Josué, o Líder e Estrategista que assumiu o entrar e o apossar-se (Parte VII)
JERICÓ É DESTRUÍDA. A Preservação de Raabe (vv. 17-27)
Josué
6 NVI
17
- A CIDADE, COM TUDO O QUE NELA EXISTE, SERÁ CONSAGRADA AO SENHOR PARA
DESTRUIÇÃO. SOMENTE A PROSTITUTA RAABE E TODOS OS QUE ESTÃO COM ELA EM SUA CASA
SERÃO POUPADOS, pois ela escondeu os espiões
que enviamos.
18
- Mas FIQUEM LONGE DAS COISAS CONSAGRADAS, NÃO SE APOSSEM DE NENHUMA
DELAS, PARA QUE NÃO SEJAM DESTRUÍDOS. DO CONTRÁRIO TRARÃO DESTRUIÇÃO E DESGRAÇA ao acampamento de Israel.
19
- TODA A PRATA, TODO O OURO E TODOS OS UTENSÍLIOS DE BRONZE E DE FERRO
SÃO SAGRADOS E PERTENCEM AO SENHOR E DEVERÃO SER LEVADOS PARA O SEU TESOURO”.
20
- QUANDO SOARAM AS
TROMBETAS, O POVO GRITOU. AO SOM DAS TROMBETAS E DO FORTE GRITO, O MURO CAIU.
CADA UM ATACOU DO LUGAR ONDE ESTAVA, E TOMARAM A CIDADE.
21
- CONSAGRARAM A CIDADE AO SENHOR,
destruindo ao fio da espada homens, mulheres, jovens, velhos, bois, ovelhas e
jumentos; todos os seres vivos que nela havia.
22
- Josué disse aos dois homens que tinham espionado a terra: “ENTREM NA
CASA DA PROSTITUTA E TIREM-NA DE LÁ COM TODOS OS SEUS PARENTES, CONFORME O
JURAMENTO QUE FIZERAM A ELA”.
23
- Então os jovens que tinham espionado a terra entraram e trouxeram Raabe, seu
pai, sua mãe, seus irmãos e todos os seus parentes. Tiraram de lá todos os da
sua família e os deixaram num local fora do acampamento de Israel.
24
- Depois incendiaram a cidade inteira e tudo o que nela havia, mas entregaram a
prata, o ouro e os utensílios de bronze e de ferro ao tesouro do santuário do
Senhor.
25
- E Josué poupou a prostituta Raabe, a sua família e todos os seus pertences,
pois ela escondeu os homens que Josué tinha enviado a Jericó como espiões. E
RAABE VIVE ENTRE OS ISRAELITAS ATÉ HOJE.
26
- Naquela ocasião Josué pronunciou este juramento solene: “Maldito seja diante
do Senhor o homem que reconstruir a cidade de Jericó: “Ao preço de seu filho
mais velho lançará os alicerces da cidade; ao preço de seu filho mais novo porá
suas portas!”
27
- Assim O SENHOR ESTEVE COM JOSUÉ, CUJA FAMA ESPALHOU-SE POR TODA A
REGIÃO.
Um
ponto que merece ser abordado para o início deste estudo. Em defesa da visão de
Deus no livro de Josué, temos argumentos que dizem que a ira divina contra o
pecado é parte necessária da teologia. Às vezes, os homens chegam a extremos de
maldades
que
merecem um tratamento muito severo. Além disso, há intérpretes que assumem a
posição extremada do voluntarismo (ver a respeito no Dicionário), ensinando que
aquilo que Deus quer é correto, sem importar a nossa atitude para com a questão.
Essa posição se parece muito com
a antiga teoria grega, que dizia: “O poder é direto”. Mas essa teoria deveria
ser rejeitada com base em uma revelação mais iluminada sobre a natureza de
Deus. Sabemos que os cananeus eram excessivamente malignos (Lev. 18:21-24),
e também que existe tal coisa como contaminação pelo mau exemplo (Deu. 7:1-5 NVI[1]).
Sabemos
que a religião dos cananeus era tremendamente imoral (o que tem sido
demonstrado pelas
escavações arqueológicas em Ras Shamra). O
principal deus dos cananeus, El, era uma espécie de Zeus brutal e imoral. Seu
filho, Baal, também não servia de bom exemplo para homens piedosos.
Além
do mais, há de se convir que “alguns problemas no Antigo Testamento não são
nada triviais. Em primeiro lugar, eu gostaria de frisar que a própria revelação
bíblica é algo progressivo, não sendo de admirar que as ideias dos homens
acerca de Deus se aprimorem, à medida que eles se espiritualizam e se tornam
capazes de ter uma concepção mais nítida da deidade. É inútil imaginar que
Josué se encontrava no mesmo nível de compreensão de Jesus ou dos vários
autores do Novo Testamento, quando eles falavam a respeito de Deus. Sabemos
que, por muitas vezes, não menos que os gregos e muitos outros povos, Israel
agiu como qualquer tribo selvagem e saqueadora. Como poderíamos negar esse
fato? A história fala por si mesma!”[2]
No
mesmo sentido, séculos depois, “as palavras de Jesus por certo devem ter um
peso decisivo em qualquer discussão desse tipo. Quando os Seus discípulos
quiseram invocar fogo do céu para consumir os samaritanos, que tinham negado
hospitalidade a Jesus e seu grupo, imitando assim uma figura nada menor que
Elias, Jesus os repreendeu e declarou: “Vós não sabeis de que espírito sois.
Pois o Filho do homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para
salvá-las” (Luc. 9:5156 NVI[3]).
“A
ignorância e a falta de maturidade espiritual continuam afirmando que não há
diferença entre as atitudes refletidas no Antigo Testamento e aquelas refletidas
no Novo Testamento, no tocante à pessoa de Deus. Mas o que ganharíamos com a
hipótese de que as ideias dos homens não melhoram, à medida que eles são
iluminados e sua espiritualidade se desenvolve? Poderíamos asseverar que não há
diferença entre o Antigo e o Novo Testamento sobre uma questão tão importante
quanto a natureza de Deus? Deus não mudou, mas nossa compreensão sobre a
natureza divina certamente melhorou. A ira de Deus é uma realidade, mas apenas
é um dedo de Sua amorosa mão. Ele julga os homens a fim de melhorá-los. O juízo
divino é remedial, e não apenas retributivo.”[4]
Dito
isso, entramos então, agora, nas várias campanhas militares que vão de 5:13 a 12:24.
O
povo tinha seguido religiosamente as ordens acerca da missão de sitiar Jericó,
e agora finalmente Josué lhes disse (v. 16): “o Senhor vos tem dado a cidade,
entrai e tomai posse”.
AS REGRAS QUE ELES DEVERIAM
OBSERVAR AO TOMAR POSSE. Deus lhes dá a
cidade, e, portanto, pode colocar restrições e prescrições claras em relação ao
seu uso e limitações que Ele acha oportunos. A cidade lhes é dada para que seja
consagrada a Deus, como a primeira e talvez a pior de todas as cidades de
Canaã.
1.
A cidade deve ser queimada, e todas as vidas nela, sacrificadas sem
misericórdia, para a justiça de Deus. Tudo isso, eles sabiam que estava
incluído naquelas palavras (v. 17). A cidade deverá ser um cherem (Cherém ou Herém, é o mais alto grau de punição dentro do
judaísmo: a pessoa é totalmente excluída da comunidade judaica. Um dos motivos
que podem levar à exclusão da comunidade judaica é profanação de objetos
sagrados judaicos), uma coisa consagrada, ela e tudo o que nela existe, ao
Senhor. Nenhuma vida nela deverá ser resgatada sob qualquer condição. Todas
devem ser mortas (Lv 27:29).
Dessa forma, Ele estabelece de
quem, como criaturas, eles receberam a vida, e para quem, como pecadores,
tinham perdido o direito dela. E quem poderá
contestar essa sentença? Porventura, será Deus injusto, trazendo ira
sobre nós? (Rm 3:5). Que Deus nos perdoe se
ventilarmos esse tipo de pensamento! Foi possível ver mais da presença
de Deus na tomada de Jericó do que na de qualquer outra cidade de Canaã, e,
portanto, ela deve ser mais consagrada a Ele.
E o tratamento severo dessa cidade acabaria colocando pavor em todas as outras
e derreteria seus corações ainda mais diante de Israel. Quando esse
rigor é ordenado, somente Raabe e sua família são eximidas: Ela viverá com
todos que estiverem com ela. Ela se distinguiu de todos os seus vizinhos pela
bondade mostrada a Israel, e, portanto, será distinguida deles pela retribuição
rápida dessa bondade.
2.
Todo o tesouro da cidade, o dinheiro e os objetos de metal e os bens valiosos,
devem ser consagrados ao serviço do Tabernáculo. Eles devem ser levados ao
tesouro do Senhor porque, dizem os judeus, a cidade foi tomada no dia de
sábado. Dessa forma, Deus seria honrado pelo embelezamento e
enriquecimento do seu Tabernáculo. Assim, foram feitos preparativos para o
extraordinário dispêndio do seu serviço. E, dessa forma, os israelitas foram
ensinados a não colocar o coração na riqueza deste mundo, nem a acumular bens
terrenos para si mesmos. DEUS LHES HAVIA PROMETIDO UMA TERRA QUE MANA LEITE E MEL
(ÊX 3.8), NÃO UMA TERRA EM QUE ABUNDAVA PRATA E OURO. Porque Ele queria que vivessem confortavelmente nela, para que
pudessem servi-lo com alegria, mas que nem cobiçassem a ideia de negociar com
países distantes nem acumulassem para si mesmos riquezas. Ele também queria que
se considerassem ricos pelo enriquecimento do Tabernáculo, e considerassem
aquilo que foi armazenado na casa de Deus como se verdadeiramente fosse sua
própria honra e riqueza.
