Josué, o Líder e Estrategista que assumiu o entrar e o apossar-se (Parte VII)


JERICÓ É DESTRUÍDA. A Preservação de Raabe (vv. 17-27) 

Josué 6 NVI
17 - A CIDADE, COM TUDO O QUE NELA EXISTE, SERÁ CONSAGRADA AO SENHOR PARA DESTRUIÇÃO. SOMENTE A PROSTITUTA RAABE E TODOS OS QUE ESTÃO COM ELA EM SUA CASA SERÃO POUPADOS, pois ela escondeu os espiões que enviamos.
18 - Mas FIQUEM LONGE DAS COISAS CONSAGRADAS, NÃO SE APOSSEM DE NENHUMA DELAS, PARA QUE NÃO SEJAM DESTRUÍDOS. DO CONTRÁRIO TRARÃO DESTRUIÇÃO E DESGRAÇA ao acampamento de Israel.
19 - TODA A PRATA, TODO O OURO E TODOS OS UTENSÍLIOS DE BRONZE E DE FERRO SÃO SAGRADOS E PERTENCEM AO SENHOR E DEVERÃO SER LEVADOS PARA O SEU TESOURO”.
20 - QUANDO SOARAM AS TROMBETAS, O POVO GRITOU. AO SOM DAS TROMBETAS E DO FORTE GRITO, O MURO CAIU. CADA UM ATACOU DO LUGAR ONDE ESTAVA, E TOMARAM A CIDADE.
21 - CONSAGRARAM A CIDADE AO SENHOR, destruindo ao fio da espada homens, mulheres, jovens, velhos, bois, ovelhas e jumentos; todos os seres vivos que nela havia.
22 - Josué disse aos dois homens que tinham espionado a terra: ENTREM NA CASA DA PROSTITUTA E TIREM-NA DE LÁ COM TODOS OS SEUS PARENTES, CONFORME O JURAMENTO QUE FIZERAM A ELA.
23 - Então os jovens que tinham espionado a terra entraram e trouxeram Raabe, seu pai, sua mãe, seus irmãos e todos os seus parentes. Tiraram de lá todos os da sua família e os deixaram num local fora do acampamento de Israel.
24 - Depois incendiaram a cidade inteira e tudo o que nela havia, mas entregaram a prata, o ouro e os utensílios de bronze e de ferro ao tesouro do santuário do Senhor.
25 - E Josué poupou a prostituta Raabe, a sua família e todos os seus pertences, pois ela escondeu os homens que Josué tinha enviado a Jericó como espiões. E RAABE VIVE ENTRE OS ISRAELITAS ATÉ HOJE.
26 - Naquela ocasião Josué pronunciou este juramento solene: “Maldito seja diante do Senhor o homem que reconstruir a cidade de Jericó: “Ao preço de seu filho mais velho lançará os alicerces da cidade; ao preço de seu filho mais novo porá suas portas!”
27 - Assim O SENHOR ESTEVE COM JOSUÉ, CUJA FAMA ESPALHOU-SE POR TODA A REGIÃO.

Um ponto que merece ser abordado para o início deste estudo. Em defesa da visão de Deus no livro de Josué, temos argumentos que dizem que a ira divina contra o pecado é parte necessária da teologia. Às vezes, os homens chegam a extremos de maldades
que merecem um tratamento muito severo. Além disso, há intérpretes que assumem a posição extremada do voluntarismo (ver a respeito no Dicionário), ensinando que aquilo que Deus quer é correto, sem importar a nossa atitude para com a questão.

Essa posição se parece muito com a antiga teoria grega, que dizia: “O poder é direto”. Mas essa teoria deveria ser rejeitada com base em uma revelação mais iluminada sobre a natureza de Deus. Sabemos que os cananeus eram excessivamente malignos (Lev. 18:21-24), e também que existe tal coisa como contaminação pelo mau exemplo (Deu. 7:1-5 NVI[1]).

Sabemos que a religião dos cananeus era tremendamente imoral (o que tem sido demonstrado pelas
escavações arqueológicas em Ras Shamra). O principal deus dos cananeus, El, era uma espécie de Zeus brutal e imoral. Seu filho, Baal, também não servia de bom exemplo para homens piedosos.

Além do mais, há de se convir que “alguns problemas no Antigo Testamento não são nada triviais. Em primeiro lugar, eu gostaria de frisar que a própria revelação bíblica é algo progressivo, não sendo de admirar que as ideias dos homens acerca de Deus se aprimorem, à medida que eles se espiritualizam e se tornam capazes de ter uma concepção mais nítida da deidade. É inútil imaginar que Josué se encontrava no mesmo nível de compreensão de Jesus ou dos vários autores do Novo Testamento, quando eles falavam a respeito de Deus. Sabemos que, por muitas vezes, não menos que os gregos e muitos outros povos, Israel agiu como qualquer tribo selvagem e saqueadora. Como poderíamos negar esse fato? A história fala por si mesma!”[2]

No mesmo sentido, séculos depois, “as palavras de Jesus por certo devem ter um peso decisivo em qualquer discussão desse tipo. Quando os Seus discípulos quiseram invocar fogo do céu para consumir os samaritanos, que tinham negado hospitalidade a Jesus e seu grupo, imitando assim uma figura nada menor que Elias, Jesus os repreendeu e declarou: “Vós não sabeis de que espírito sois. Pois o Filho do homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las” (Luc. 9:51­56 NVI[3]).

“A ignorância e a falta de maturidade espiritual continuam afirmando que não há diferença entre as atitudes refletidas no Antigo Testamento e aquelas refletidas no Novo Testamento, no tocante à pessoa de Deus. Mas o que ganharíamos com a hipótese de que as ideias dos homens não melhoram, à medida que eles são iluminados e sua espiritualidade se desenvolve? Poderíamos asseverar que não há diferença entre o Antigo e o Novo Testamento sobre uma questão tão importante quanto a natureza de Deus? Deus não mudou, mas nossa compreensão sobre a natureza divina certamente melhorou. A ira de Deus é uma realidade, mas apenas é um dedo de Sua amorosa mão. Ele julga os homens a fim de melhorá-los. O juízo divino é remedial, e não apenas retributivo.”[4]

Dito isso, entramos então, agora, nas várias campanhas militares que vão de 5:13 a 12:24.

O povo tinha seguido religiosamente as ordens acerca da missão de sitiar Jericó, e agora finalmente Josué lhes disse (v. 16): “o Senhor vos tem dado a cidade, entrai e tomai posse”.

AS REGRAS QUE ELES DEVERIAM OBSERVAR AO TOMAR POSSE. Deus lhes dá a cidade, e, portanto, pode colocar restrições e prescrições claras em relação ao seu uso e limitações que Ele acha oportunos. A cidade lhes é dada para que seja consagrada a Deus, como a primeira e talvez a pior de todas as cidades de Canaã.

1. A cidade deve ser queimada, e todas as vidas nela, sacrificadas sem misericórdia, para a justiça de Deus. Tudo isso, eles sabiam que estava incluído naquelas palavras (v. 17). A cidade deverá ser um cherem (Cherém ou Herém, é o mais alto grau de punição dentro do judaísmo: a pessoa é totalmente excluída da comunidade judaica. Um dos motivos que podem levar à exclusão da comunidade judaica é profanação de objetos sagrados judaicos), uma coisa consagrada, ela e tudo o que nela existe, ao Senhor. Nenhuma vida nela deverá ser resgatada sob qualquer condição. Todas devem ser mortas (Lv 27:29).

Dessa forma, Ele estabelece de quem, como criaturas, eles receberam a vida, e para quem, como pecadores, tinham perdido o direito dela. E quem poderá contestar essa sentença? Porventura, será Deus injusto, trazendo ira sobre nós? (Rm 3:5). Que Deus nos perdoe se ventilarmos esse tipo de pensamento! Foi possível ver mais da presença de Deus na tomada de Jericó do que na de qualquer outra cidade de Canaã, e, portanto, ela deve ser mais consagrada a Ele. E o tratamento severo dessa cidade acabaria colocando pavor em todas as outras e derreteria seus corações ainda mais diante de Israel. Quando esse rigor é ordenado, somente Raabe e sua família são eximidas: Ela viverá com todos que estiverem com ela. Ela se distinguiu de todos os seus vizinhos pela bondade mostrada a Israel, e, portanto, será distinguida deles pela retribuição rápida dessa bondade.

2. Todo o tesouro da cidade, o dinheiro e os objetos de metal e os bens valiosos, devem ser consagrados ao serviço do Tabernáculo. Eles devem ser levados ao tesouro do Senhor porque, dizem os judeus, a cidade foi tomada no dia de sábado. Dessa forma, Deus seria honrado pelo embelezamento e enriquecimento do seu Tabernáculo. Assim, foram feitos preparativos para o extraordinário dispêndio do seu serviço. E, dessa forma, os israelitas foram ensinados a não colocar o coração na riqueza deste mundo, nem a acumular bens terrenos para si mesmos. DEUS LHES HAVIA PROMETIDO UMA TERRA QUE MANA LEITE E MEL (ÊX 3.8), NÃO UMA TERRA EM QUE ABUNDAVA PRATA E OURO. Porque Ele queria que vivessem confortavelmente nela, para que pudessem servi-lo com alegria, mas que nem cobiçassem a ideia de negociar com países distantes nem acumulassem para si mesmos riquezas. Ele também queria que se considerassem ricos pelo enriquecimento do Tabernáculo, e considerassem aquilo que foi armazenado na casa de Deus como se verdadeiramente fosse sua própria honra e riqueza.

