15 - (O Jordão transborda em ambas as margens na época da colheita.) Assim que os sacerdotes que carregavam a arca da aliança chegaram ao Jordão e seus pés tocaram as águas,
16 - a correnteza que descia parou de correr e formou uma muralha a grande distância, perto de uma cidade chamada Adã, nas proximidades de Zaretã; e as águas que desciam para o mar da Arabá, o mar Salgado [Isto é, o mar Morto; também em 12.3; 15.2,5 e 18.19.], ESCOARAM TOTALMENTE. E ASSIM O POVO ATRAVESSOU O RIO EM FRENTE DE JERICÓ.
17 - OS SACERDOTES QUE CARREGAVAM A ARCA DA ALIANÇA DO SENHOR FICARAM PARADOS EM TERRA SECA NO MEIO DO JORDÃO, ENQUANTO TODO O ISRAEL PASSAVA, ATÉ QUE TODA A NAÇÃO O ATRAVESSOU PISANDO EM TERRA SECA.

A QUINTA PARTE DO TEXTO é o relato da travessia do Jordão propriamente dita.

Aqui está o relato desse grande milagre que Deus fez, um sinal extraordinário de Deus para aquele povo. Os sacerdotes colocaram os pés na água, e de repente as águas pararam de correr e se amontoaram à altura de uma cidade chamada Adã. Os arqueólogos dizem que essa cidade ficava vinte quilômetros rio acima. Normalmente pensamos que as águas pararam logo ali ao lado de onde estavam os israelitas, mas, na verdade, pararam bem antes, e o rio veio secando até o Mar Morto, que ficava bem mais abaixo.

Abriu-se, então, um vau de mais de vinte quilômetros para que um milhão de israelitas passassem. Os sacerdotes foram à frente e, quando chegaram no meio do leito do rio, pararam. E, depois, todo o povo atravessou. Note o detalhe no final do versículo 16: “Então o povo passou bem em frente de Jericó”. Por que Deus escolheu aquele lugar? Para que o povo de Jericó visse. Para que os inimigos vissem o que Deus estava fazendo.

Em mais detalhes, este rio estava agora mais largo e mais profundo do que em outras épocas do ano (v. 15). As nascentes deste rio ficavam próximas das montanhas do Líbano. Nessa época do ano, na primavera, a neve começava a derreter e era a época da colheita da cevada. Nesse período, as margens do Jordão transbordavam. Essa grande inundação, somente nessa época do ano (que a Providência poderia ter impedido ou contido, ou Ele poderia ter ordenado a eles atravessar em outra época do ano), muito exaltou o poder de Deus e sua bondade para com Israel. Observe: Mesmo que a oposição à salvação do povo de Deus seja grande, Deus pode e vai realizá-la. Que as margens do Jordão se encham até o seu limite, até transbordar, é simples e fácil para o Onipotente separá-las e secá-las, como se fossem estreitas ou rasas. Para o Senhor, é tudo a mesma coisa.

Que tão logo os pés dos sacerdotes se afundaram na margem do rio, as águas pararam de correr, como se uma comporta tivesse sido fechada para represá-las (vv. 15,16). Assim, as águas de um lado expandiram-se, amontoaram-se e começaram a correr para trás. Pelo que parece, elas não se espalharam, mas se congelaram. Esse crescimento inexplicável do rio era observado com perplexidade por aqueles que moravam do lado de cima do rio, a muitos quilômetros de lá, e a lembrança disso permaneceu com eles muito tempo depois. As águas do outro lado dessa represa invisível continuavam correndo e deixavam o leito do rio seco, provavelmente na mesma proporção em que se amontoavam do lado de cima do rio. Quando os israelitas passaram pelo m ar Vermelho, as águas se transformaram em paredes de ambos os lados. Aqui, essa parede se formou somente de um lado.

Note: O Deus da natureza pode, quando lhe apraz, mudar o curso da natureza, alterar suas propriedades, transformar líquidos em sólidos, em lago de águas, o rochedo, ou, ao contrário, o rochedo, em lago de águas, para servir aos seus próprios propósitos. Veja Salmos 114.5,8. O que Deus não pode fazer? O que Ele não fará pelo aperfeiçoamento da salvação do seu povo? Às vezes, Ele fende a terra com rios (Hc 3.9); e às vezes, como nesse caso, fende os rios sem terra. É fácil de imaginar como, quando o curso desse rio forte e rápido foi parado subitamente, como as águas rugiam e se perturbavam, e os montes se abalavam com a sua braveza (SI 46.3). Também podemos imaginar como os rios levantam o seu ruído e as suas ondas, enquanto o Senhor nas alturas se mostra mais poderoso do que o ruído das grandes águas (SI 93.3,4).

Com referência a isso, o profeta pergunta: Acaso é contra os rios, Senhor, que estás irado? Contra os ribeiros foi a tua ira? (Hc 3:8). Não. Tu saíste para salvamento do teu povo (v. 13). Com relação a isso, é profetizado acerca das grandes coisas que Deus fará pela igreja nos últimos dias. O grande rio Eufrates será secado, para que se prepare o caminho dos reis do Oriente (Ap 16:12). Quando chegar o tempo da entrada de Israel na terra prometida, todas as dificuldades serão vencidas: as montanhas se transformarão em campinas (Zc 4:7), e os rios secarão, para que os remidos do Senhor possam passar.