3.
Uma advertência especial é dada para não ficarem com o despojo proibido. Porque, se aquilo que foi consagrado a Deus fosse
tomado para o próprio uso deles, seria considerado anátema. Portanto, “tão-somente guardai-vos do anátema (v.
18). Vós sentireis um forte desejo de ficar com ela, mas examinai-vos e
apavorai-vos com a possibilidade de se apossar de alguma coisa sob anátema”.
Ele fala como se previsse o pecado de Acã, cujo relato lemos no capítulo
seguinte, quando ele apresenta esse motivo para a precaução: e assim façais maldito o arraial de Israel,
como foi o caso devido ao pecado de Acã.
A
abertura que foi feita para eles na cidade pela súbita queda do muro, ou pelo
menos parte do muro, onde eles se encontravam quando gritaram (v. 20) e o
muro caiu abaixo. Provavelmente, muita gente morreu, como os guardas que
estavam de sentinelas sobre ele, ou outras pessoas que se aglomeravam sobre ele
para observar os israelitas que marchavam ao redor dele. Lemos que MILHARES
MORRERAM COM A QUEDA DE UM MURO. AQUILO QUE CONSIDERAVAM SER SUA DEFESA ACABOU
SENDO SUA DESTRUIÇÃO. A súbita queda do muro,
sem dúvida, colocou os habitantes em tamanho choque, que eles não tinham força
nem disposição para oferecer qualquer resistência. Eles acabaram se tornando
uma presa fácil para a espada de Israel e reconheceram que não fazia sentido
algum fechar os portões contra o povo que tinha o Senhor, à testa deles (Mq 2:13
NVI - Aquele que abre o caminho irá adiante deles; passarão pela porta e
sairão. O rei deles, o Senhor, os guiará.”).
O DEUS DO CÉU PODE FACILMENTE, E
CERTAM ENTE O FARÁ, DERRUBAR TODOS OS PODERES CONTRÁRIOS DOS SEUS INIMIGOS E
DOS INIMIGOS DA SUA IGREJA. Portas de bronze e
ferrolhos de ferro são, diante dele, como feno e madeiro podre (Is 45 NVI 1 - “Assim
diz o Senhor ao seu ungido: a Ciro, cuja mão direita eu seguro com firmeza para
subjugar as nações diante dele e arrancar a armadura de seus reis, para abrir
portas diante dele, de modo que as portas não estejam trancadas: 2 - Eu irei
adiante de você e aplainarei montes; derrubarei portas de bronze e romperei trancas
de ferro.). Quem me conduzirá à cidade
forte? [...] Não serás tu, ó Deus?
(SI 60:9-10).
A
cidade e tudo quanto havia nela queimaram-no afogo (v. 24). Os
israelitas, talvez, quando tomaram Jericó, uma cidade grande e bem construída,
tivessem a esperança de que ela pudesse servir como seu quartel-general. Mas
Deus ainda queria que morassem em tendas, e, portanto, mandou queimar esse ninho,
para que não se aninhassem nele.
Toda prata e ouro, e todos os
vasos que tinham condições de ser purificados pelo fogo, foram trazidos para o
tesouro da casa do Senhor. Não que Ele precisasse dessas coisas, mas para que
fosse honrado por meio delas, como o Senhor dos exércitos, do seu exército em
particular. Ele era o Deus que tinha lhes dado
a vitória e, portanto, poderia exigir o despojo, ou o despojo inteiro, como
nesse caso, ou o dízimo, como ocorria às vezes (Hb 7:4 NVI - Considerem a
grandeza desse homem: até mesmo o patriarca Abraão lhe deu o dízimo dos
despojos!).
NO MEIO DAQUELE POVO CANANEU,
JULGADO E CONDENADO POR DEUS E DESTINADO À DESTRUIÇÃO, O SENHOR FOI ACHAR NÃO
UM PRÍNCIPE VIRTUOSO OU UM SÁBIO QUE OLHAVA AS ESTRELAS COMO OS MAGOS DO
ORIENTE, MAS UMA CAFETINA QUE TINHA UM PROSTÍBULO EM CIMA DO MURO DA CIDADE E
QUE SUSTENTAVA TODA A SUA FAMÍLIA POR MEIO DA PROSTITUIÇÃO. Deus escolheu exatamente aquela que, aos olhos de Israel,
era o pior tipo de pessoa, tanto que, quando ela se converteu, os israelitas a
colocaram do lado de fora do acampamento para só depois incluí-la no povo de
Deus.
Pensar
na misericórdia de Deus nos dá esperança de que ele pode salvar os piores
pecadores, estendendo a sua graça e misericórdia a você, a mim, aos nosso filhos
e pais, aos nossos parentes, ao seu marido ou esposa etc. Não desista.
Além
disso, DEUS NÃO SOMENTE PODE ALCANÇAR QUALQUER PESSOA COM A SUA GRAÇA,
MAS TRANSFORMAR COMPLETAMENTE A VIDA DELA. DE PROSTITUTA CANANEIA, RAABE FOI
ELEVADA, PELA FÉ, A ANCESTRAL DO NOSSO SENHOR JESUS CRISTO. DEUS PODE FAZER
ESSE TIPO DE COISA, E CREIO QUE ELE DESEJA NOS ANIMAR COM ESSA PALAVRA.
VOCÊ, QUE ESTÁ NO MEIO DO COMBATE, NO MEIO DO CONFLITO,
PASSANDO POR ANGÚSTIA E PROVAÇÃO, POR TEMPOS DIFÍCEIS, PROBLEMAS FINANCEIROS E
DE TODO TIPO, LEVANTE OS OLHOS E VEJA O SENHOR JESUS DIZENDO: “EU VIM PARA
ASSUMIR O COMANDO DA BATALHA. EU SOU O CHEFE DOS EXÉRCITOS DE DEUS; A BATALHA É
MINHA, E EU IREI À FRENTE, DANDO-LHE A VITÓRIA”.
Portanto,
NÃO DESISTA,
CONTINUE FIRME E CONFIE QUE ELE HAVERÁ DE LIDERAR NESSE MOMENTO DE ANGÚSTIA.
TALVEZ VOCÊ TENHA CAÍDO E SOFRIDO UMA DERROTA PELO MUNDO OU PELOS PRÓPRIOS
PECADOS. AGORA É O MOMENTO DE SE PERGUNTAR POR QUE CAIU. SERÁ QUE DEIXOU DE
CONFIAR NAS PROMESSAS OU DEIXOU DE OBEDECER A DEUS E DE ANDAR POR FÉ NA SUA
PALAVRA? LEMBRE-SE DE QUE A LUTA CONTINUA, QUE DEUS ESTENDE A MÃO E QUE ELE
QUER TOMÁ-LO DE ONDE VOCÊ ESTÁ E REINTEGRÁ-LO NA BATALHA, MAIS EXPERIENTE, MAIS
SÁBIO E MAIS PREPARADO.
É
preciso, no entanto, que você se arrependa e diga: “SENHOR, QUERO VOLTAR A LUTAR. NÃO QUERO ME ENTREGAR MAIS
NEM FICAR CAÍDO, MAS QUERO INTEGRAR AS TUAS FILEIRAS NO COMBATE ETERNO”.
POR OUTRO LADO, SE DEUS O TEM ABENÇOADO COM CONQUISTAS E
VITÓRIAS, LEMBRE-SE DE QUE A GLÓRIA É DELE. O DESPOJO É DELE. QUANDO DEUS NOS
DÁ A VITÓRIA, TEMOS A TENDÊNCIA DE IR PEGAR O DESPOJO, COMO SE TIVÉSSEMOS
CONQUISTADO AQUILO. DEUS DIZ, NO ENTANTO, QUE TODA A GLÓRIA PERTENCE A ELE. E
ELE NÃO DIVIDE A GLÓRIA DELE COM NINGUÉM. ENTÃO, SE DEUS O ABENÇOOU, ANDE
HUMILDEMENTE DIANTE DELE E DOS IRMÃOS.
SE DEUS O TEM FEITO VITORIOSO, ANDE COM MANSIDÃO DIANTE
DELE E DOS SEUS IRMÃOS, LEMBRANDO QUE A VITÓRIA VEM DELE E QUE, PORTANTO, A
GLÓRIA É DELE, AGORA E PARA SEMPRE.
Capítulo 7
NOSSO PIOR LADO OCULTO E COMO LIDAR COM ELE
Para
dar ao povo de Israel a terra que ele havia prometido a Abraão, Deus impôs uma
condição: a observância de todos os mandamentos escritos no Livro da Lei dado a
Moisés.
Jericó
foi a primeira cidade a ser conquistada, e os capítulos 5 e 6 mostram como
Josué chama e prepara os israelitas para a guerra com aquela cidade
fortificada. Deus orienta Josué a respeito da conquista e diz que, após a queda
do muro, Israel deveria entrar na cidade e eliminar toda aquela gente. O ouro e
a prata da cidade, no entanto, não deveriam ser levados, pois eram do Senhor, a
quem pertence o despojo. (depois é revelado o objetivo prático de tal ordem,
que era a construção do Templo de Deus, pois para que se executassem as obras
seriam necessários os recursos ali encontrados). Assim, o despojo encontrado em
Jericó era condenado para Israel. O povo obedeceu a Deus, como vimos no
capítulo 6. O capítulo 7, porém, narra um episódio de desobediência.