3. Uma advertência especial é dada para não ficarem com o despojo proibido. Porque, se aquilo que foi consagrado a Deus fosse tomado para o próprio uso deles, seria considerado anátema. Portanto, “tão-somente guardai-vos do anátema (v. 18). Vós sentireis um forte desejo de ficar com ela, mas examinai-vos e apavorai-vos com a possibilidade de se apossar de alguma coisa sob anátema”. Ele fala como se previsse o pecado de Acã, cujo relato lemos no capítulo seguinte, quando ele apresenta esse motivo para a precaução: e assim façais maldito o arraial de Israel, como foi o caso devido ao pecado de Acã.

A abertura que foi feita para eles na cidade pela súbita queda do muro, ou pelo menos parte do muro, onde eles se encontravam quando gritaram (v. 20) e o muro caiu abaixo. Provavelmente, muita gente morreu, como os guardas que estavam de sentinelas sobre ele, ou outras pessoas que se aglomeravam sobre ele para observar os israelitas que marchavam ao redor dele. Lemos que MILHARES MORRERAM COM A QUEDA DE UM MURO. AQUILO QUE CONSIDERAVAM SER SUA DEFESA ACABOU SENDO SUA DESTRUIÇÃO. A súbita queda do muro, sem dúvida, colocou os habitantes em tamanho choque, que eles não tinham força nem disposição para oferecer qualquer resistência. Eles acabaram se tornando uma presa fácil para a espada de Israel e reconheceram que não fazia sentido algum fechar os portões contra o povo que tinha o Senhor, à testa deles (Mq 2:13 NVI - Aquele que abre o caminho irá adiante deles; passarão pela porta e sairão. O rei deles, o Senhor, os guiará.”).

O DEUS DO CÉU PODE FACILMENTE, E CERTAM ENTE O FARÁ, DERRUBAR TODOS OS PODERES CONTRÁRIOS DOS SEUS INIMIGOS E DOS INIMIGOS DA SUA IGREJA. Portas de bronze e ferrolhos de ferro são, diante dele, como feno e madeiro podre (Is 45 NVI 1 - “Assim diz o Senhor ao seu ungido: a Ciro, cuja mão direita eu seguro com firmeza para subjugar as nações diante dele e arrancar a armadura de seus reis, para abrir portas diante dele, de modo que as portas não estejam trancadas: 2 - Eu irei adiante de você e aplainarei montes; derrubarei portas de bronze e romperei trancas de ferro.). Quem me conduzirá à cidade forte? [...] Não serás tu, ó Deus? (SI 60:9-10).

A cidade e tudo quanto havia nela queimaram-no afogo (v. 24). Os israelitas, talvez, quando tomaram Jericó, uma cidade grande e bem construída, tivessem a esperança de que ela pudesse servir como seu quartel-general. Mas Deus ainda queria que morassem em tendas, e, portanto, mandou queimar esse ninho, para que não se aninhassem nele.

Toda prata e ouro, e todos os vasos que tinham condições de ser purificados pelo fogo, foram trazidos para o tesouro da casa do Senhor. Não que Ele precisasse dessas coisas, mas para que fosse honrado por meio delas, como o Senhor dos exércitos, do seu exército em particular. Ele era o Deus que tinha lhes dado a vitória e, portanto, poderia exigir o despojo, ou o despojo inteiro, como nesse caso, ou o dízimo, como ocorria às vezes (Hb 7:4 NVI - Considerem a grandeza desse homem: até mesmo o patriarca Abraão lhe deu o dízimo dos despojos!).

NO MEIO DAQUELE POVO CANANEU, JULGADO E CONDENADO POR DEUS E DESTINADO À DESTRUIÇÃO, O SENHOR FOI ACHAR NÃO UM PRÍNCIPE VIRTUOSO OU UM SÁBIO QUE OLHAVA AS ESTRELAS COMO OS MAGOS DO ORIENTE, MAS UMA CAFETINA QUE TINHA UM PROSTÍBULO EM CIMA DO MURO DA CIDADE E QUE SUSTENTAVA TODA A SUA FAMÍLIA POR MEIO DA PROSTITUIÇÃO. Deus escolheu exatamente aquela que, aos olhos de Israel, era o pior tipo de pessoa, tanto que, quando ela se converteu, os israelitas a colocaram do lado de fora do acampamento para só depois incluí-la no povo de Deus.

Pensar na misericórdia de Deus nos dá esperança de que ele pode salvar os piores pecadores, estendendo a sua graça e misericórdia a você, a mim, aos nosso filhos e pais, aos nossos parentes, ao seu marido ou esposa etc. Não desista.

Além disso, DEUS NÃO SOMENTE PODE ALCANÇAR QUALQUER PESSOA COM A SUA GRAÇA, MAS TRANSFORMAR COMPLETAMENTE A VIDA DELA. DE PROSTITUTA CANANEIA, RAABE FOI ELEVADA, PELA FÉ, A ANCESTRAL DO NOSSO SENHOR JESUS CRISTO. DEUS PODE FAZER ESSE TIPO DE COISA, E CREIO QUE ELE DESEJA NOS ANIMAR COM ESSA PALAVRA.

VOCÊ, QUE ESTÁ NO MEIO DO COMBATE, NO MEIO DO CONFLITO, PASSANDO POR ANGÚSTIA E PROVAÇÃO, POR TEMPOS DIFÍCEIS, PROBLEMAS FINANCEIROS E DE TODO TIPO, LEVANTE OS OLHOS E VEJA O SENHOR JESUS DIZENDO: “EU VIM PARA ASSUMIR O COMANDO DA BATALHA. EU SOU O CHEFE DOS EXÉRCITOS DE DEUS; A BATALHA É MINHA, E EU IREI À FRENTE, DANDO-LHE A VITÓRIA”.

Portanto, NÃO DESISTA, CONTINUE FIRME E CONFIE QUE ELE HAVERÁ DE LIDERAR NESSE MOMENTO DE ANGÚSTIA. TALVEZ VOCÊ TENHA CAÍDO E SOFRIDO UMA DERROTA PELO MUNDO OU PELOS PRÓPRIOS PECADOS. AGORA É O MOMENTO DE SE PERGUNTAR POR QUE CAIU. SERÁ QUE DEIXOU DE CONFIAR NAS PROMESSAS OU DEIXOU DE OBEDECER A DEUS E DE ANDAR POR FÉ NA SUA PALAVRA? LEMBRE-SE DE QUE A LUTA CONTINUA, QUE DEUS ESTENDE A MÃO E QUE ELE QUER TOMÁ-LO DE ONDE VOCÊ ESTÁ E REINTEGRÁ-LO NA BATALHA, MAIS EXPERIENTE, MAIS SÁBIO E MAIS PREPARADO.

É preciso, no entanto, que você se arrependa e diga: “SENHOR, QUERO VOLTAR A LUTAR. NÃO QUERO ME ENTREGAR MAIS NEM FICAR CAÍDO, MAS QUERO INTEGRAR AS TUAS FILEIRAS NO COMBATE ETERNO”.

POR OUTRO LADO, SE DEUS O TEM ABENÇOADO COM CONQUISTAS E VITÓRIAS, LEMBRE-SE DE QUE A GLÓRIA É DELE. O DESPOJO É DELE. QUANDO DEUS NOS DÁ A VITÓRIA, TEMOS A TENDÊNCIA DE IR PEGAR O DESPOJO, COMO SE TIVÉSSEMOS CONQUISTADO AQUILO. DEUS DIZ, NO ENTANTO, QUE TODA A GLÓRIA PERTENCE A ELE. E ELE NÃO DIVIDE A GLÓRIA DELE COM NINGUÉM. ENTÃO, SE DEUS O ABENÇOOU, ANDE HUMILDEMENTE DIANTE DELE E DOS IRMÃOS.

SE DEUS O TEM FEITO VITORIOSO, ANDE COM MANSIDÃO DIANTE DELE E DOS SEUS IRMÃOS, LEMBRANDO QUE A VITÓRIA VEM DELE E QUE, PORTANTO, A GLÓRIA É DELE, AGORA E PARA SEMPRE.

Capítulo 7 

NOSSO PIOR LADO OCULTO E COMO LIDAR COM ELE 

Para dar ao povo de Israel a terra que ele havia prometido a Abraão, Deus impôs uma condição: a observância de todos os mandamentos escritos no Livro da Lei dado a Moisés.

Jericó foi a primeira cidade a ser conquistada, e os capítulos 5 e 6 mostram como Josué chama e prepara os israelitas para a guerra com aquela cidade fortificada. Deus orienta Josué a respeito da conquista e diz que, após a queda do muro, Israel deveria entrar na cidade e eliminar toda aquela gente. O ouro e a prata da cidade, no entanto, não deveriam ser levados, pois eram do Senhor, a quem pertence o despojo. (depois é revelado o objetivo prático de tal ordem, que era a construção do Templo de Deus, pois para que se executassem as obras seriam necessários os recursos ali encontrados). Assim, o despojo encontrado em Jericó era condenado para Israel. O povo obedeceu a Deus, como vimos no capítulo 6. O capítulo 7, porém, narra um episódio de desobediência. 