Quando finalizarmos nossa peregrinação nesse deserto, a morte será como esse Jordão entre nós e a Canaã celestial, mas a arca do concerto nos preparou um caminho através dele. É o último inimigo a ser destruído.
Passou o povo defronte de Jericó, o que foi: 1. Um exemplo da sua ousadia, uma “provocação” aos seus inimigos. Jericó era umas das cidades mais fortes, e mesmo assim os israelitas ousaram enfrentá-la logo após a entrada. 2. Foi um estímulo aventurar-se pelo Jordão, porque Jericó era uma cidade vistosa e a terra ao redor dela era extremamente agradável. E, tendo em mente que isso seria deles, quais dificuldades poderiam desencorajá-los de tomar posse dessa terra? 3. Serviria para aumentar a confusão e terror dos seus inimigos, que sem dúvida observavam rigorosamente todos os seus movimentos e eram espectadores assombrados desse milagre.

Os sacerdotes [...] pararam firmes em seco no meio do Jordão; e todo o Israel passou em seco (v. 17). A arca foi designada para ficar lá, para mostrar que o mesmo poder que separou as águas as mantinha separadas até quando fosse necessário. E se a arca, que era um símbolo da presença divina, não fosse a sua segurança, as águas teriam voltado sobre eles e os enterrado.

Os sacerdotes foram designados para ficar parados lá: 1. Para provar sua fé, ao permanecer no seu posto como Deus lhes havia ordenado, com montanhas de águas sobre as suas cabeças. Assim como eles deram um passo de ousadia quando colocaram o primeiro pé no Jordão, também agora tomaram uma posição ousada ao permanecerem no meio do Jordão. Mas eles sabiam que estavam levando sua própria proteção. Observe: Os sacerdotes, em tempos de perigo, deveriam ser um exemplo de coragem e confiança em relação à bondade divina. 2. Para encorajar a fé do povo, para que entrassem triunfantemente em Canaã e não temessem mal algum, nem mesmo diante do vale da sombra da morte (porque assim era o rio dividido). Eles estavam seguros da presença de Deus, que se colocava entre eles e o maior perigo, entre eles e as magníficas águas, que de outra forma os teriam afogado. Assim, nos maiores perigos, os santos são consolados com a sua vara e o seu cajado (SaImos 23:4).

O efeito disso — como veremos mais adiante — está no capítulo 5, versículo 1: “Quando todos os reis dos amorreus que estavam a oeste do Jordão e todos os reis dos cananeus que estavam ao lado do mar ouviram que o SENHOR havia secado as águas do Jordão perante os israelitas até que o atravessassem, o coração deles se derreteu de medo, ficaram sem ânimo, por causa dos israelitas”.

Os inimigos sabiam que nada podiam e que não tinham forças contra esse Deus que abriu o rio para que um milhão de israelitas passassem. É como se os reis desses povos dissessem uns aos outros: “Os nossos deuses são fichinha perante esse Deus de Israel. Nenhum dos nossos deuses jamais fezuma coisa dessa! Astarote, Renfã, Moloque… nenhum deles jamais realizou um sinal assim. Como é que vamos poder resistir ao povo que tem um Deus como esse?”.

Deus é o mesmo, mas isso não quer dizer que ele aja da mesma maneira sempre. Em períodos específicos da história, ele fez grandes sinais e prodígios que foram registrados na Bíblia para que, anos depois, pudéssemos ler a respeito deles e dizer: “Esse é o Deus em que cremos, o qual mandou o seu Filho para ser meu redentor que vai à frente, abrindo as portas para que eu possa passar”.

Há um sentido, sim, em que esse texto é histórico e mostra que Deus haverá de cumprir suas promessas, mas há também um sentido em que o texto serve para trazer princípios para a nossa vida.

PRIMEIRAMENTE, PORQUE É O MESMO DEUS. DEPOIS, PORQUE É A MESMA ALIANÇA E SOMOS O MESMO POVO DA ALIANÇA. OS QUE CREEM EM JESUS CRISTO SÃO A CONTINUAÇÃO ESPIRITUAL DA NAÇÃO DE ISRAEL. SÃO OS MESMOS PACTOS, AS MESMAS PROMESSAS E AS MESMAS DIFICULDADES; PORTANTO, OS PRINCÍPIOS QUE APARECEM AQUI NA TRAVESSIA DO JORDÃO PODEM SER USADOS PARA NOS MOSTRAR COMO PODEMOS ENFRENTAR OS MOMENTOS DE AFLIÇÃO E DIFICULDADES QUE ENCONTRAMOS NA NOSSA VIDA.

Continua na parte IV.




[1] 6 - Depois disse Deus: “Haja entre as águas um firmamento que separe águas de águas”. 7 - Então Deus fez o firmamento e separou as águas que ficaram abaixo do firmamento das que ficaram por cima. E assim foi. 8 - Ao firmamento, Deus chamou céu. Passaram-se a tarde e a manhã; esse foi o segundo dia. 9 - E disse Deus: “Ajuntem-se num só lugar as águas que estão debaixo do céu, e apareça a parte seca”. E assim foi.



[1] NICODEMUS, Augustus. A conquista da terra prometida: a mensagem de Josué para a igreja de hoje. – São Paulo: Vida Nova, 2017.

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