O pecado de Acã e a derrota de Israel
Um
soldado no meio daqueles milhares de israelitas resolveu desobedecer a Deus e
se apossou de alguns bens preciosos e os guardou em sua tenda. Isso trouxe grande
desgraça ao povo de Israel, pois a próxima cidade, Ai, menor que Jericó e
aparentando ser uma conquista fácil, tornou-se uma grande derrota para o
exército de Josué.
A
lição do capítulo 7 é que o segredo da nação de Israel era a presença de Deus
no seu meio. Os israelitas eram inferiores, militarmente falando, às nações
daquela terra. Eles não tinham estratégias, não conheciam a região e estavam em
desvantagem em relação aos povos que ali habitavam. O que daria a Israel a
vitória era a presença de Deus; ele era o segredo e a força da nação. No
momento em que o Senhor já não estivesse mais com o povo, este estaria entregue
nas mãos de seus inimigos. Podemos resumir o capítulo 7 desta forma: Se Deus é
por nós, quem será contra nós? Mas e se, ele for contra nós?
Aqui
ficará evidente que só existe uma única coisa que nos coloca distantes de Deus,
e distantes d’Ele, é dizer “contra Ele”: as nossas piores imperfeições, os
nossos pecados, desobediências, orgulhos, egoísmos, rancores, tudo isso que
evitamos, do que fugimos e não tratamos junto ao próprio Pai, em oração para
que nos ajude, pois sozinhos não podemos, nunca conseguimos (é o que Acã faz no
v. 21).
Josué
7 NVI
O Pecado de Acã e suas Consequências
1
- Mas os israelitas foram infiéis com relação às coisas consagradas. Acã, filho
de Carmi, filho de Zinri (alguns manuscritos dizem Zabdi), filho de Zerá, da
tribo de Judá, apossou-se de algumas delas. E a ira do Senhor acendeu-se contra
Israel.
2
- Sucedeu que Josué enviou homens de Jericó a Ai, que fica perto de
Bete-Áven, a leste de Betel, e ordenou-lhes: “Subam e espionem a região”. Os
homens subiram e espionaram Ai.
3
- Quando voltaram a Josué, disseram: “Não é preciso que todos avancem
contra Ai. Envie uns dois ou três mil homens para atacá-la. Não canse todo o
exército, pois eles são poucos”.
4
- Por isso CERCA DE TRÊS MIL HOMENS ATACARAM A CIDADE; MAS OS HOMENS DE
AI OS PUSERAM EM FUGA,
5
- chegando a matar trinta e seis deles. Eles perseguiram os israelitas desde a
porta da cidade até Sebarim e os feriram na descida. Diante disso O POVO
DESANIMOU-SE COMPLETAMENTE.
AQUI SE PODE VER A “DINÂMICA” DA
DESOBEDIÊNCIA DE ACÃ: PRIMEIRO ACÃ VÊ, DEPOIS COBIÇA, EM SEGUIDA TOMA E, POR
ÚLTIMO, ESCONDE. É ASSIM QUE O PECADO FUNCIONA: PRIMEIRO COLOCAMOS OS OLHOS
ONDE NÃO DEVEMOS, DEPOIS COBIÇAMOS O QUE VIMOS, EM SEGUIDA DAMOS UM JEITO DE
TOMAR OU PRATICAR TAL COISA E, POR FIM, ESCONDEMOS OS RASTROS, PARA QUE NINGUÉM
SAIBA O QUE FIZEMOS, PORQUE A NOSSA CONSCIÊNCIA DIZ QUE AQUILO ESTÁ ERRADO, E
ASSIM PREFERIMOS OCULTAR. FOI O QUE ACÃ FEZ. E NÃO É ASSIM TAMBÉM QUE OCULTAMOS
– ÀS VEZES NUMA TENTATIVA VÃ, ATÉ DE NÓS MESMOS – OS NOSSOS ERROS? COMO É BOM
TER A CABEÇA À NOITE, NO TRAVESSEIRO, COM A CONSCIÊNCIA TRANQUILA!
Na situação diante de Ai, a verdade é que mais de uma vez encontramos que Israel, mesmo quando estava numa disposição muito favorável e diante de perspectivas extremamente esperançosas, foi atrapalhado pelo pecado, e experimentou uma interrupção nos procedimentos mais promissores. O bezerro de ouro, a murmuração em Cades e a iniqüidade de Peor tinham excedido suas medidas e trazido grande perturbação para o povo. E nesse capítulo temos mais um exemplo da interrupção do progresso do seu exército por causa do pecado.
Note,
voltando ao primeiro versículo, que Acã pensou que ninguém estava vendo, mas
Deus estava, e diz o texto que a sua ira se acendeu contra os filhos de Israel.
QUEM PECOU NÃO FOI ACÃ? POR QUE A IRA DO SENHOR SE ACENDEU CONTRA OS
ISRAELITAS? Por que o texto não diz “a ira do
SENHOR acendeu-se contra Acã”? Encontramos a resposta na doutrina da aliança.
Somos o povo de Deus; somos irmãos e fazemos parte da mesma família. O que
acontece com um acontece com todos, e o pecado de um é o pecado de todos. O Senhor
se ira com sua família por causa dos pecados cometidos no meio do povo e que
não estão sendo tratados. A ira de Deus se acendeu contra toda a nação por
causa de um homem.
Quando
alguém peca e esconde seu pecado pode pensar que nada está acontecendo, mas
isso – mais cedo ou mais tarde - vai afetar seu cônjuge, seus filhos, sua
igreja, seu local de trabalho e todas as pessoas ao seu redor.
A
derrota vem depois da desobediência. Veja o que diz o texto (7:2-5), lembrando
que Josué não sabia ainda o que havia acontecido. Josué não sabia da atitude de
Acã; então mandou um grupo de espiões fazer o reconhecimento de Ai — uma
espécie de inteligência militar. Os espias então concluíram que a cidade, por
ser pequena e desprotegida, mesmo estando no alto de um morro, poderia ser
facilmente derrotada, motivo pelo qual não seria necessário enviar os
esquadrões inteiros.
Um
número pequeno de soldados daria conta da batalha, e os israelitas estavam
confiantes de que aconteceria com Ai o mesmo que ocorrera com Jericó; afinal,
Deus não era com eles?
Josué, a essa altura (e diz o
texto que ele nem consultou a Deus, como de costume), subestimou a situação e,
julgando que o Senhor estivesse ao seu lado, destacou o pelotão que derrubaria
Ai. Para surpresa de Israel, os homens de Ai lutaram como leões, e parecia que
era com eles que Deus estava. O resultado foi a derrota dos israelitas, que
perderam “cerca de trinta e seis” soldados e tiveram de voltar para casa
correndo morro abaixo. Tudo por causa do pecado de um homem.
O coração do povo então se
derreteu, e ninguém entendia como eles haviam conquistado Jericó e agora
estavam derrotados. A resposta é que Deus
estava com eles em Jericó e, em Ai, não estava mais. O Senhor estava irado com
o seu povo, e, se ele está contra a sua gente, a derrota pode vir até de uma cidade
como Ai. Como se diria há anos atrás “deu zebra”, ou atualmente, “foi um mico”.
A
história desse capítulo começa com um mas (versão inglesa KJV; e, versão RC).
Era o Senhor com Josué; e corria a sua fama por toda a terra. Assim termina o
capítulo anterior. Isso não deixa dúvidas de que continuaria como havia
começado. Ele saiu vitorioso e para vencer (Ap 6:2). Ele fazia o que era certo
e cumpria suas ordens em tudo.
Mas
os filhos de Israel cometeram um a transgressão (versão inglesa KJV), e assim colocaram
Deus contra eles. Dessa forma, nem mesmo o nome e a fama de Josué, sua
sabedoria e coragem, lhes eram úteis. Se perdemos nosso Deus, perdemos
nossos amigos, que não nos podem ajudar a não ser que Deus esteja do nosso lado.
O
pecado de Acã, no primeiro versículo apenas faz uma menção geral do pecado de
Acã. Mais tarde, temos um relato pormenorizado da sua própria boca. O pecado
aqui tinha que ver com o anátema, em desobediência à ordem e em desafio à
ameaça (cap. 6:18). NO SAQUE DE JERICÓ, A ORDEM ERA NÃO POUPAR VIDAS NEM
TOMAR TESOURO ALGUM PARA SI PRÓPRIO. NÃO LEMOS ACERCA DA QUEBRA DA PRIMEIRA
PROIBIÇÃO (ELES NÃO MOSTRARAM MISERICÓRDIA A NINGUÉM), MAS DA ÚLTIMA: A
COMPAIXÃO FOI DEIXADA DE LADO PARA CEDER À LEI, MAS A COBIÇA FOI TOLERADA.
O AMOR DO MUNDO É ESSA RAIZ DE
AMARGURA QUE DE TODAS AS OUTRAS É A MAIS DIFÍCIL DE SER ARRANCADA. Contudo, a história de Acã é uma notificação clara
de que ele, entre todos os milhares de Israel, foi o único delinquente nessa questão.
Se houvesse mais pessoas culpadas do mesmo pecado, sem dúvida teríamos ouvido
falar disso. E é estranho que não tenha havido mais. A tentação era forte.