O pecado de Acã e a derrota de Israel 

Um soldado no meio daqueles milhares de israelitas resolveu desobedecer a Deus e se apossou de alguns bens preciosos e os guardou em sua tenda. Isso trouxe grande desgraça ao povo de Israel, pois a próxima cidade, Ai, menor que Jericó e aparentando ser uma conquista fácil, tornou-se uma grande derrota para o exército de Josué.

A lição do capítulo 7 é que o segredo da nação de Israel era a presença de Deus no seu meio. Os israelitas eram inferiores, militarmente falando, às nações daquela terra. Eles não tinham estratégias, não conheciam a região e estavam em desvantagem em relação aos povos que ali habitavam. O que daria a Israel a vitória era a presença de Deus; ele era o segredo e a força da nação. No momento em que o Senhor já não estivesse mais com o povo, este estaria entregue nas mãos de seus inimigos. Podemos resumir o capítulo 7 desta forma: Se Deus é por nós, quem será contra nós? Mas e se, ele for contra nós?

Aqui ficará evidente que só existe uma única coisa que nos coloca distantes de Deus, e distantes d’Ele, é dizer “contra Ele”: as nossas piores imperfeições, os nossos pecados, desobediências, orgulhos, egoísmos, rancores, tudo isso que evitamos, do que fugimos e não tratamos junto ao próprio Pai, em oração para que nos ajude, pois sozinhos não podemos, nunca conseguimos (é o que Acã faz no v. 21).

Josué 7 NVI
O Pecado de Acã e suas Consequências
1 - Mas os israelitas foram infiéis com relação às coisas consagradas. Acã, filho de Carmi, filho de Zinri (alguns manuscritos dizem Zabdi), filho de Zerá, da tribo de Judá, apossou-se de algumas delas. E a ira do Senhor acendeu-se contra Israel.
2 - Sucedeu que Josué enviou homens de Jericó a Ai, que fica perto de Bete-Áven, a leste de Betel, e ordenou-lhes: “Subam e espionem a região”. Os homens subiram e espionaram Ai.
3 - Quando voltaram a Josué, disseram: “Não é preciso que todos avancem contra Ai. Envie uns dois ou três mil homens para atacá-la. Não canse todo o exército, pois eles são poucos”.
4 - Por isso CERCA DE TRÊS MIL HOMENS ATACARAM A CIDADE; MAS OS HOMENS DE AI OS PUSERAM EM FUGA,
5 - chegando a matar trinta e seis deles. Eles perseguiram os israelitas desde a porta da cidade até Sebarim e os feriram na descida. Diante disso O POVO DESANIMOU-SE COMPLETAMENTE.

AQUI SE PODE VER A “DINÂMICA” DA DESOBEDIÊNCIA DE ACÃ: PRIMEIRO ACÃ VÊ, DEPOIS COBIÇA, EM SEGUIDA TOMA E, POR ÚLTIMO, ESCONDE. É ASSIM QUE O PECADO FUNCIONA: PRIMEIRO COLOCAMOS OS OLHOS ONDE NÃO DEVEMOS, DEPOIS COBIÇAMOS O QUE VIMOS, EM SEGUIDA DAMOS UM JEITO DE TOMAR OU PRATICAR TAL COISA E, POR FIM, ESCONDEMOS OS RASTROS, PARA QUE NINGUÉM SAIBA O QUE FIZEMOS, PORQUE A NOSSA CONSCIÊNCIA DIZ QUE AQUILO ESTÁ ERRADO, E ASSIM PREFERIMOS OCULTAR. FOI O QUE ACÃ FEZ. E NÃO É ASSIM TAMBÉM QUE OCULTAMOS – ÀS VEZES NUMA TENTATIVA VÃ, ATÉ DE NÓS MESMOS – OS NOSSOS ERROS? COMO É BOM TER A CABEÇA À NOITE, NO TRAVESSEIRO, COM A CONSCIÊNCIA TRANQUILA!

Na situação diante de Ai, a verdade é que mais de uma vez encontramos que Israel, mesmo quando estava numa disposição muito favorável e diante de perspectivas extremamente esperançosas, foi atrapalhado pelo pecado, e experimentou uma interrupção nos procedimentos mais promissores. O bezerro de ouro, a murmuração em Cades e a iniqüidade de Peor tinham excedido suas medidas e trazido grande perturbação para o povo. E nesse capítulo temos mais um exemplo da interrupção do progresso do seu exército por causa do pecado. 

Note, voltando ao primeiro versículo, que Acã pensou que ninguém estava vendo, mas Deus estava, e diz o texto que a sua ira se acendeu contra os filhos de Israel. QUEM PECOU NÃO FOI ACÃ? POR QUE A IRA DO SENHOR SE ACENDEU CONTRA OS ISRAELITAS? Por que o texto não diz “a ira do SENHOR acendeu-se contra Acã”? Encontramos a resposta na doutrina da aliança. Somos o povo de Deus; somos irmãos e fazemos parte da mesma família. O que acontece com um acontece com todos, e o pecado de um é o pecado de todos. O Senhor se ira com sua família por causa dos pecados cometidos no meio do povo e que não estão sendo tratados. A ira de Deus se acendeu contra toda a nação por causa de um homem.

Quando alguém peca e esconde seu pecado pode pensar que nada está acontecendo, mas isso – mais cedo ou mais tarde - vai afetar seu cônjuge, seus filhos, sua igreja, seu local de trabalho e todas as pessoas ao seu redor.

A derrota vem depois da desobediência. Veja o que diz o texto (7:2-5), lembrando que Josué não sabia ainda o que havia acontecido. Josué não sabia da atitude de Acã; então mandou um grupo de espiões fazer o reconhecimento de Ai — uma espécie de inteligência militar. Os espias então concluíram que a cidade, por ser pequena e desprotegida, mesmo estando no alto de um morro, poderia ser facilmente derrotada, motivo pelo qual não seria necessário enviar os esquadrões inteiros.

Um número pequeno de soldados daria conta da batalha, e os israelitas estavam confiantes de que aconteceria com Ai o mesmo que ocorrera com Jericó; afinal, Deus não era com eles?

Josué, a essa altura (e diz o texto que ele nem consultou a Deus, como de costume), subestimou a situação e, julgando que o Senhor estivesse ao seu lado, destacou o pelotão que derrubaria Ai. Para surpresa de Israel, os homens de Ai lutaram como leões, e parecia que era com eles que Deus estava. O resultado foi a derrota dos israelitas, que perderam “cerca de trinta e seis” soldados e tiveram de voltar para casa correndo morro abaixo. Tudo por causa do pecado de um homem.

O coração do povo então se derreteu, e ninguém entendia como eles haviam conquistado Jericó e agora estavam derrotados. A resposta é que Deus estava com eles em Jericó e, em Ai, não estava mais. O Senhor estava irado com o seu povo, e, se ele está contra a sua gente, a derrota pode vir até de uma cidade como Ai. Como se diria há anos atrás “deu zebra”, ou atualmente, “foi um mico”.

A história desse capítulo começa com um mas (versão inglesa KJV; e, versão RC). Era o Senhor com Josué; e corria a sua fama por toda a terra. Assim termina o capítulo anterior. Isso não deixa dúvidas de que continuaria como havia começado. Ele saiu vitorioso e para vencer (Ap 6:2). Ele fazia o que era certo e cumpria suas ordens em tudo.

Mas os filhos de Israel cometeram um a transgressão (versão inglesa KJV), e assim colocaram Deus contra eles. Dessa forma, nem mesmo o nome e a fama de Josué, sua sabedoria e coragem, lhes eram úteis. Se perdemos nosso Deus, perdemos nossos amigos, que não nos podem ajudar a não ser que Deus esteja do nosso lado.

O pecado de Acã, no primeiro versículo apenas faz uma menção geral do pecado de Acã. Mais tarde, temos um relato pormenorizado da sua própria boca. O pecado aqui tinha que ver com o anátema, em desobediência à ordem e em desafio à ameaça (cap. 6:18). NO SAQUE DE JERICÓ, A ORDEM ERA NÃO POUPAR VIDAS NEM TOMAR TESOURO ALGUM PARA SI PRÓPRIO. NÃO LEMOS ACERCA DA QUEBRA DA PRIMEIRA PROIBIÇÃO (ELES NÃO MOSTRARAM MISERICÓRDIA A NINGUÉM), MAS DA ÚLTIMA: A COMPAIXÃO FOI DEIXADA DE LADO PARA CEDER À LEI, MAS A COBIÇA FOI TOLERADA.

O AMOR DO MUNDO É ESSA RAIZ DE AMARGURA QUE DE TODAS AS OUTRAS É A MAIS DIFÍCIL DE SER ARRANCADA. Contudo, a história de Acã é uma notificação clara de que ele, entre todos os milhares de Israel, foi o único delinquente nessa questão. Se houvesse mais pessoas culpadas do mesmo pecado, sem dúvida teríamos ouvido falar disso. E é estranho que não tenha havido mais. A tentação era forte.