Era
fácil sugerir que era pena ver tantas coisas valiosas sendo queimadas. Qual a
finalidade desse desperdício? Nas cidades saqueadas, cada homem procurava ficar
com tudo o que suas mãos conseguissem pegar. Era fácil prometer a si próprio
sigilo e impunidade. Contudo, pela graça de Deus, essas impressões eram
deixadas na mente dos israelitas pelas ordenanças de Deus, pela circuncisão e a
Páscoa, das quais tinham sido participantes ultimamente, e pelas providências
de Deus em relação a eles, de maneira que ficavam estupefatos em relação ao
preceito e julgamento divinos, e generosamente se negavam a si mesmos em
obediência ao seu Deus.
E,
vale repetir, embora fosse uma única pessoa que tivesse pecado, lemos que foram
os filhos de Israel que prevaricaram, porque alguém do corpo havia prevaricado,
e ele ainda não havia sido separado deles, nem repudiado por eles. Eles cometeram
pecado, isto é, pelo que Acã fez, a culpa foi colocada sobre toda a sociedade
da qual ele era membro.
ISSO DEVE SER UMA ADVERTÊNCIA PARA NÓS PARA TOMARMOS
CUIDADO COM NOSSOS PRÓPRIOS PECADOS, PARA QUE MUITOS NÃO ACABEM SENDO
CONTAMINADOS OU PREJUDICADOS (HB 12:15 NVI - CUIDEM QUE NINGUÉM SE EXCLUA DA
GRAÇA DE DEUS; QUE NENHUMA RAIZ DE AMARGURA BROTE E CAUSE PERTURBAÇÃO,
CONTAMINANDO MUITOS;), E PARA ACAUTELAR-NOS DA COMUNHÃO COM PECADORES E DA
ALIANÇA COM ELES, PARA QUE NÃO COMPARTILHEMOS DA SUA CULPA. MUITOS NEGOCIANTES
ACABARAM FALINDO POR CAUSA DE UM SÓCIO DESLEIXADO. PRECISAMOS CUIDAR UNS DOS
OUTROS PARA QUE O PECADO SEJA EVITADO, PORQUE OS PECADOS DOS OUTROS PODEM
RESULTAR EM NOSSO DANO.
O
sofrimento do acampamento de Israel pela mesma razão: a ira do Senhor se
acendeu contra os filhos de Israel, Ele viu a violação, embora eles não tenham
visto, e apresenta um caminho para que possam vê-la. De uma maneira ou de
outra, mais cedo ou mais tarde, os pecados secretos serão trazidos à luz. Se os
homens não investigam acerca deles, Deus o faz, e com sua investigação Ele
despertará a investigação deles.
Muitas
comunidades estão debaixo da culpa e ira e não estão cientes disso até que o
fogo irrompe: aqui ele irrompeu rapidamente.
Na
sua retirada, Israel perdeu cerca de 36 homens: na verdade, não foi uma perda
tão significativa, mas uma surpresa terrível para aqueles que não tinham motivo
para esperar nada além de uma vitória clara, fácil e certa. E agora, como é
demonstrado, foi bom que somente 3.000 estivessem debaixo dessa desgraça. Se
todo o exército estivesse lá, eles também não teriam sido capazes de defender
seus postos, porque agora estavam debaixo da culpa e ira divina. A derrota
teria sido bem mais grave e desonrosa se todo o exército estivesse envolvido na
batalha.
No
entanto, foi ruim o suficiente do jeito que foi, e serviu: (1) Para humilhar o
Israel de Deus, e ensiná-lo a sempre alegrar-se com tremor. Não se gabe quem se
cinge como aquele que se descinge. (2) Para ndurecer os cananeus e torná-los
ainda mais seguros, não obstante os terrores que lhes sobrevieram, para que a
sua ruína, quando viesse, fosse ainda mais pavorosa. (3) Para ser uma evidência
do desagrado de Deus com Israel e um apelo para desfazer-se do fermento velho (1
Co 5:7). E essa foi a intenção principal na derrota deles.
A
retirada desse destacamento em tumulto deixou todo o acampamento de Israel
amedrontado: o coração do povo se derreteu, não tanto pela perda como pelo
desapontamento. Josué tinha lhes assegurado que o Deus vivo de todo lançaria de
diante deles os cananeus (cap. 3:10). De que maneira esse acontecimento podia
ser harmonizado com essa promessa? Para cada um deles, isso parecia uma
indicação do desagrado de Deus e um presságio de algo pior. Portanto, não é de
admirar que isso os deixasse tão transtornados. Se Deus se tornasse o inimigo
deles e lutasse contra eles, o que seria deles? Israelitas genuínos tremem
quando Deus está irado.
A sequência do pecado de Acã
Dos
versículos 6 a 9 vemos o desespero de Josué. A sequência é: desobediência,
derrota e desespero.
Josué
7 NVI
6
- Então Josué, com as autoridades de Israel, rasgou as vestes,
prostrou-se com o rosto em terra, diante da arca do Senhor, cobrindo de terra a
cabeça, e ali permaneceu até a tarde.
7
- Disse então Josué: “AH, SOBERANO SENHOR, POR QUE FIZESTE ESTE POVO
ATRAVESSAR O JORDÃO? FOI PARA NOS ENTREGAR NAS MÃOS DOS AMORREUS E NOS
DESTRUIR? ANTES NOS CONTENTÁSSEMOS EM CONTINUAR NO OUTRO LADO DO JORDÃO!
8
- QUE PODEREI DIZER, SENHOR, AGORA QUE ISRAEL FOI DERROTADO POR SEUS
INIMIGOS?
9 - Os cananeus e os demais habitantes
desta terra saberão disso, nos cercarão e eliminarão o nosso nome da terra. QUE
FARÁS, ENTÃO, PELO TEU GRANDE NOME?”
O DESESPERO TOMOU CONTA DE JOSUÉ. Ele não sabia por que Deus não estava mais com o
seu povo, e fez a única coisa que a liderança podia fazer: rasgou as suas
vestes (no antigo mundo oriental, um símbolo de desespero e tristeza), chamou o
restante da liderança, colocou-se diante da Arca da Aliança e chorou,
lamentou-se e gritou diante de Deus. Ele clamou e disse que, se as coisas
seriam daquela forma, melhor seria se eles tivessem ficado do outro lado do
rio, e indagou ao Senhor por que ele os conduziu para o outro lado do Jordão a
fim de que morressem nas mãos daqueles homens. Percebe-se que Josué sabia orar,
pois ELE TOCA NO PONTO SENSÍVEL DE DEUS.
Podemos
parafrasear seu raciocínio desta forma: “Se formos destruídos, o problema vai
respingar em ti, porque todos os povos daqui sabem que o Senhor dos Exércitos
nos tirou do Egito. E O QUE VÃO DIZER? QUE COMEÇASTE A TUA OBRA, MAS NÃO
A TERMINASTE, E QUE NÃO TIVESTE FORÇA PARA CUMPRIR TUAS PROMESSAS. DEUS, O QUE
ESTÁ EM JOGO AQUI É O TEU NOME!”.
AGORA VOCÊ DESCOBRIU POR QUE BOA PARTE DAS ORAÇÕES NÃO É
ATENDIDA: PORQUE NÃO SE USA O ARGUMENTO CERTO COM DEUS. ALGUÉM O ABORDA E DIZ:
“EU QUERO ISSO PORQUE QUERO”. E ELE DIZ: “E DAÍ?”. AGORA, QUANDO SE DIZ:
“SENHOR, OUVE A MINHA ORAÇÃO, PORQUE, SE ISSO ACONTECER, A GLÓRIA SERÁ TUA E O
TEU NOME SERÁ ENGRANDECIDO. AS PESSOAS VERÃO QUE TU ÉS DEUS”. ESSE É O MAIOR
ARGUMENTO QUE SE PODE USAR PERANTE ELE. DEUS PREZA, ACIMA DE TUDO, A SUA GLÓRIA
E O SEU PRÓPRIO NOME. Josué sabia
disso, e é por isso que ele orou dessa maneira.
O
relato é afinal, a demonstração da profunda tristeza e preocupação de Josué.
Como homem público que era, ele se interessava mais do que qualquer outra
pessoa por essa perda também pública. Deve ser tomado como exemplo para Príncipes,
Reis e todos os homens notáveis. Ele deixa claro que se deve levar muito a sério
a desgraça, que ocorreu com seu povo: ele também é um tipo de Cristo, para quem
o sangue dos seus súditos é precioso (Salmos 72:14 NVI - Ele os resgata da
opressão e da violência, pois aos seus olhos a vida deles é preciosa).
O
modo como ele se angustiou: ele rasgou suas vestes (v. 6), como sinal de grande
tristeza devido a essa desgraça pública, e especialmente ao temor que sentia
com o desagrado de Deus. Se tivesse sido uma mera consequência da guerra, um
general não se deixaria abalar; mas, quando Deus estava irado, era seu dever e
honra sentir-se dessa maneira.
Um dos soldados mais corajosos de
que se tem conhecimento reconheceu que seu corpo
se arrepiou com o temor de Deus (Salmos 119:120). Como alguém que se humilhou debaixo da potente mão de Deus,
ele se prostrou em terra sobre o seu
rosto. Ele não achou que fosse qualquer descrédito ficar prostrado daquela
forma perante o grande Deus, a quem ele dirigia esse sinal de reverência, ao
voltar seus olhos para a arca do Senhor. Os anciãos de Israel, tendo interesse
na causa e sendo influenciados pelo exemplo dele, prostraram-se com ele e, em
sinal de profunda humilhação, deitaram pó sobre as suas cabeças, não apenas
como pranteadores, mas como penitentes. ESTE É O RESPEITO QUE SENTIAM,
AO MODO E CULTURA DA ÉPOCA, EM RELAÇÃO A DEUS NO SENTIDO DE NÃO TEREM OBTIDO
SUCESSO E PENSAREM NÃO ESTAR REALIZANDO A VONTADE DE DEUS COMO DEVIAM. É UM
SENTIDO IMPORTANTE E QUE MOSTRA A RESPONSABILIDADE COM QUE O CRISTÃO DEVE
ABRAÇAR A OPORTUNIDADE DOS DIAS DE VIDA QUE TEM E COMO “FUNCIONA” NESTES DIAS.
Eles
não tinham dúvida de que era por causa de algum pecado que Deus estava
contendendo com eles (embora não soubessem o que era). Eles se humilharam
diante de Deus, e dessa forma impediram o progresso da sua ira. Eles
continuaram dessa forma até à tarde, para mostrar que NÃO ERA O RESULTADO DE UM
SENTIMENTO REPENTINO, MAS EMANAVA DE UMA CONVICÇÃO profunda da sua miséria e do perigo de se Deus de
alguma forma tivesse sido afrontado e pudesse se afastar deles.
JOSUÉ NÃO ACUSOU OS ESPIAS POR
CAUSA DA INFORMAÇÃO ERRADA EM RELAÇÃO À FORÇA DO INIMIGO, NEM OS SOLDADOS PELA
SUA COVARDIA, EMBORA TALVEZ AMBOS FOSSEM CENSURÁVEIS, MAS SEU OLHO ESTAVA
VOLTADO PARA DEUS; porque há alguma maldade no
acampamento que ele não a tenha feito? ELE RECONHECE QUE O SENHOR ESTÁ
DESCONTENTE, E ISSO O PREOCUPA.
O
modo como ele orou, antes até, rogou, humildemente examinando o caso com Deus,
não mal-humorado, como Davi demonstrou ficar muitas vezes (quando a ira de Deus
se acendeu contra Uzá), mas muito abalado. Seu espírito parecia agitado e
desnorteado, mas não a ponto de deixar de orar por respostas, por orientação. Não
deixa de ser uma forma de expressar um arrependimento por não servir como
deveria. Em não usar as suas capacidades para dar frutos.
Agora
Josué deseja que todos tenham ficado com as duas tribos no outro lado do Jordão
(v. 7). Ele acha que teria sido melhor ter ficado lá com menos terra do que ser
eliminado da terra. Isso cheira a descontentamento e desconfiança demais contra
Deus, e não pode ser justificado, apesar de que a surpresa e desapontamento
pelo que ocorreu possam desculpar em parte a sua atitude.
Estas
palavras: porque, com efeito, fizeste
passar a este povo o Jordão [...] para nos fazerem perecer?, são bastante
parecidas com o que os murmuradores frequentemente dizem (Êx 14:11,12; 16:3; 17:3;
Nm 14:2,3).
Mas
aquele que examina o coração sabia que essas palavras vinham de um outro
espírito, e, portanto, não foi severo em condenar suas palavras impróprias. Se
Josué tivesse considerado que esse desalinho na sua missão de ocupação procedia
de algo errado, que poderia ser facilmente corrigido e tudo colocado em ordem
novamente (como ocorria com frequência nos tempos dos seus antecessores), ele
não teria falado desse episódio como se estivessem sendo entregues nas mãos dos amorreus para os fazerem
perecer. Deus sabe o que faz, embora nós não o saibamos. Mas DE UMA
COISA PODEMOS ESTAR CERTOS, QUE ELE NUNCA FEZ E NUNCA FARÁ NENHUMA INJUSTIÇA CONTRA
NÓS.
Ele
fala como alguém que está um tanto confuso quanto ao significado desse
acontecimento (v. 8): “Que direi, que compreensão posso ter disso,
quando Israel, teu próprio povo, por quem realizaste coisas tão grandiosas
ultimamente e a quem prometeste a posse plena dessa terra, quando eles viram as
costas diante dos seus inimigos” (seus pescoços, esse é o significado da
palavra), “quando eles não só fogem diante deles, mas caem diante deles e se
tornam suas presas? Como vamos entender o poder divino? Será que o teu braço,
Senhor, está encolhido? O que pensaremos da promessa divina? É a tua palavra
realmente sim e não? Como devemos entender aquilo que Deus fez por nós? Será
que tudo isso foi em vão?”
OS MÉTODOS DA PROVIDÊNCIA SÃO COM FREQUÊNCIA COMPLEXOS E
DESCONCERTANTES, A PONTO DE OS HOMENS MAIS SÁBIOS E MELHORES NÃO SABEREM O QUE
DIZER. MAS ELES O SABERÃO DEPOIS (Jo
13:7 NVI - Vocês vão falar com maldade em nome de Deus? Vão falar enganosamente
a favor dele?).
Ele
argumenta quanto ao perigo que Israel estava enfrentando, prestes a ser
destruído. Ele entende que todos estão perdidos: “os cananeus nos cercarão,
concluindo que agora nossas defesas inexistem e os ventos estão soprando a
favor deles, e logo seremos tão desprezados quanto éramos temidos. Eles
acabarão desarraigando o nosso nome da terra" (v. 9).
Dessa
forma, MESMO HOMENS BONS, QUANDO AS COISAS ESTÃO CONTRA ELES, ESTÃO
INCLINADOS A TEMER O PIOR, E CHEGAM A CONCLUSÕES MAIS SEVERAS DO QUE REALMENTE
DEVERIAM CHEGAR. QUANTAS VEZES IMAGINAMOS COISAS TÃO NEGATIVAS QUE JAMAIS
ACONTECERAM?
Mas
então vem a súplica: “Senhor, não permitas que o nome de Israel, que tem sido
tão precioso para ti e tão poderoso no mundo, seja eliminado”. Ele argumenta
acerca do opróbrio que seria lançado contra Deus, e que, se Israel fosse
destruído, sua glória seria afetada. Eles desarraigarão o nosso nome da terra,
diz ele. Mas, como se tivesse corrigido a si próprio ao insistir nisso, não é
de grande importância (pensa ele) o que virá a ser do nosso insignificante nome
(a eliminação dele será uma perda pequena), MAS QUE FARÁS AO TEU GRANDE
NOME. ISSO ELE LAMENTA COMO O GRANDE AGRAVANTE DESSA CATÁSTROFE. ELE TEMIA QUE
ISSO PUDESSE PREJUDICAR A SABEDORIA E O PODER, A BONDADE E A FIDELIDADE DE
DEUS. O
QUE DIRIAM OS EGÍPCIOS?
Nada
é mais doloroso para uma alma graciosa do que a desonra feita ao nome de Deus.
Isso também, ele insiste, é um apelo para o impedimento dos seus medos e para o
retorno do favor de Deus. ESSA É A ÚNICA PALAVRA EM TODO O SEU DISCURSO QUE TRAZ CERTO
ENCORAJAMENTO, E ELE CONCLUI COM ELA, INFERINDO ISTO: PAI, GLORIFICA O TEU
NOME. O NOME DE DEUS É UM GRANDE NOME, ACIMA DE TODO NOME; E, INDEPENDENTEMENTE
DO QUE ACONTEÇA, DEVEMOS CRER E ORAR QUE ELE OPERE EM FAVOR DO SEU PRÓPRIO
NOME, PARA QUE NÃO SEJA PROFANADO.
ESSA TAMBÉM DEVERIA SER A NOSSA PREOCUPAÇÃO, MAIS QUE
QUALQUER OUTRA COISA. NISSO DEVEMOS FIRMAR OS NOSSOS OLHOS COMO O FIM DE TODOS
OS NOSSOS DESEJOS, E DISSO DEVEMOS EXTRAIR NOSSO ALENTO COMO O FUNDAMENTO DE
TODAS AS NOSSAS ESPERANÇAS. NÃO PODEMOS RECOMENDAR UMA JUSTIFICATIVA MELHOR DO
QUE ESSA: SENHOR, QUE FARÁS AO TEU GRANDE NOME? QUE DEUS SEJA GLORIFICADO EM
TUDO, E ENTÃO ACOLHA A SUA PLENA VONTADE.
A sequência do pecado de Acã (parte 2)
Josué
7 NVI
10
- O Senhor disse a Josué: “LEVANTE-SE! POR QUE VOCÊ ESTÁ AÍ PROSTRADO?
11
- ISRAEL PECOU. VIOLOU A ALIANÇA QUE EU LHE ORDENEI. Apossou-se de coisas consagradas, roubou-as,
escondeu-as e as colocou junto de seus bens.
12
- Por isso os israelitas não conseguem resistir aos inimigos; fogem deles
porque se tornaram merecedores da sua destruição. NÃO ESTAREI MAIS COM
VOCÊS, SE NÃO DESTRUÍREM DO MEIO DE VOCÊS O QUE FOI CONSAGRADO À DESTRUIÇÃO.
13
- “VÁ, SANTIFIQUE O POVO! DIGA-LHES: SANTIFIQUEM-SE PARA AMANHÃ, POIS
ASSIM DIZ O SENHOR, O DEUS DE ISRAEL: HÁ COISAS CONSAGRADAS À DESTRUIÇÃO NO
MEIO DE VOCÊS, Ó ISRAEL. VOCÊS NÃO CONSEGUIRÃO RESISTIR AOS SEUS INIMIGOS
ENQUANTO NÃO AS RETIRAREM.