Era fácil sugerir que era pena ver tantas coisas valiosas sendo queimadas. Qual a finalidade desse desperdício? Nas cidades saqueadas, cada homem procurava ficar com tudo o que suas mãos conseguissem pegar. Era fácil prometer a si próprio sigilo e impunidade. Contudo, pela graça de Deus, essas impressões eram deixadas na mente dos israelitas pelas ordenanças de Deus, pela circuncisão e a Páscoa, das quais tinham sido participantes ultimamente, e pelas providências de Deus em relação a eles, de maneira que ficavam estupefatos em relação ao preceito e julgamento divinos, e generosamente se negavam a si mesmos em obediência ao seu Deus.

E, vale repetir, embora fosse uma única pessoa que tivesse pecado, lemos que foram os filhos de Israel que prevaricaram, porque alguém do corpo havia prevaricado, e ele ainda não havia sido separado deles, nem repudiado por eles. Eles cometeram pecado, isto é, pelo que Acã fez, a culpa foi colocada sobre toda a sociedade da qual ele era membro.

ISSO DEVE SER UMA ADVERTÊNCIA PARA NÓS PARA TOMARMOS CUIDADO COM NOSSOS PRÓPRIOS PECADOS, PARA QUE MUITOS NÃO ACABEM SENDO CONTAMINADOS OU PREJUDICADOS (HB 12:15 NVI - CUIDEM QUE NINGUÉM SE EXCLUA DA GRAÇA DE DEUS; QUE NENHUMA RAIZ DE AMARGURA BROTE E CAUSE PERTURBAÇÃO, CONTAMINANDO MUITOS;), E PARA ACAUTELAR-NOS DA COMUNHÃO COM PECADORES E DA ALIANÇA COM ELES, PARA QUE NÃO COMPARTILHEMOS DA SUA CULPA. MUITOS NEGOCIANTES ACABARAM FALINDO POR CAUSA DE UM SÓCIO DESLEIXADO. PRECISAMOS CUIDAR UNS DOS OUTROS PARA QUE O PECADO SEJA EVITADO, PORQUE OS PECADOS DOS OUTROS PODEM RESULTAR EM NOSSO DANO.

O sofrimento do acampamento de Israel pela mesma razão: a ira do Senhor se acendeu contra os filhos de Israel, Ele viu a violação, embora eles não tenham visto, e apresenta um caminho para que possam vê-la. De uma maneira ou de outra, mais cedo ou mais tarde, os pecados secretos serão trazidos à luz. Se os homens não investigam acerca deles, Deus o faz, e com sua investigação Ele despertará a investigação deles.

Muitas comunidades estão debaixo da culpa e ira e não estão cientes disso até que o fogo irrompe: aqui ele irrompeu rapidamente.

Na sua retirada, Israel perdeu cerca de 36 homens: na verdade, não foi uma perda tão significativa, mas uma surpresa terrível para aqueles que não tinham motivo para esperar nada além de uma vitória clara, fácil e certa. E agora, como é demonstrado, foi bom que somente 3.000 estivessem debaixo dessa desgraça. Se todo o exército estivesse lá, eles também não teriam sido capazes de defender seus postos, porque agora estavam debaixo da culpa e ira divina. A derrota teria sido bem mais grave e desonrosa se todo o exército estivesse envolvido na batalha.

No entanto, foi ruim o suficiente do jeito que foi, e serviu: (1) Para humilhar o Israel de Deus, e ensiná-lo a sempre alegrar-se com tremor. Não se gabe quem se cinge como aquele que se descinge. (2) Para ndurecer os cananeus e torná-los ainda mais seguros, não obstante os terrores que lhes sobrevieram, para que a sua ruína, quando viesse, fosse ainda mais pavorosa. (3) Para ser uma evidência do desagrado de Deus com Israel e um apelo para desfazer-se do fermento velho (1 Co 5:7). E essa foi a intenção principal na derrota deles.


A retirada desse destacamento em tumulto deixou todo o acampamento de Israel amedrontado: o coração do povo se derreteu, não tanto pela perda como pelo desapontamento. Josué tinha lhes assegurado que o Deus vivo de todo lançaria de diante deles os cananeus (cap. 3:10). De que maneira esse acontecimento podia ser harmonizado com essa promessa? Para cada um deles, isso parecia uma indicação do desagrado de Deus e um presságio de algo pior. Portanto, não é de admirar que isso os deixasse tão transtornados. Se Deus se tornasse o inimigo deles e lutasse contra eles, o que seria deles? Israelitas genuínos tremem quando Deus está irado.

A sequência do pecado de Acã 

Dos versículos 6 a 9 vemos o desespero de Josué. A sequência é: desobediência, derrota e desespero.

Josué 7 NVI
6 - Então Josué, com as autoridades de Israel, rasgou as vestes, prostrou-se com o rosto em terra, diante da arca do Senhor, cobrindo de terra a cabeça, e ali permaneceu até a tarde.
7 - Disse então Josué: “AH, SOBERANO SENHOR, POR QUE FIZESTE ESTE POVO ATRAVESSAR O JORDÃO? FOI PARA NOS ENTREGAR NAS MÃOS DOS AMORREUS E NOS DESTRUIR? ANTES NOS CONTENTÁSSEMOS EM CONTINUAR NO OUTRO LADO DO JORDÃO!
8 - QUE PODEREI DIZER, SENHOR, AGORA QUE ISRAEL FOI DERROTADO POR SEUS INIMIGOS? 
9 - Os cananeus e os demais habitantes desta terra saberão disso, nos cercarão e eliminarão o nosso nome da terra. QUE FARÁS, ENTÃO, PELO TEU GRANDE NOME?

O DESESPERO TOMOU CONTA DE JOSUÉ. Ele não sabia por que Deus não estava mais com o seu povo, e fez a única coisa que a liderança podia fazer: rasgou as suas vestes (no antigo mundo oriental, um símbolo de desespero e tristeza), chamou o restante da liderança, colocou-se diante da Arca da Aliança e chorou, lamentou-se e gritou diante de Deus. Ele clamou e disse que, se as coisas seriam daquela forma, melhor seria se eles tivessem ficado do outro lado do rio, e indagou ao Senhor por que ele os conduziu para o outro lado do Jordão a fim de que morressem nas mãos daqueles homens. Percebe-se que Josué sabia orar, pois ELE TOCA NO PONTO SENSÍVEL DE DEUS.

Podemos parafrasear seu raciocínio desta forma: “Se formos destruídos, o problema vai respingar em ti, porque todos os povos daqui sabem que o Senhor dos Exércitos nos tirou do Egito. E O QUE VÃO DIZER? QUE COMEÇASTE A TUA OBRA, MAS NÃO A TERMINASTE, E QUE NÃO TIVESTE FORÇA PARA CUMPRIR TUAS PROMESSAS. DEUS, O QUE ESTÁ EM JOGO AQUI É O TEU NOME!”.

AGORA VOCÊ DESCOBRIU POR QUE BOA PARTE DAS ORAÇÕES NÃO É ATENDIDA: PORQUE NÃO SE USA O ARGUMENTO CERTO COM DEUS. ALGUÉM O ABORDA E DIZ: “EU QUERO ISSO PORQUE QUERO”. E ELE DIZ: “E DAÍ?”. AGORA, QUANDO SE DIZ: “SENHOR, OUVE A MINHA ORAÇÃO, PORQUE, SE ISSO ACONTECER, A GLÓRIA SERÁ TUA E O TEU NOME SERÁ ENGRANDECIDO. AS PESSOAS VERÃO QUE TU ÉS DEUS”. ESSE É O MAIOR ARGUMENTO QUE SE PODE USAR PERANTE ELE. DEUS PREZA, ACIMA DE TUDO, A SUA GLÓRIA E O SEU PRÓPRIO NOME. Josué sabia disso, e é por isso que ele orou dessa maneira.

O relato é afinal, a demonstração da profunda tristeza e preocupação de Josué. Como homem público que era, ele se interessava mais do que qualquer outra pessoa por essa perda também pública. Deve ser tomado como exemplo para Príncipes, Reis e todos os homens notáveis. Ele deixa claro que se deve levar muito a sério a desgraça, que ocorreu com seu povo: ele também é um tipo de Cristo, para quem o sangue dos seus súditos é precioso (Salmos 72:14 NVI - Ele os resgata da opressão e da violência, pois aos seus olhos a vida deles é preciosa).

O modo como ele se angustiou: ele rasgou suas vestes (v. 6), como sinal de grande tristeza devido a essa desgraça pública, e especialmente ao temor que sentia com o desagrado de Deus. Se tivesse sido uma mera consequência da guerra, um general não se deixaria abalar; mas, quando Deus estava irado, era seu dever e honra sentir-se dessa maneira.