14
- “Apresentem-se de manhã, uma tribo de cada vez. A tribo que o Senhor escolher
virá à frente, um clã de cada vez; o clã que o Senhor escolher virá à frente, uma
família de cada vez; e a família que o Senhor escolher virá à frente, um homem
de cada vez.
15 - AQUELE QUE FOR PEGO
com as coisas consagradas será queimado no fogo com tudo o que lhe pertence. VIOLOU
A ALIANÇA DO SENHOR E COMETEU LOUCURA EM ISRAEL!”
Lembramo-nos do que Josué
questionou a Deus: "Qual é a razão disso?" (Josué 7:7) Deus
disse-lhe: "Josué, levante-se do seu rosto. Não ore para mim agora. Há
pecado no acampamento. Vá procurá-lo."
Finalmente, depois de procurar por todas as fileiras de Israel, eles foram para
Acã, sua família e Acã confessou.
Temos
aqui a resposta de Deus à oração de Josué, que, podemos supor, veio do oráculo
sobre a arca, diante da qual Josué havia se prostrado (v. 6). Aqueles que
desejam conhecer a vontade de Deus devem dar ouvidos aos oráculos vivos de Deus
e aguardar à porta da sabedoria pelas suas ordens (Pv 8:34 NVI - Como é feliz o
homem que me ouve, vigiando diariamente à minha porta, esperando junto às
portas da minha casa.).
E
que aqueles que se encontram debaixo dos sinais do desagrado de Deus nunca reclamem
dele, mas reclamem “a” Ele, e eles receberão uma resposta de paz. A resposta
veio imediatamente, estando ele ainda falando (Is 65:24 NVI - Antes de
clamarem, eu responderei; ainda não estarão falando, e eu os ouvirei.), como
aconteceu com Daniel (Dn 9:20-ss.[1]).
Deus
anima Josué no seu presente desânimo, e nas preocupações negras e melancólicas
que ele tinha com a presente situação de Israel (v. 10): “Levanta-te! Não
sofras nem desfaleças no teu espírito. Por que estás prostrado assim sobre o
teu rosto?” Sem dúvida, Josué fez bem em humilhar-se diante de Deus, e prantear
como fez, diante dos sinais do seu desagrado. Mas agora DEUS DEIXOU
CLARO QUE BASTAVA. O SENHOR NÃO QUERIA QUE ELE CONTINUASSE NESSA POSTURA
MELANCÓLICA, PORQUE ELE NÃO TEM PRAZER NA AFLIÇÃO DOS PENITENTES QUANDO AFLIGEM
SUAS ALMAS ALÉM DO NECESSÁRIO PARA SEREM PERDOADOS E EXPERIMENTAREM A PAZ. OS
DIAS DESSA TRISTEZA DEVEM ACABAR. SACODE O PÓ, LEVANTA-TE (IS 52:2A NVI -
SACUDA PARA LONGE A SUA POEIRA; LEVANTE-SE).
Josué continuou seu lamento até à
tarde (v. 6), tão tarde que não puderam fazer mais nada naquela noite para descobrirem
o malfeitor, mas foram forçados a adiar essa situação até a manhã seguinte. Daniel
(Dn 9:21) e Esdras (Ed 9:5-6) continuaram seu lamento somente até a hora do
sacrifício da tarde. Isso trouxe novo alento a ambos. Mas Josué foi além do
tempo estipulado, e, por essa razão, é dessa forma despertado: “Levanta-te, não
fiques prostrado a noite toda”.
Também lemos que Moisés
prostrou-se diante do Senhor 40 dias e 40 noites, para interceder por Israel (Dt 9:18). JOSUÉ DEVE SE LEVANTAR PORQUE TEM
MAIS TRABALHO PARA FAZER DO QUE FICAR PROSTRADO ALI. A COISA AMALDIÇOADA DEVE
SER DESCOBERTA E ELIMINADA, E QUANTO ANTES MELHOR. JOSUÉ É O HOMEM QUE DEVE
TOMAR A DIANTEIRA DISSO, E, PORTANTO, ESTÁ NA HORA DE DEIXAR DE LADO SEU TRAJE
DE LAMENTO E VESTIR SEU MANTO DE JUIZ, COBRIR-SE DE ZELO, COMO DE UM MANTO (Is 59:17 NVI - Usou a justiça como couraça, pôs na
cabeça o capacete da salvação; vestiu-se de vingança e envolveu-se no zelo como
numa capa.).
O CHORO NÃO DEVE IMPEDIR A
SEMEADURA, NEM UM DEVER RELIGIOSO OCORRER EM DETRIMENTO DE OUTRO. CADA COISA É
BONITA EM SUA ÉPOCA. Secanias talvez tivesse em mente esse aspecto pelo que
disse a Esdras numa ocasião semelhante.
(Esdras 10 NVI - 2Então Secanias, filho de Jeiel, um dos descendentes de Elão,
disse a Esdras: “Fomos infiéis ao nosso Deus quando nos casamos com mulheres
estrangeiras procedentes dos povos vizinhos. Mas, apesar disso, ainda há
esperança para Israel. 3Façamos agora um acordo diante do nosso Deus e mandemos
de volta todas essas mulheres e seus filhos, segundo o conselho do meu senhor e
daqueles que tremem diante dos mandamentos de nosso Deus. Que isso seja feito
em conformidade com a Lei. 4Levante-se! Esta questão está em suas mãos, mas nós
o apoiaremos. Tenha coragem e mãos à obra!”).
No
v. 11 Deus informa a Josué a causa de tudo aquilo diante de Ai. “NÃO
PENSE QUE DEUS MUDOU DE OPINIÃO, QUE SEU BRAÇO ESTÁ ENCOLHIDO, QUE SUA PROMESSA
FALHOU. NÃO, O MOTIVO É O PECADO, ESSE GRANDE PROMOTOR DE DESORDENS, QUE
INTERROMPEU O FLUXO DOS FAVORES DIVINOS E CAUSOU ESSE MAL-ESTAR EM VOCÊS”. O pecador não é citado, embora o pecado tenha sido
descrito, mas é visto como um ato cometido por Israel como um todo, até que encontrem
a pessoa em particular, e tenham sido contristados segundo Deus e se mostrem puros
neste negócio (2 Co 7:11 NVI - Vejam o que esta tristeza segundo Deus produziu
em vocês: que dedicação, que desculpas, que indignação, que temor, que saudade,
que preocupação, que desejo de ver a justiça feita! Em tudo vocês se mostraram
inocentes a esse respeito.)
Eles
haviam transgredido o concerto, um
preceito expresso com um castigo acrescentado a ele. Houve um acordo em que
Deus ficaria com todo despojo de Jericó e eles ficariam com o despojo do
restante das cidades de Canaã. Mas ao
roubar Deus, eles transgrediram esse concerto.
Eles
até tomaram da coisa consagrada, em desrespeito à maldição que foi tão
solenemente pronunciada contra aquele que se atrevesse a arrombar a propriedade
de Deus, como se a maldição não tivesse
nada de temível.
Eles
também furtaram. Eles o fizeram
clandestinamente, como se pudessem ocultar algo da onisciência divina, e
estavam prontos a dizer: O Senhor não o
verá (Salmos 94:7), ou não se incomodará com uma questão tão pequena de um
despojo tão grande. Portanto, o Senhor não
o verá (Salmos 50:21). Eles também mentiram.
Provavelmente, quando a ação foi concluída, Josué chamou todas as tribos, e
perguntou se quanto ao despojo tinham agido de acordo com a ordem divina, e
cobrou deles, se soubessem de qualquer transgressão. Mas Acã se uniu ao
restante afirmando inocência, mantendo sua compostura, semelhantemente à mulher
adúltera, que come, e limpa a sua boca, e diz: Não cometi maldade (veja Pv 30:20).
E
não somente isso, mas colocaram o anátema debaixo
de sua bagagem, como se tivessem direito de posse disso, esperando nunca
ser chamados para prestar contas, nem fazer qualquer tipo de restituição.
Embora
Josué fosse um regente sábio e vigilante, não ficou sabendo de nada disso, até
que Deus lhe contasse, aquele que conhece todas as maldades secretas que há no
mundo, das quais os homens nada sabem. DEUS PODERIA TER CONTADO A JOSUÉ
QUEM ERA A PESSOA QUE TINHA FEITO ISSO, MAS ELE PREFERIU NÃO FAZÊ-LO: (1) PARA
EXERCITAR O ZELO DE JOSUÉ E DE ISRAEL, EM INVESTIGAR E ENCONTRAR O MALFEITOR.
(2) PARA DAR AO PECADOR ESPAÇO PARA ARREPENDER-SE E CONFESSAR SEU PECADO.
JOSUÉ, SEM DÚVIDA, PROCLAMOU PELO ACAMPAMENTO A TRANSGRESSÃO QUE TINHA SIDO
COMETIDA. Se Acã tivesse se rendido e
penitentemente tivesse reconhecido sua culpa e evitado o escrutínio, talvez
tivesse a seu favor o benefício daquela lei que aceitava a oferta de
transgressão, com restituição, daqueles que tinham pecado por ignorância nas
coisas sagradas do Senhor (Lv 5:15-16). Mas Acã nunca revelou seu pecado até que
a sorte o descobriu e evidenciou a dureza do seu coração. A partir daí, já não mais
encontrou misericórdia.
POR MEIO DO ARREPENDIMENTO E DA RESTAURAÇÃO PESSOAL,
DESTRUÍMOS O ANÁTEMA EM NOSSO PRÓPRIO CORAÇÃO, E, SE NÃO O FIZERMOS, NUNCA
DEVERÍAMOS ESPERAR O FAVOR DO DEUS ABENÇOADOR. QUE TODOS OS HOMENS SAIBAM QUE
SOMENTE O PECADO OS SEPARA DE DEUS, E, SE NÃO HOUVER ARREPENDIMENTO SINCERO E
RENÚNCIA, ISSO OS SEPARARÁ ETERNAMENTE DE DEUS. NISTO O EXERCÍCIO CORRETO DO
LIVRE ARBÍTRIO.
Deus
mostra a Josué qual método deve usar para fazer essa investigação e
instauração. 1. Ele deve santificar o povo, agora durante a noite, ou seja, ele
deve ordenar ao povo: Santificai-vos para
amanhã (v. 13). E o que mais os magistrados ou os ministros podem fazer em
relação à santificação? Eles devem estar preparados para aparecer diante de
Deus e submeter-se ao escrutínio divino. Eles devem examinar-se a si mesmos, agora
que Deus estava vindo para examiná-los. Eles devem preparar-se para se encontrar com seu Deus. Eles foram chamados
para santificar-se quando receberam a lei divina (Êx 19), bem como agora quando
deveriam chegar diante do julgamento divino.
Nas
duas ocasiões, Deus deveria ser tratado com o máximo de respeito. “Santificai-vos [...] porque [...] anátema há no meio de vós”, isto é, que todos os inocentes sejam
cuidadosos em se purificar. O PECADO DOS OUTROS PODE SER APROVEITADO POR
NÓS COMO INCENTIVO PARA A NOSSA SANTIFICAÇÃO, COMO O ESCÂNDALO DOS CORÍNTIOS
INCESTUOSOS OCASIONOU UMA RESTAURAÇÃO ABENÇOADA NAQUELA IGREJA (2 Co 7.11). 2. Ele deve trazer todos para debaixo
do escrutínio da “sorte” (v. 14). Primeiro precisava-se descobrir por sorteio a
tribo da pessoa culpada, depois a família, depois a casa, e por último a
pessoa.
A CONDENAÇÃO VEIO DE FORMA
GRADUAL, PARA QUE A PESSOA PUDESSE TER TEMPO PARA VIR E RENDER-SE PESSOALMENTE.
PORQUE DEUS NÃO QUER QUE ALGUNS SE PERCAM,
SENÃO QUE TODOS VENHAM A ARREPENDER-SE (2
Pedro 3:9). O Senhor tomou a tribo, a família e a casa, sobre a qual caiu a
sorte, porque a sorte se lança no
regaço, mas do Senhor procede toda a sua disposição (Pv 16:33), e, EMBORA PAREÇA FORTUITO, ISSO OCORRE DEBAIXO DA
DIREÇÃO DA SABEDORIA E JUSTIÇA DIVINAS. E para
mostrar que quando o pecado encontra o pecador Deus deve ser reconhecido. É Ele
quem os controla, e quando são apanhados isso ocorre em seu nome. Achou Deus a iniquidade
de teus servos (Gn 44:16).
TAMBÉM FICA CLARO QUE O
JULGAMENTO SERÁ CERTO E INFALÍVEL POR UM DEUS JUSTO. ELE SEPARARÁ O INOCENTE DO
CULPADO, de modo que, ainda que por um tempo
pareçam estar envolvidos na mesma condenação, como ocorreu com toda a tribo quando
foi tirada a primeira sorte, o Senhor acabará apartando o precioso do vil (Jeremias
15:19 NVI - Assim respondeu o Senhor: “Se você se arrepender, eu o restaurarei para
que possa me servir; se você disser palavras de valor, e não indignas, será o
meu porta-voz. Deixe este povo voltar-se para você, mas não se volte para eles.).
De modo que, ainda que o justo faça parte da mesma tribo, família e casa que o
ímpio, ele nunca será tratado como o ímpio (Gn 18:25).
NAQUELA NOITE EM QUE JOSUÉ DISSE
AO POVO QUE SE SANTIFICASSE E SE PREPARASSE, PORQUE DEUS MOSTRARIA QUEM HAVIA
SIDO O PECADOR NA MANHÃ SEGUINTE, um pai de
família reuniria a sua família na sua tenda e perguntaria a cada um de seus
filhos: “Judá, foi você? Jacó, foi você? Levi? Vamos examinar o nosso coração”.
AQUELA FOI UMA NOITE DE AUTOEXAME E DE SONDAR O CORAÇÃO, NOITE EM QUE OS
ISRAELITAS SE COLOCARAM DIANTE DE DEUS FAZENDO A MESMA PERGUNTA QUE OS
DISCÍPULOS FARIAM NA NOITE DA ÚLTIMA CEIA: “PORVENTURA, SOU EU, SENHOR?” (MT 26:22,
ARA).
ERA JUSTAMENTE ISTO O QUE DEUS QUERIA: QUE O SEU POVO
CLAMASSE POR UMA SONDAGEM NO PRÓPRIO CORAÇÃO E DESEJASSE SER BÊNÇÃO, E NÃO
TROPEÇO, PARA A NAÇÃO DE ISRAEL; ELE QUERIA QUE TODOS SE HUMILHASSEM DIANTE
DELE E ESTIVESSEM PRONTOS PARA SE ARREPENDER.
A acusação, a confissão e a execução de Acã (vv. 16-26)
Depois
da sequência desobediência, derrota, desespero em forma de oração e direção, é
a vez da descoberta.
Josué
7 NVI
16
- Na manhã seguinte Josué mandou os israelitas virem à frente segundo as
suas tribos, e a de Judá foi a escolhida.
17
- Os clãs de Judá vieram à frente, e ele escolheu os zeraítas. Fez o clã dos
zeraítas vir à frente, família por família, e o escolhido foi Zinri.
18
- Josué fez a família de Zinri vir à frente, homem por homem, e Acã,
filho de Carmi, filho de Zinri, filho de Zerá, da tribo de Judá, foi o
escolhido.
19
- ENTÃO JOSUÉ DISSE A ACÃ: “MEU FILHO, PARA A GLÓRIA DO SENHOR, O DEUS DE ISRAEL, DIGA A VERDADE.
CONTE-ME O QUE VOCÊ FEZ; NÃO ME ESCONDA NADA”.
20
- ACÃ RESPONDEU: “É
VERDADE QUE PEQUEI CONTRA O SENHOR, O DEUS DE ISRAEL. O que fiz foi o seguinte:
21
- quando vi entre
os despojos uma bela capa feita na Babilônia [em hebraico: capa de Sinear], dois quilos e quatrocentos gramas de
prata e uma barra de ouro de seiscentos gramas [ou 200 siclos de prata e 50 siclos de ouro], eu os cobicei e me
apossei deles. Estão escondidos no chão da minha tenda, com a prata por baixo”.
22
- Josué enviou alguns homens que correram à tenda de Acã; lá estavam escondidas
as coisas, com a prata por baixo.
23
- Retiraram-nas da tenda e as levaram a Josué e a todos os israelitas, e as
puseram perante o Senhor.
24
- Então Josué, com todo o Israel, levou Acã, bisneto de Zerá, e a prata, a
capa, a barra de ouro, seus filhos e filhas, seus bois, seus jumentos, suas
ovelhas, sua tenda e tudo o que lhe pertencia, ao vale de Acor.
25
- Disse Josué: “Por que você nos causou esta desgraça? Hoje o Senhor
causará a sua desgraça”. E todo o Israel o
apedrejou e depois apedrejou também os seus, e queimou tudo e todos eles no
fogo.
26
- Sobre Acã ergueram um grande monte de pedras, que existe até hoje. Então o Senhor se afastou do fogo da sua ira. Por
isso foi dado àquele lugar o nome de vale
de Acor, nome que
permanece até hoje.
O que se passava na cabeça de
Acã, quando, ao amanhecer, o povo todo se reuniu?
“Josué deve estar blefando. Ele não tem como saber que fui eu! Se eu confessar
o meu pecado, as consequências serão terríveis. Vou ficar no meu lugar e não
vou dizer nada.” Daí é escolhida a tribo de Judá, e Acã sente a forca
apertando. “Não, isso foi coincidência. Josué está jogando verde para colher
maduro. Vou continuar na dureza do meu coração.” A família de Acã é escolhida, e ele sente o laço apertando cada vez
mais. É como se Acã, vendo a coisa chegar cada vez mais perto, fosse um
político brasileiro corrupto durante a Operação Lava-Jato.
Finalmente,
foi escolhida a casa de seu pai, e Acã vê que não tem mais jeito, e, dentre os
seus irmãos, é escolhido o seu nome. Nesse momento, ele cai em si. Acã
foi pego. Foi surpreendido. Agora, não havia mais o que esconder, e, ao que
parece, é naquele instante que toma consciência do que havia feito, e o seu
coração se quebra. Eu digo isso porque, quando
Josué o confronta, ele diz, no versículo 20: “Na verdade pequei contra o
SENHOR, Deus de Israel. Foi isto o que fiz…”.
Sua confissão, daí em diante,
mesmo que tenha sido causada pelo medo e vergonha, contém em si, a revelação da
culpa, culpa própria, porque ele em nenhum momento tenta jogá-la a outrem. E
nisso é possível, sim, enxergar arrependimento.