Um dos soldados mais corajosos de que se tem conhecimento reconheceu que seu corpo se arrepiou com o temor de Deus (Salmos 119:120). Como alguém que se humilhou debaixo da potente mão de Deus, ele se prostrou em terra sobre o seu rosto. Ele não achou que fosse qualquer descrédito ficar prostrado daquela forma perante o grande Deus, a quem ele dirigia esse sinal de reverência, ao voltar seus olhos para a arca do Senhor. Os anciãos de Israel, tendo interesse na causa e sendo influenciados pelo exemplo dele, prostraram-se com ele e, em sinal de profunda humilhação, deitaram pó sobre as suas cabeças, não apenas como pranteadores, mas como penitentes. ESTE É O RESPEITO QUE SENTIAM, AO MODO E CULTURA DA ÉPOCA, EM RELAÇÃO A DEUS NO SENTIDO DE NÃO TEREM OBTIDO SUCESSO E PENSAREM NÃO ESTAR REALIZANDO A VONTADE DE DEUS COMO DEVIAM. É UM SENTIDO IMPORTANTE E QUE MOSTRA A RESPONSABILIDADE COM QUE O CRISTÃO DEVE ABRAÇAR A OPORTUNIDADE DOS DIAS DE VIDA QUE TEM E COMO “FUNCIONA” NESTES DIAS.

Eles não tinham dúvida de que era por causa de algum pecado que Deus estava contendendo com eles (embora não soubessem o que era). Eles se humilharam diante de Deus, e dessa forma impediram o progresso da sua ira. Eles continuaram dessa forma até à tarde, para mostrar que NÃO ERA O RESULTADO DE UM SENTIMENTO REPENTINO, MAS EMANAVA DE UMA CONVICÇÃO profunda da sua miséria e do perigo de se Deus de alguma forma tivesse sido afrontado e pudesse se afastar deles.

JOSUÉ NÃO ACUSOU OS ESPIAS POR CAUSA DA INFORMAÇÃO ERRADA EM RELAÇÃO À FORÇA DO INIMIGO, NEM OS SOLDADOS PELA SUA COVARDIA, EMBORA TALVEZ AMBOS FOSSEM CENSURÁVEIS, MAS SEU OLHO ESTAVA VOLTADO PARA DEUS; porque há alguma maldade no acampamento que ele não a tenha feito? ELE RECONHECE QUE O SENHOR ESTÁ DESCONTENTE, E ISSO O PREOCUPA.

O modo como ele orou, antes até, rogou, humildemente examinando o caso com Deus, não mal-humorado, como Davi demonstrou ficar muitas vezes (quando a ira de Deus se acendeu contra Uzá), mas muito abalado. Seu espírito parecia agitado e desnorteado, mas não a ponto de deixar de orar por respostas, por orientação. Não deixa de ser uma forma de expressar um arrependimento por não servir como deveria. Em não usar as suas capacidades para dar frutos.

Agora Josué deseja que todos tenham ficado com as duas tribos no outro lado do Jordão (v. 7). Ele acha que teria sido melhor ter ficado lá com menos terra do que ser eliminado da terra. Isso cheira a descontentamento e desconfiança demais contra Deus, e não pode ser justificado, apesar de que a surpresa e desapontamento pelo que ocorreu possam desculpar em parte a sua atitude.

Estas palavras: porque, com efeito, fizeste passar a este povo o Jordão [...] para nos fazerem perecer?, são bastante parecidas com o que os murmuradores frequentemente dizem (Êx 14:11,12; 16:3; 17:3; Nm 14:2,3).

Mas aquele que examina o coração sabia que essas palavras vinham de um outro espírito, e, portanto, não foi severo em condenar suas palavras impróprias. Se Josué tivesse considerado que esse desalinho na sua missão de ocupação procedia de algo errado, que poderia ser facilmente corrigido e tudo colocado em ordem novamente (como ocorria com frequência nos tempos dos seus antecessores), ele não teria falado desse episódio como se estivessem sendo entregues nas mãos dos amorreus para os fazerem perecer. Deus sabe o que faz, embora nós não o saibamos. Mas DE UMA COISA PODEMOS ESTAR CERTOS, QUE ELE NUNCA FEZ E NUNCA FARÁ NENHUMA INJUSTIÇA CONTRA NÓS.

Ele fala como alguém que está um tanto confuso quanto ao significado desse acontecimento (v. 8): “Que direi, que compreensão posso ter disso, quando Israel, teu próprio povo, por quem realizaste coisas tão grandiosas ultimamente e a quem prometeste a posse plena dessa terra, quando eles viram as costas diante dos seus inimigos” (seus pescoços, esse é o significado da palavra), “quando eles não só fogem diante deles, mas caem diante deles e se tornam suas presas? Como vamos entender o poder divino? Será que o teu braço, Senhor, está encolhido? O que pensaremos da promessa divina? É a tua palavra realmente sim e não? Como devemos entender aquilo que Deus fez por nós? Será que tudo isso foi em vão?”

OS MÉTODOS DA PROVIDÊNCIA SÃO COM FREQUÊNCIA COMPLEXOS E DESCONCERTANTES, A PONTO DE OS HOMENS MAIS SÁBIOS E MELHORES NÃO SABEREM O QUE DIZER. MAS ELES O SABERÃO DEPOIS (Jo 13:7 NVI - Vocês vão falar com maldade em nome de Deus? Vão falar enganosamente a favor dele?).

Ele argumenta quanto ao perigo que Israel estava enfrentando, prestes a ser destruído. Ele entende que todos estão perdidos: “os cananeus nos cercarão, concluindo que agora nossas defesas inexistem e os ventos estão soprando a favor deles, e logo seremos tão desprezados quanto éramos temidos. Eles acabarão desarraigando o nosso nome da terra" (v. 9).

Dessa forma, MESMO HOMENS BONS, QUANDO AS COISAS ESTÃO CONTRA ELES, ESTÃO INCLINADOS A TEMER O PIOR, E CHEGAM A CONCLUSÕES MAIS SEVERAS DO QUE REALMENTE DEVERIAM CHEGAR. QUANTAS VEZES IMAGINAMOS COISAS TÃO NEGATIVAS QUE JAMAIS ACONTECERAM?

Mas então vem a súplica: “Senhor, não permitas que o nome de Israel, que tem sido tão precioso para ti e tão poderoso no mundo, seja eliminado”. Ele argumenta acerca do opróbrio que seria lançado contra Deus, e que, se Israel fosse destruído, sua glória seria afetada. Eles desarraigarão o nosso nome da terra, diz ele. Mas, como se tivesse corrigido a si próprio ao insistir nisso, não é de grande importância (pensa ele) o que virá a ser do nosso insignificante nome (a eliminação dele será uma perda pequena), MAS QUE FARÁS AO TEU GRANDE NOME. ISSO ELE LAMENTA COMO O GRANDE AGRAVANTE DESSA CATÁSTROFE. ELE TEMIA QUE ISSO PUDESSE PREJUDICAR A SABEDORIA E O PODER, A BONDADE E A FIDELIDADE DE DEUS. O
QUE DIRIAM OS EGÍPCIOS?

Nada é mais doloroso para uma alma graciosa do que a desonra feita ao nome de Deus. Isso também, ele insiste, é um apelo para o impedimento dos seus medos e para o retorno do favor de Deus. ESSA É A ÚNICA PALAVRA EM TODO O SEU DISCURSO QUE TRAZ CERTO ENCORAJAMENTO, E ELE CONCLUI COM ELA, INFERINDO ISTO: PAI, GLORIFICA O TEU NOME. O NOME DE DEUS É UM GRANDE NOME, ACIMA DE TODO NOME; E, INDEPENDENTEMENTE DO QUE ACONTEÇA, DEVEMOS CRER E ORAR QUE ELE OPERE EM FAVOR DO SEU PRÓPRIO NOME, PARA QUE NÃO SEJA PROFANADO.


ESSA TAMBÉM DEVERIA SER A NOSSA PREOCUPAÇÃO, MAIS QUE QUALQUER OUTRA COISA. NISSO DEVEMOS FIRMAR OS NOSSOS OLHOS COMO O FIM DE TODOS OS NOSSOS DESEJOS, E DISSO DEVEMOS EXTRAIR NOSSO ALENTO COMO O FUNDAMENTO DE TODAS AS NOSSAS ESPERANÇAS. NÃO PODEMOS RECOMENDAR UMA JUSTIFICATIVA MELHOR DO QUE ESSA: SENHOR, QUE FARÁS AO TEU GRANDE NOME? QUE DEUS SEJA GLORIFICADO EM TUDO, E ENTÃO ACOLHA A SUA PLENA VONTADE.

A sequência do pecado de Acã (parte 2) 

Josué 7 NVI
10 - O Senhor disse a Josué: “LEVANTE-SE! POR QUE VOCÊ ESTÁ AÍ PROSTRADO?
11 - ISRAEL PECOU. VIOLOU A ALIANÇA QUE EU LHE ORDENEI. Apossou-se de coisas consagradas, roubou-as, escondeu-as e as colocou junto de seus bens.
12 - Por isso os israelitas não conseguem resistir aos inimigos; fogem deles porque se tornaram merecedores da sua destruição. NÃO ESTAREI MAIS COM VOCÊS, SE NÃO DESTRUÍREM DO MEIO DE VOCÊS O QUE FOI CONSAGRADO À DESTRUIÇÃO.
13 - “VÁ, SANTIFIQUE O POVO! DIGA-LHES: SANTIFIQUEM-SE PARA AMANHÃ, POIS ASSIM DIZ O SENHOR, O DEUS DE ISRAEL: HÁ COISAS CONSAGRADAS À DESTRUIÇÃO NO MEIO DE VOCÊS, Ó ISRAEL. VOCÊS NÃO CONSEGUIRÃO RESISTIR AOS SEUS INIMIGOS ENQUANTO NÃO AS RETIRAREM.
14 - “Apresentem-se de manhã, uma tribo de cada vez. A tribo que o Senhor escolher virá à frente, um clã de cada vez; o clã que o Senhor escolher virá à frente, uma família de cada vez; e a família que o Senhor escolher virá à frente, um homem de cada vez. 
15 - AQUELE QUE FOR PEGO com as coisas consagradas será queimado no fogo com tudo o que lhe pertence. VIOLOU A ALIANÇA DO SENHOR E COMETEU LOUCURA EM ISRAEL!”