Se ele não tivesse se arrependido, poderia até ter dito: “Olha, Josué, eu até
pequei, mas a culpa é da minha mulher. Você devia ouvir o que ela fala o dia inteiro
no meu ouvido: ‘Acã, olha como as mulheres dos outros soldados se vestem bem, e
eu aqui vestida nesses trapos! Você não cuida de mim!’”. Ele também não culpou
Josué: “Poxa, Josué, com o salário que você me paga, você queria o quê?”. Acã
simplesmente assumiu a culpa. Quem está arrependido assume: “Eu pequei contra
Deus! Fui eu! A responsabilidade é minha”.
A
segunda indicação do arrependimento sincero de Acã é que ele disse com exatidão
o que havia feito, onde estava o fruto do seu furto e com todos os detalhes.
MAS SERÁ QUE DEUS TEVE
MISERICÓRDIA DE ACÃ? O que acontece dos versículos
22 a 26, é a disciplina divina que recaiu sobre Acã. Acor, em hebraico,
significa “desgraça” ou “conturbação”, por causa da palavra de Josué: “Por que
nos trouxeste desgraça?”. Uma vez descoberto o pecado, Acã tinha de enfrentar
as consequências. Acredito que ele foi perdoado, porque a confissão dele foi
sincera. O fato de Deus perdoar, no entanto, não quer dizer que ele nos livra
das consequências do pecado, especialmente quando isso atinge a vida de outras
pessoas, como foi o caso desse homem. Por causa do pecado dele, “cerca de
trinta e seis” pais de família morreram.
Se a confissão de Acã era
verdadeira, Deus o perdoou. Ele devia, no entanto,
enfrentar as consequências de seu pecado, e é assim hoje também. Uma pessoa que
foi apanhada em pecado pede perdão, e nós perdoamos, mas isso não quer dizer
que ela não deva ser disciplinada e corrigida e que não necessite restituir
aquilo que tomou ou destruiu. O fato de alguém pedir perdão não elimina
a obrigação de reparar o erro.
Na lei do Antigo Testamento, o
assassinato era castigado com a morte: olho por olho, dente por dente. O pecado
de Acã matou “cerca de trinta e seis”; então ele deveria ser morto. A pena de
morte, aqui, é executada contra ele e sua família. Por quê? Por dois motivos. O
primeiro é porque, provavelmente, era impossível Acã guardar tudo aquilo em sua
tenda sem a conivência da família. (E não foi
um caso único na Bíblia: lembre-se da história de Ananias e Safira; ele tentou
enganar o Espírito Santo acerca da venda de uma propriedade e a mulher foi
cúmplice [At 5.1-10].) Em relação à punição dos filhos, está escrito que
Deus castiga a impunidade dos pais nos filhos até a quarta geração, se os
filhos andam nos caminhos dos pais. O segundo motivo pelo qual o Senhor agiu
dessa forma com Acã e sua família foi a aliança dele com Israel.
SOMOS O POVO DE DEUS, E TUDO, ABSOLUTAMENTE TUDO, EM SUA
CRIAÇÃO É SOLIDÁRIO. É INTERLIGADO.
Deus mandou que levantassem um
montão de pedras em cima do local onde estavam os corpos, o que é algo muito estranho, porque geralmente fazemos monumentos
e estátuas para destacar coisas boas, como uma inauguração, uma obra, uma
vitória etc. Por que, então, Deus faria um monumento de pedras sobre o local em
que uma família foi apedrejada e queimada porque o chefe dela trouxe desgraça
para o seu povo?
DEUS NÃO QUERIA QUE SEU POVO SE
ESQUECESSE DAQUILO. Dali a vinte ou trinta
anos, um pai israelita, ao passar pela estrada de Jericó, em frente ao vale de
Acor, seria questionado por seu filho: — Papai, o que significa esse monte de
pedras? O pai então responderia: — Meu filho, vou lhe contar agora a
história de Acã. Ela mostra que, se Deus é por nós, não adianta ninguém ser
contra nós, mas mostra também que, se Deus estiver contra nós, estaremos
perdidos. Essas pedras lembram que o nosso segredo é Deus conosco, e que só há
uma coisa que coloca o Senhor contra nós: o pecado oculto. Por isso, nunca
deixe de colocar a sua vida em ordem. Confesse os seus pecados e viva uma vida
limpa diante de Deus. Aquele monumento, até onde sabemos, não existe mais.
Contudo, não precisamos dele, pois a lição da história de Acã ficou gravada num
monumento superior àquele feito de pedras. A história de Acã está na Bíblia para
nos lembrar sempre do princípio de que dependemos
de Deus em tudo!
Continue lendo o capítulo 8 em diante...
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[1]
Daniel 9 NVI - As Setenta Semanas – 20
- Enquanto eu estava falando e orando,
confessando o meu pecado e o pecado de Israel, meu povo, e trazendo o meu
pedido ao Senhor, o meu Deus, em favor do seu santo monte 21 - enquanto eu ainda estava em oração,
Gabriel, o homem que eu tinha visto na visão anterior, veio voando rapidamente
para onde eu estava, à hora do sacrifício da tarde. 22 - Ele me instruiu e me disse: “Daniel, agora
vim para dar a você percepção e entendimento. 23 - Assim que você começou a orar, houve uma resposta, que eu trouxe a você
porque você é muito amado. Por isso, preste atenção à mensagem para
entender a visão: 24 - “Setenta semanas estão decretadas para o seu povo e sua
santa cidade a fim de acabar com a transgressão, dar fim ao pecado, expiar as
culpas, trazer justiça eterna, cumprir a visão e a profecia, e ungir o Lugar
Santíssimo. 25 - “Saiba e entenda que, a partir da promulgação do decreto que
manda restaurar e reconstruir Jerusalém até que o Ungido, o príncipe, venha,
haverá sete semanas, e sessenta e duas semanas. Ela será reconstruída com ruas
e muros, mas em tempos difíceis. 26 - Depois das sessenta e duas semanas, o
Ungido será morto, e já não haverá lugar para ele. A cidade e o Lugar Santo
serão destruídos pelo povo do governante que virá. O fim virá como uma
inundação: guerras continuarão até o fim, e desolações foram decretadas. 27 - Com
muitos ele fará uma aliança que durará uma semana. No meio da semana ele dará
fim ao sacrifício e à oferta. E numa ala do templo será colocado o sacrilégio
terrível, até que chegue sobre ele9.27 Ou sobre isso o fim que lhe está
decretado”.
[1]
Deuteronômio 7 NVI
As Nações Idólatras
Serão Expulsas
1 - “Quando o
Senhor, o seu Deus, os fizer entrar na terra, para a qual vocês estão indo para
dela tomarem posse, ele expulsará de diante de vocês muitas nações: os
hititas, os girgaseus, os amorreus, os
cananeus, os ferezeus, os heveus e os jebuseus. São sete nações maiores e mais fortes do que vocês; 2 - e quando o Senhor, o seu Deus, as tiver
dado a vocês, e vocês as tiverem derrotado, então vocês as destruirão
totalmente. Não façam com elas tratado algum e não tenham piedade delas. 3
- Não se casem com pessoas de lá. Não deem suas filhas aos filhos delas, nem
tomem as filhas delas para os seus filhos, 4 - pois elas desviariam seus filhos de seguir-me para servir a outros
deuses e, por causa disso, a ira do Senhor se acenderia contra vocês e
rapidamente os destruiria. 5 - Assim
vocês tratarão essas nações: derrubem os seus altares, quebrem as suas colunas
sagradas, cortem os seus postes sagrados e queimem os seus ídolos. 6 - Pois vocês são um povo santo para o Senhor,
o seu Deus. O Senhor, o seu Deus, os escolheu dentre todos os povos da face da
terra para ser o seu povo, o seu tesouro pessoal. 7 - “O SENHOR NÃO SE AFEIÇOOU A VOCÊS NEM OS ESCOLHEU POR SEREM MAIS
NUMEROSOS DO QUE OS OUTROS POVOS, POIS VOCÊS ERAM O MENOR DE TODOS OS POVOS.
[2]
CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado : versículo por
versículo : Deuteronômio, Josué, Juizes, Rute, I Samuel, II Samuel, I Reis,
volume 2. — 2. ed. — São Paulo : Hagnos, 2001, p. 900.
[3]
Lucas 9 NVI
A Oposição Samaritana
51 - Aproximando-se o tempo em que seria elevado aos céus,
Jesus partiu resolutamente em direção a Jerusalém. 52 - E enviou mensageiros à
sua frente. Indo estes, entraram num povoado samaritano para lhe fazer os
preparativos; 53 - mas o povo dali não o recebeu porque se notava que ele se
dirigia para Jerusalém. 54 - Ao verem
isso, os discípulos Tiago e João perguntaram: “Senhor, queres que façamos cair
fogo do céu para destruí-los?”, como fez Elias? 55 - MAS JESUS, VOLTANDO-SE, OS REPREENDEU, DIZENDO: “VOCÊS NÃO SABEM DE QUE
ESPÉCIE DE ESPÍRITO VOCÊS SÃO, POIS O FILHO DO HOMEM NÃO VEIO PARA DESTRUIR A
VIDA DOS HOMENS, MAS PARA SALVÁ-LOS” 56 - E FORAM PARA OUTRO POVOADO.
[4]
CHAMPLIN, Ibidem, p. 901.
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