Lembramo-nos do que Josué questionou a Deus: "Qual é a razão disso?" (Josué 7:7) Deus disse-lhe: "Josué, levante-se do seu rosto. Não ore para mim agora. Há pecado no acampamento. Vá procurá-lo." Finalmente, depois de procurar por todas as fileiras de Israel, eles foram para Acã, sua família e Acã confessou.

Temos aqui a resposta de Deus à oração de Josué, que, podemos supor, veio do oráculo sobre a arca, diante da qual Josué havia se prostrado (v. 6). Aqueles que desejam conhecer a vontade de Deus devem dar ouvidos aos oráculos vivos de Deus e aguardar à porta da sabedoria pelas suas ordens (Pv 8:34 NVI - Como é feliz o homem que me ouve, vigiando diariamente à minha porta, esperando junto às portas da minha casa.).

E que aqueles que se encontram debaixo dos sinais do desagrado de Deus nunca reclamem dele, mas reclamem “a” Ele, e eles receberão uma resposta de paz. A resposta veio imediatamente, estando ele ainda falando (Is 65:24 NVI - Antes de clamarem, eu responderei; ainda não estarão falando, e eu os ouvirei.), como aconteceu com Daniel (Dn 9:20-ss.[1]).

Deus anima Josué no seu presente desânimo, e nas preocupações negras e melancólicas que ele tinha com a presente situação de Israel (v. 10): “Levanta-te! Não sofras nem desfaleças no teu espírito. Por que estás prostrado assim sobre o teu rosto?” Sem dúvida, Josué fez bem em humilhar-se diante de Deus, e prantear como fez, diante dos sinais do seu desagrado. Mas agora DEUS DEIXOU CLARO QUE BASTAVA. O SENHOR NÃO QUERIA QUE ELE CONTINUASSE NESSA POSTURA MELANCÓLICA, PORQUE ELE NÃO TEM PRAZER NA AFLIÇÃO DOS PENITENTES QUANDO AFLIGEM SUAS ALMAS ALÉM DO NECESSÁRIO PARA SEREM PERDOADOS E EXPERIMENTAREM A PAZ. OS DIAS DESSA TRISTEZA DEVEM ACABAR. SACODE O PÓ, LEVANTA-TE (IS 52:2A NVI - SACUDA PARA LONGE A SUA POEIRA; LEVANTE-SE).

Josué continuou seu lamento até à tarde (v. 6), tão tarde que não puderam fazer mais nada naquela noite para descobrirem o malfeitor, mas foram forçados a adiar essa situação até a manhã seguinte. Daniel (Dn 9:21) e Esdras (Ed 9:5-6) continuaram seu lamento somente até a hora do sacrifício da tarde. Isso trouxe novo alento a ambos. Mas Josué foi além do tempo estipulado, e, por essa razão, é dessa forma despertado: “Levanta-te, não fiques prostrado a noite toda”.

Também lemos que Moisés prostrou-se diante do Senhor 40 dias e 40 noites, para interceder por Israel (Dt 9:18). JOSUÉ DEVE SE LEVANTAR PORQUE TEM MAIS TRABALHO PARA FAZER DO QUE FICAR PROSTRADO ALI. A COISA AMALDIÇOADA DEVE SER DESCOBERTA E ELIMINADA, E QUANTO ANTES MELHOR. JOSUÉ É O HOMEM QUE DEVE TOMAR A DIANTEIRA DISSO, E, PORTANTO, ESTÁ NA HORA DE DEIXAR DE LADO SEU TRAJE DE LAMENTO E VESTIR SEU MANTO DE JUIZ, COBRIR-SE DE ZELO, COMO DE UM MANTO (Is 59:17 NVI - Usou a justiça como couraça, pôs na cabeça o capacete da salvação; vestiu-se de vingança e envolveu-se no zelo como numa capa.).

O CHORO NÃO DEVE IMPEDIR A SEMEADURA, NEM UM DEVER RELIGIOSO OCORRER EM DETRIMENTO DE OUTRO. CADA COISA É BONITA EM SUA ÉPOCA. Secanias talvez tivesse em mente esse aspecto pelo que disse a Esdras numa ocasião semelhante. (Esdras 10 NVI - 2Então Secanias, filho de Jeiel, um dos descendentes de Elão, disse a Esdras: “Fomos infiéis ao nosso Deus quando nos casamos com mulheres estrangeiras procedentes dos povos vizinhos. Mas, apesar disso, ainda há esperança para Israel. 3Façamos agora um acordo diante do nosso Deus e mandemos de volta todas essas mulheres e seus filhos, segundo o conselho do meu senhor e daqueles que tremem diante dos mandamentos de nosso Deus. Que isso seja feito em conformidade com a Lei. 4Levante-se! Esta questão está em suas mãos, mas nós o apoiaremos. Tenha coragem e mãos à obra!”).

No v. 11 Deus informa a Josué a causa de tudo aquilo diante de Ai. “NÃO PENSE QUE DEUS MUDOU DE OPINIÃO, QUE SEU BRAÇO ESTÁ ENCOLHIDO, QUE SUA PROMESSA FALHOU. NÃO, O MOTIVO É O PECADO, ESSE GRANDE PROMOTOR DE DESORDENS, QUE INTERROMPEU O FLUXO DOS FAVORES DIVINOS E CAUSOU ESSE MAL-ESTAR EM VOCÊS”. O pecador não é citado, embora o pecado tenha sido descrito, mas é visto como um ato cometido por Israel como um todo, até que encontrem a pessoa em particular, e tenham sido contristados segundo Deus e se mostrem puros neste negócio (2 Co 7:11 NVI - Vejam o que esta tristeza segundo Deus produziu em vocês: que dedicação, que desculpas, que indignação, que temor, que saudade, que preocupação, que desejo de ver a justiça feita! Em tudo vocês se mostraram inocentes a esse respeito.)

Eles haviam transgredido o concerto, um preceito expresso com um castigo acrescentado a ele. Houve um acordo em que Deus ficaria com todo despojo de Jericó e eles ficariam com o despojo do restante das cidades de Canaã. Mas ao roubar Deus, eles transgrediram esse concerto.

Eles até tomaram da coisa consagrada, em desrespeito à maldição que foi tão solenemente pronunciada contra aquele que se atrevesse a arrombar a propriedade de Deus, como se a maldição não tivesse nada de temível.

Eles também furtaram. Eles o fizeram clandestinamente, como se pudessem ocultar algo da onisciência divina, e estavam prontos a dizer: O Senhor não o verá (Salmos 94:7), ou não se incomodará com uma questão tão pequena de um despojo tão grande. Portanto, o Senhor não o verá (Salmos 50:21). Eles também mentiram. Provavelmente, quando a ação foi concluída, Josué chamou todas as tribos, e perguntou se quanto ao despojo tinham agido de acordo com a ordem divina, e cobrou deles, se soubessem de qualquer transgressão. Mas Acã se uniu ao restante afirmando inocência, mantendo sua compostura, semelhantemente à mulher adúltera, que come, e limpa a sua boca, e diz: Não cometi maldade (veja Pv 30:20).

E não somente isso, mas colocaram o anátema debaixo de sua bagagem, como se tivessem direito de posse disso, esperando nunca ser chamados para prestar contas, nem fazer qualquer tipo de restituição.

Embora Josué fosse um regente sábio e vigilante, não ficou sabendo de nada disso, até que Deus lhe contasse, aquele que conhece todas as maldades secretas que há no mundo, das quais os homens nada sabem. DEUS PODERIA TER CONTADO A JOSUÉ QUEM ERA A PESSOA QUE TINHA FEITO ISSO, MAS ELE PREFERIU NÃO FAZÊ-LO: (1) PARA EXERCITAR O ZELO DE JOSUÉ E DE ISRAEL, EM INVESTIGAR E ENCONTRAR O MALFEITOR. (2) PARA DAR AO PECADOR ESPAÇO PARA ARREPENDER-SE E CONFESSAR SEU PECADO. JOSUÉ, SEM DÚVIDA, PROCLAMOU PELO ACAMPAMENTO A TRANSGRESSÃO QUE TINHA SIDO COMETIDA. Se Acã tivesse se rendido e penitentemente tivesse reconhecido sua culpa e evitado o escrutínio, talvez tivesse a seu favor o benefício daquela lei que aceitava a oferta de transgressão, com restituição, daqueles que tinham pecado por ignorância nas coisas sagradas do Senhor (Lv 5:15-16). Mas Acã nunca revelou seu pecado até que a sorte o descobriu e evidenciou a dureza do seu coração. A partir daí, já não mais encontrou misericórdia.

POR MEIO DO ARREPENDIMENTO E DA RESTAURAÇÃO PESSOAL, DESTRUÍMOS O ANÁTEMA EM NOSSO PRÓPRIO CORAÇÃO, E, SE NÃO O FIZERMOS, NUNCA DEVERÍAMOS ESPERAR O FAVOR DO DEUS ABENÇOADOR. QUE TODOS OS HOMENS SAIBAM QUE SOMENTE O PECADO OS SEPARA DE DEUS, E, SE NÃO HOUVER ARREPENDIMENTO SINCERO E RENÚNCIA, ISSO OS SEPARARÁ ETERNAMENTE DE DEUS. NISTO O EXERCÍCIO CORRETO DO LIVRE ARBÍTRIO.

Deus mostra a Josué qual método deve usar para fazer essa investigação e instauração. 1. Ele deve santificar o povo, agora durante a noite, ou seja, ele deve ordenar ao povo: Santificai-vos para amanhã (v. 13). E o que mais os magistrados ou os ministros podem fazer em relação à santificação? Eles devem estar preparados para aparecer diante de Deus e submeter-se ao escrutínio divino. Eles devem examinar-se a si mesmos, agora que Deus estava vindo para examiná-los. Eles devem preparar-se para se encontrar com seu Deus. Eles foram chamados para santificar-se quando receberam a lei divina (Êx 19), bem como agora quando deveriam chegar diante do julgamento divino.

Nas duas ocasiões, Deus deveria ser tratado com o máximo de respeito. “Santificai-vos [...] porque [...] anátema há no meio de vós”, isto é, que todos os inocentes sejam cuidadosos em se purificar. O PECADO DOS OUTROS PODE SER APROVEITADO POR NÓS COMO INCENTIVO PARA A NOSSA SANTIFICAÇÃO, COMO O ESCÂNDALO DOS CORÍNTIOS INCESTUOSOS OCASIONOU UMA RESTAURAÇÃO ABENÇOADA NAQUELA IGREJA (2 Co 7.11). 2. Ele deve trazer todos para debaixo do escrutínio da “sorte” (v. 14). Primeiro precisava-se descobrir por sorteio a tribo da pessoa culpada, depois a família, depois a casa, e por último a pessoa.

A CONDENAÇÃO VEIO DE FORMA GRADUAL, PARA QUE A PESSOA PUDESSE TER TEMPO PARA VIR E RENDER-SE PESSOALMENTE. PORQUE DEUS NÃO QUER QUE ALGUNS SE PERCAM, SENÃO QUE TODOS VENHAM A ARREPENDER-SE (2 Pedro 3:9). O Senhor tomou a tribo, a família e a casa, sobre a qual caiu a sorte, porque a sorte se lança no regaço, mas do Senhor procede toda a sua disposição (Pv 16:33), e, EMBORA PAREÇA FORTUITO, ISSO OCORRE DEBAIXO DA DIREÇÃO DA SABEDORIA E JUSTIÇA DIVINAS. E para mostrar que quando o pecado encontra o pecador Deus deve ser reconhecido. É Ele quem os controla, e quando são apanhados isso ocorre em seu nome. Achou Deus a iniquidade de teus servos (Gn 44:16).

TAMBÉM FICA CLARO QUE O JULGAMENTO SERÁ CERTO E INFALÍVEL POR UM DEUS JUSTO. ELE SEPARARÁ O INOCENTE DO CULPADO, de modo que, ainda que por um tempo pareçam estar envolvidos na mesma condenação, como ocorreu com toda a tribo quando foi tirada a primeira sorte, o Senhor acabará apartando o precioso do vil (Jeremias 15:19 NVI - Assim respondeu o Senhor: “Se você se arrepender, eu o restaurarei para que possa me servir; se você disser palavras de valor, e não indignas, será o meu porta-voz. Deixe este povo voltar-se para você, mas não se volte para eles.). De modo que, ainda que o justo faça parte da mesma tribo, família e casa que o ímpio, ele nunca será tratado como o ímpio (Gn 18:25).


NAQUELA NOITE EM QUE JOSUÉ DISSE AO POVO QUE SE SANTIFICASSE E SE PREPARASSE, PORQUE DEUS MOSTRARIA QUEM HAVIA SIDO O PECADOR NA MANHÃ SEGUINTE, um pai de família reuniria a sua família na sua tenda e perguntaria a cada um de seus filhos: “Judá, foi você? Jacó, foi você? Levi? Vamos examinar o nosso coração”. AQUELA FOI UMA NOITE DE AUTOEXAME E DE SONDAR O CORAÇÃO, NOITE EM QUE OS ISRAELITAS SE COLOCARAM DIANTE DE DEUS FAZENDO A MESMA PERGUNTA QUE OS DISCÍPULOS FARIAM NA NOITE DA ÚLTIMA CEIA: “PORVENTURA, SOU EU, SENHOR?” (MT 26:22, ARA).


ERA JUSTAMENTE ISTO O QUE DEUS QUERIA: QUE O SEU POVO CLAMASSE POR UMA SONDAGEM NO PRÓPRIO CORAÇÃO E DESEJASSE SER BÊNÇÃO, E NÃO TROPEÇO, PARA A NAÇÃO DE ISRAEL; ELE QUERIA QUE TODOS SE HUMILHASSEM DIANTE DELE E ESTIVESSEM PRONTOS PARA SE ARREPENDER.

A acusação, a confissão e a execução de Acã (vv. 16-26) 

Depois da sequência desobediência, derrota, desespero em forma de oração e direção, é a vez da descoberta.

Josué 7 NVI
16 - Na manhã seguinte Josué mandou os israelitas virem à frente segundo as suas tribos, e a de Judá foi a escolhida.
17 - Os clãs de Judá vieram à frente, e ele escolheu os zeraítas. Fez o clã dos zeraítas vir à frente, família por família, e o escolhido foi Zinri.
18 - Josué fez a família de Zinri vir à frente, homem por homem, e Acã, filho de Carmi, filho de Zinri, filho de Zerá, da tribo de Judá, foi o escolhido.
19 - ENTÃO JOSUÉ DISSE A ACÃ: “MEU FILHO, PARA A GLÓRIA DO SENHOR, O DEUS DE ISRAEL, DIGA A VERDADE. CONTE-ME O QUE VOCÊ FEZ; NÃO ME ESCONDA NADA”.
20 - ACÃ RESPONDEU: “É VERDADE QUE PEQUEI CONTRA O SENHOR, O DEUS DE ISRAEL. O que fiz foi o seguinte:
21 - quando vi entre os despojos uma bela capa feita na Babilônia [em hebraico: capa de Sinear], dois quilos e quatrocentos gramas de prata e uma barra de ouro de seiscentos gramas [ou 200 siclos de prata e 50 siclos de ouro], eu os cobicei e me apossei deles. Estão escondidos no chão da minha tenda, com a prata por baixo”.
22 - Josué enviou alguns homens que correram à tenda de Acã; lá estavam escondidas as coisas, com a prata por baixo.
23 - Retiraram-nas da tenda e as levaram a Josué e a todos os israelitas, e as puseram perante o Senhor.
24 - Então Josué, com todo o Israel, levou Acã, bisneto de Zerá, e a prata, a capa, a barra de ouro, seus filhos e filhas, seus bois, seus jumentos, suas ovelhas, sua tenda e tudo o que lhe pertencia, ao vale de Acor.
25 - Disse Josué: “Por que você nos causou esta desgraça? Hoje o Senhor causará a sua desgraça”. E todo o Israel o apedrejou e depois apedrejou também os seus, e queimou tudo e todos eles no fogo.
26 - Sobre Acã ergueram um grande monte de pedras, que existe até hoje. Então o Senhor se afastou do fogo da sua ira. Por isso foi dado àquele lugar o nome de vale de Acor, nome que
permanece até hoje.

O que se passava na cabeça de Acã, quando, ao amanhecer, o povo todo se reuniu? “Josué deve estar blefando. Ele não tem como saber que fui eu! Se eu confessar o meu pecado, as consequências serão terríveis. Vou ficar no meu lugar e não vou dizer nada.” Daí é escolhida a tribo de Judá, e Acã sente a forca apertando. “Não, isso foi coincidência. Josué está jogando verde para colher maduro. Vou continuar na dureza do meu coração.” A família de Acã é escolhida, e ele sente o laço apertando cada vez mais. É como se Acã, vendo a coisa chegar cada vez mais perto, fosse um político brasileiro corrupto durante a Operação Lava-Jato.

Finalmente, foi escolhida a casa de seu pai, e Acã vê que não tem mais jeito, e, dentre os seus irmãos, é escolhido o seu nome. Nesse momento, ele cai em si. Acã foi pego. Foi surpreendido. Agora, não havia mais o que esconder, e, ao que parece, é naquele instante que toma consciência do que havia feito, e o seu coração se quebra. Eu digo isso porque, quando Josué o confronta, ele diz, no versículo 20: “Na verdade pequei contra o SENHOR, Deus de Israel. Foi isto o que fiz…”.

Sua confissão, daí em diante, mesmo que tenha sido causada pelo medo e vergonha, contém em si, a revelação da culpa, culpa própria, porque ele em nenhum momento tenta jogá-la a outrem. E nisso é possível, sim, enxergar arrependimento. Se ele não tivesse se arrependido, poderia até ter dito: “Olha, Josué, eu até pequei, mas a culpa é da minha mulher. Você devia ouvir o que ela fala o dia inteiro no meu ouvido: ‘Acã, olha como as mulheres dos outros soldados se vestem bem, e eu aqui vestida nesses trapos! Você não cuida de mim!’”. Ele também não culpou Josué: “Poxa, Josué, com o salário que você me paga, você queria o quê?”. Acã simplesmente assumiu a culpa. Quem está arrependido assume: “Eu pequei contra Deus! Fui eu! A responsabilidade é minha”.

A segunda indicação do arrependimento sincero de Acã é que ele disse com exatidão o que havia feito, onde estava o fruto do seu furto e com todos os detalhes.

MAS SERÁ QUE DEUS TEVE MISERICÓRDIA DE ACÃ? O que acontece dos versículos 22 a 26, é a disciplina divina que recaiu sobre Acã. Acor, em hebraico, significa “desgraça” ou “conturbação”, por causa da palavra de Josué: “Por que nos trouxeste desgraça?”. Uma vez descoberto o pecado, Acã tinha de enfrentar as consequências. Acredito que ele foi perdoado, porque a confissão dele foi sincera. O fato de Deus perdoar, no entanto, não quer dizer que ele nos livra das consequências do pecado, especialmente quando isso atinge a vida de outras pessoas, como foi o caso desse homem. Por causa do pecado dele, “cerca de trinta e seis” pais de família morreram.

Se a confissão de Acã era verdadeira, Deus o perdoou. Ele devia, no entanto, enfrentar as consequências de seu pecado, e é assim hoje também. Uma pessoa que foi apanhada em pecado pede perdão, e nós perdoamos, mas isso não quer dizer que ela não deva ser disciplinada e corrigida e que não necessite restituir aquilo que tomou ou destruiu. O fato de alguém pedir perdão não elimina a obrigação de reparar o erro.

Na lei do Antigo Testamento, o assassinato era castigado com a morte: olho por olho, dente por dente. O pecado de Acã matou “cerca de trinta e seis”; então ele deveria ser morto. A pena de morte, aqui, é executada contra ele e sua família. Por quê? Por dois motivos. O primeiro é porque, provavelmente, era impossível Acã guardar tudo aquilo em sua tenda sem a conivência da família. (E não foi um caso único na Bíblia: lembre-se da história de Ananias e Safira; ele tentou enganar o Espírito Santo acerca da venda de uma propriedade e a mulher foi cúmplice [At 5.1-10].) Em relação à punição dos filhos, está escrito que Deus castiga a impunidade dos pais nos filhos até a quarta geração, se os filhos andam nos caminhos dos pais. O segundo motivo pelo qual o Senhor agiu dessa forma com Acã e sua família foi a aliança dele com Israel.

SOMOS O POVO DE DEUS, E TUDO, ABSOLUTAMENTE TUDO, EM SUA CRIAÇÃO É SOLIDÁRIO. É INTERLIGADO.

Deus mandou que levantassem um montão de pedras em cima do local onde estavam os corpos, o que é algo muito estranho, porque geralmente fazemos monumentos e estátuas para destacar coisas boas, como uma inauguração, uma obra, uma vitória etc. Por que, então, Deus faria um monumento de pedras sobre o local em que uma família foi apedrejada e queimada porque o chefe dela trouxe desgraça para o seu povo?


DEUS NÃO QUERIA QUE SEU POVO SE ESQUECESSE DAQUILO. Dali a vinte ou trinta anos, um pai israelita, ao passar pela estrada de Jericó, em frente ao vale de Acor, seria questionado por seu filho: — Papai, o que significa esse monte de pedras? O pai então responderia: — Meu filho, vou lhe contar agora a história de Acã. Ela mostra que, se Deus é por nós, não adianta ninguém ser contra nós, mas mostra também que, se Deus estiver contra nós, estaremos perdidos. Essas pedras lembram que o nosso segredo é Deus conosco, e que só há uma coisa que coloca o Senhor contra nós: o pecado oculto. Por isso, nunca deixe de colocar a sua vida em ordem. Confesse os seus pecados e viva uma vida limpa diante de Deus. Aquele monumento, até onde sabemos, não existe mais. Contudo, não precisamos dele, pois a lição da história de Acã ficou gravada num monumento superior àquele feito de pedras. A história de Acã está na Bíblia para nos lembrar sempre do princípio de que dependemos de Deus em tudo!

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[1] Daniel 9 NVI - As Setenta Semanas – 20 - Enquanto eu estava falando e orando, confessando o meu pecado e o pecado de Israel, meu povo, e trazendo o meu pedido ao Senhor, o meu Deus, em favor do seu santo monte 21 - enquanto eu ainda estava em oração, Gabriel, o homem que eu tinha visto na visão anterior, veio voando rapidamente para onde eu estava, à hora do sacrifício da tarde. 22 - Ele me instruiu e me disse: “Daniel, agora vim para dar a você percepção e entendimento. 23 - Assim que você começou a orar, houve uma resposta, que eu trouxe a você porque você é muito amado. Por isso, preste atenção à mensagem para entender a visão: 24 - “Setenta semanas estão decretadas para o seu povo e sua santa cidade a fim de acabar com a transgressão, dar fim ao pecado, expiar as culpas, trazer justiça eterna, cumprir a visão e a profecia, e ungir o Lugar Santíssimo. 25 - “Saiba e entenda que, a partir da promulgação do decreto que manda restaurar e reconstruir Jerusalém até que o Ungido, o príncipe, venha, haverá sete semanas, e sessenta e duas semanas. Ela será reconstruída com ruas e muros, mas em tempos difíceis. 26 - Depois das sessenta e duas semanas, o Ungido será morto, e já não haverá lugar para ele. A cidade e o Lugar Santo serão destruídos pelo povo do governante que virá. O fim virá como uma inundação: guerras continuarão até o fim, e desolações foram decretadas. 27 - Com muitos ele fará uma aliança que durará uma semana. No meio da semana ele dará fim ao sacrifício e à oferta. E numa ala do templo será colocado o sacrilégio terrível, até que chegue sobre ele9.27 Ou sobre isso o fim que lhe está decretado”.



[1] Deuteronômio 7 NVI
As Nações Idólatras Serão Expulsas
1 - “Quando o Senhor, o seu Deus, os fizer entrar na terra, para a qual vocês estão indo para dela tomarem posse, ele expulsará de diante de vocês muitas nações: os hititas, os girgaseus, os amorreus, os cananeus, os ferezeus, os heveus e os jebuseus. São sete nações maiores e mais fortes do que vocês; 2 - e quando o Senhor, o seu Deus, as tiver dado a vocês, e vocês as tiverem derrotado, então vocês as destruirão totalmente. Não façam com elas tratado algum e não tenham piedade delas. 3 - Não se casem com pessoas de lá. Não deem suas filhas aos filhos delas, nem tomem as filhas delas para os seus filhos, 4 - pois elas desviariam seus filhos de seguir-me para servir a outros deuses e, por causa disso, a ira do Senhor se acenderia contra vocês e rapidamente os destruiria. 5 - Assim vocês tratarão essas nações: derrubem os seus altares, quebrem as suas colunas sagradas, cortem os seus postes sagrados e queimem os seus ídolos. 6 - Pois vocês são um povo santo para o Senhor, o seu Deus. O Senhor, o seu Deus, os escolheu dentre todos os povos da face da terra para ser o seu povo, o seu tesouro pessoal. 7 - “O SENHOR NÃO SE AFEIÇOOU A VOCÊS NEM OS ESCOLHEU POR SEREM MAIS NUMEROSOS DO QUE OS OUTROS POVOS, POIS VOCÊS ERAM O MENOR DE TODOS OS POVOS.
[2] CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado : versículo por versículo : Deuteronômio, Josué, Juizes, Rute, I Samuel, II Samuel, I Reis, volume 2. — 2. ed. — São Paulo : Hagnos, 2001, p. 900.
[3] Lucas 9 NVI
A Oposição Samaritana
51 - Aproximando-se o tempo em que seria elevado aos céus, Jesus partiu resolutamente em direção a Jerusalém. 52 - E enviou mensageiros à sua frente. Indo estes, entraram num povoado samaritano para lhe fazer os preparativos; 53 - mas o povo dali não o recebeu porque se notava que ele se dirigia para Jerusalém. 54 - Ao verem isso, os discípulos Tiago e João perguntaram: “Senhor, queres que façamos cair fogo do céu para destruí-los?”, como fez Elias? 55 - MAS JESUS, VOLTANDO-SE, OS REPREENDEU, DIZENDO: “VOCÊS NÃO SABEM DE QUE ESPÉCIE DE ESPÍRITO VOCÊS SÃO, POIS O FILHO DO HOMEM NÃO VEIO PARA DESTRUIR A VIDA DOS HOMENS, MAS PARA SALVÁ-LOS” 56 - E FORAM PARA OUTRO POVOADO.
[4] CHAMPLIN, Ibidem, p. 901.

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